Estudando as obras
de Manoel Philomeno
de Miranda

por Thiago Bernardes

 

Entre os Dois Mundos

(Parte 10)


Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria de  Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco no ano de 2004.


Questões preliminares


A. Em face da internação hospitalar do Dr. Marco Aurélio, que fez o inimigo desencarnado que o obsidiava?

O inimigo especial do Dr. Marco Aurélio seguiu com ele à UTI, em razão dos profundos vínculos que os uniam e do seu persistente desejo de vingança. Frustrado, por não o haver levado ao crime, agravan­do-lhe a situação espiritual, comprazia-se, por outro lado, por tê-lo agora sob domínio quase total, em razão do des­trambelhamento da usina cerebral. (Entre os dois mundos. Capítulo 8: As atividades prosseguem.)

B. A terapia vigorosa utilizada no caso Marco Aurélio impressionou o autor desta obra. Fatos assim ocorrem com frequência?

A essa pergunta, o Mentor espiritual disse que o mundo es­piritual, na sua causalidade, é sempre o agente de todas as ocorrências que têm lugar no orbe terrestre. E explicou: “Direta ou indiretamente, as ações que daqui procedem refletem-se na esfera física, seja mediante a interferência dos espíritos desencarnados em aflição ou em estado de elevação, como também por consequência dos compromissos anteriormen­te assumidos. Assim sendo, podemos asseverar que a esfera física é o resultado da ressonância dos labores daqui procedentes”. (Entre os dois mundos. Capítulo 8: As atividades prosseguem.)

C. Em casos semelhantes ao de Marco Aurélio, os benfeitores espirituais podem conduzir o paciente rebelde a uma desencarnação antecipada?

Sim. Não são poucas as existências humanas que, para serem impedidas as sequências de dis­parates, têm o seu curso interrompido, assim beneficiando os espíritos rebeldes, teimosos e insanos. O mesmo ocorre em relação a alguns missionários do bem, que empolgados pelas realizações executadas, desviam-se um pouco do mi­nistério, passando a direcionar o trabalho para os impositivos dominantes na Terra. Objetivando-lhes a felicidade, são con­vocados ao retorno, mediante enfermidades breves, acidentes orgânicos ou não, de forma que não prejudiquem a obra re­alizada, impondo-lhe características pessoais. Muitos abne­gados trabalhadores da verdade, para a sua própria ventura, têm sido chamados de volta, antes do prazo estabelecido para a desencarnação. (Entre os dois mundos. Capítulo 8: As atividades prosseguem.)


Texto para leitura


99. As emoções experimentadas por D. Lucinda haviam sido muitas, re­dundando no agravamento do seu quadro, porque, logo depois, ela teve nova ruptura de capilares cerebrais. A médica encarregada de dar-lhe assistência, e que fora cha­mada, desde o momento em que o esposo foi removido, concluiu pela necessidade de conduzi-la também para a mesma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em que ele se encontrava inconsciente. (Entre os dois mundos. Capítulo 8: As atividades prosseguem.)

100. Outros familiares acorreram à residência agora em tu­multo decorrente das aflições que tomaram conta de todos. Os filhos, que despertaram mais lúcidos, foram acometidos de surpresa e dirigiram-se ao hospital, onde tiveram notícias da situação muito grave em que se encontravam os genitores. Sacudidos pelo choque, puseram-se a repassar os acontecimentos da sua atribulada existência, reflexionando, talvez, pela primeira vez, sobre a família, os laços de respei­to, de amor e de consideração pelos pais, laços esses que eles haviam rompido... (Entre os dois mundos. Capítulo 8: As atividades prosseguem.)

101. Antes, porém, da transferência de dona Lucinda para o hospital, o Benfeitor providenciou uma limpeza psíquica na residência infestada pelas presenças espirituais pernicio­sas, expulsando os insensatos e perversos desencarnados, com a ajuda da equipe socorrista, que vibrava intensamente amor e dis­ciplina, orando em silêncio, de forma que pudessem criar proteção especial para eles mesmos. Não foi difícil realizar o serviço, embora os espíritos mais recalcitrantes e perversos, experimentando os choques que lhes eram dirigidos, se afas­tassem blasfemando e ameaçando. O inimigo especial do Dr. Marco Aurélio seguiu com ele à UTI, em razão dos profundos vínculos que os uniam e do seu persistente desejo de vingança. Frustrado, por não o haver levado ao crime, agravan­do-lhe a situação espiritual, comprazia-se, por outro lado, por tê-lo agora sob domínio quase total, em razão do des­trambelhamento da usina cerebral. (Entre os dois mundos. Capítulo 8: As atividades prosseguem.)

102. Num momento, que lhe pareceu próprio, Manoel Philomeno interrogou o prestimoso Mentor: “Ainda não me houvera ocorrido que procedesse do mundo espiritual uma terapia tão vigorosa, quanto a que fora aplicada no aturdido advogado. Isso acontece com frequência?” Sempre afável, ele respondeu: “Miranda, não devemos esquecer que o mundo es­piritual, na sua causalidade, sempre é o agente de todas as ocorrências que têm lugar no orbe terrestre. Direta ou indiretamente, as ações que daqui procedem refletem-se na esfera física, seja mediante a interferência dos espíritos desencarnados em aflição ou em estado de elevação, como também por consequência dos compromissos anteriormen­te assumidos. Assim sendo, podemos asseverar que a esfera física é o resultado da ressonância dos labores daqui procedentes”. (Entre os dois mundos. Capítulo 8: As atividades prosseguem.)

