Alegria espiritual
Para expressar alegria, contentamento, o homem precisa
fazer barulho, algazarra, ou assumir posturas exageradas
e até mesmo ridículas? Para mostrar que está feliz, é
preciso chamar a atenção a todo custo, muitas vezes
causando perturbação com a sua “alegria”?
É natural que as pessoas queiram compartilhar esses
sentimentos com seus afins, comungando emoções, criando
ou fortalecendo laços de amizade.
A questão é que para demonstrar alegria muitos entram em
estado eufórico e o veículo que usam para extravasá-la
são as bebidas fortes que destravam a língua; são os
fogos de artifício, rojões e petardos que explodem junto
com a agressividade; é a música em alto volume que faz
os outros ouvirem o que nem sempre querem; é a risadaria
escandalosa que no mais das vezes esconde carências
psicológicas. E uma série de comportamentos que, a
pretexto de descontração, incomodam e até prejudicam os
outros.
Grande parte das pessoas não está habituada a fruir seus
momentos felizes a não ser em ajuntamentos festivos e
barulhentos. Encara a alegria do ponto de vista
exclusivamente material e por isso não se satisfaz se
não obtiver compensação sensorial.
Se vivemos na Terra para educar sentidos e sentimentos,
nada mais necessário que refinarmos as expressões do
nosso mundo íntimo. A alegria espiritual difere muito
das satisfações puramente humanas.
Alegria verdadeira é a que perdura, a que incorpora em
nossa alma um contentamento inteiro nascido no coração,
formado de elevadas vibrações. É serena, tranquila e até
silenciosa.
Há pessoas que já conseguem se divertir e sentir prazer
lendo um bom livro, ouvindo música suave, contemplando
uma paisagem, trabalhando num jardim, auxiliando o
semelhante, e são muito felizes, não estando sozinhas
nunca porque criam relacionamentos saudáveis com as
emissões equilibradas do pensamento e das atitudes. Bons
homens e bons Espíritos lhes fazem companhia. Já outras
pessoas, só com barulho e agitação se sentem vivas.
Claro que há temperamentos mais expansivos que se
comunicam efusivamente. Contudo, não estão isentos de
suavizarem sua forma de sentir e se relacionar.
Mas o que quero dizer, afinal, é que a alegria que
demonstra o estado de felicidade de uma pessoa não
precisa necessariamente ser carregada de exagero, de
extravagância, de inconveniência, a ponto de causar
perturbação ou desequilíbrio.
Com o tempo e as experiências educativas que a vida
oferece, todos os homens compreenderão certas nuanças
que hoje são imperceptíveis para muitos, parecem mesmo
não existir ou não fazer nenhum sentido.