103. Feita ligeira pausa, o Mentor concluiu: “No caso em tela, como ocorre com outros de corres­pondente conteúdo, o amor de Deus adota a terapia da compaixão, dificultando a prática de atos ignóbeis por meio de distúrbios orgânicos naquele que marcha para um destino inditoso. Todos são beneficiados com impedimentos à prá­tica do mal, nada obstante, têm a liberdade de realizá-la ou não oportunamente, não sendo impedidos na sua decisão. O nosso amigo tem sido vítima de si mesmo, em ra­zão dos deslizes do passado, como dos prejuízos morais do presente. No entanto, induzido pelos agentes do mal, que deveria ter conquistado para a renovação e a paz, permitiu­-se conduzir pelas suas insinuações, infelizmente compa­tíveis com os resíduos da própria conduta, avançando no rumo de desastres imprevisíveis... Como a Lei Divina é de Amor, embora também de Justiça, mas nunca de vingança ou de impiedosa cobrança dos erros praticados, sempre in­terfere mediante recursos inesperados. Para os transeuntes do corpo, essas terapias salvadoras parecem desgraças, por somente verem o lado material da existência, enquanto que, em realidade, são salvadoras”. (Entre os dois mundos. Capítulo 8: As atividades prosseguem.)

104. Dentro desse raciocínio, podem os benfeitores espi­rituais conduzir os pacientes rebeldes a uma desencarnação antecipada? Em resposta, o Mentor informou: “Sem qualquer dúvida! Não são poucas as existências humanas que, para serem impedidas as sequências de dis­parates, têm o seu curso interrompido, assim beneficiando esses espíritos rebeldes, teimosos e insanos. O mesmo ocorre em relação a alguns missionários do bem, que empolgados pelas realizações executadas, desviam-se um pouco do mi­nistério, passando a direcionar o trabalho para os impositivos dominantes na Terra. Objetivando-lhes a felicidade, são con­vocados ao retorno, mediante enfermidades breves, acidentes orgânicos ou não, de forma que não prejudiquem a obra re­alizada, impondo-lhe características pessoais. Muitos abne­gados trabalhadores da verdade, para a sua própria ventura, têm sido chamados de volta, antes do prazo estabelecido para a desencarnação...”. (Entre os dois mundos. Capítulo 8: As atividades prosseguem.)

105. Surpreendido com a resposta do Mentor, Manoel Philomeno perguntou: “E o restante do tempo? Como ficará?” Com afabilidade, o amigo espiritual explicou: “Recordemo-nos da Parábola dos trabalhadores da última hora, narrada por Jesus. Os últimos chamados rece­beram o mesmo salário oferecido àqueles que foram convo­cados antes e se dedicaram ao trabalho por mais tempo. A questão não se reduz ao período largo ou breve da realização edificante, já que não existe uma fatalidade a respeito da hora para a desencarnação das criaturas, mas um momento relativamente determinado. O importante é o que se realiza em profundidade e não o tempo aplicado na sua execução. Se o lidador do dever produziu aquilo que lhe fora progra­mado, quando, ao invés de aprimorar o trabalho ameaça-o com a própria interferência, merece ter interrompida a ação, por amor e respeito ao seu ministério. É, portanto, um ato de caridade para com ele. O restante do tempo que deve­ria propiciar-lhe mais ensejo de realizações fica transferido para outra oportunidade, quando então dará prosseguimen­to ao compromisso que sempre deve ser melhorado”. (Entre os dois mundos. Capítulo 8: As atividades prosseguem.)

106. Estimulado pela indagação, Germano tam­bém interrogou: “O Dr. Marco Aurélio possui méritos para ser detido, já que se vem entregando, cada dia mais, às potências das trevas?” Eis a resposta: “Sim, não me refiro a méritos recém-adquiridos, mas àqueles que resultam das disposições iniciais para a iluminação, do esforço envidado nos primeiros tempos, nas boas realizações conseguidas no começo... Nada fica olvidado na Contabilidade Divina. O bem que se faz é semente de luz atirada na direção do futuro. Mesmo que o semeador se envolva com sombras, se prossegue a caminhada, defrontará a claridade que atirou no rumo do amanhã. Recordemo-nos que foram insistentes os seus esfor­ços iluminativos na juventude, diversas as práticas edifi­cantes e muitas pessoas que se tocaram pelas suas palavras dando direção correta à existência. Não obstante havendo fracassado no prosseguimento do dever, não desapare­cem os bons resultados da obra realizada até aquele ins­tante”. (Entre os dois mundos. Capítulo 8: As atividades prosseguem.)

107. Segundo o Mentor, providências dessa natureza permitem ao espírito reflexionar e arrepender-se das atitudes incorretas, já que o distúrbio é somente do corpo pelo qual se movimenta, mantendo-se, porém, lúcido, de modo que pode recompor a paisagem mental, recuperando-se ou não do transtorno fisiológico. Seja, porém, como for, sempre retornará à esfera espiritual menos comprometido, com melhor disposição para os futuros compromissos e vacinado contra si mesmo, sua inferioridade, suas paixões amesquinhantes... “Não somente a caridade se expressa quando resolve difi­culdades nossas, senão, também, quando nos convoca a mais acuradas e profundas reflexões propiciadas pelo sofrimento” – acrescentou o amigo espiritual. (Entre os dois mundos. Capítulo 8: As atividades prosseguem.)

108. Da casa de Lucinda, a equipe socorrista dirigiu-se à UTI do hospital, a fim de prestar assistência a dona Lucinda. Quando ali chegou, a movimentação de encarna­dos e de desencarnados era muito grande. Predominavam as atividades dos espíritos, especialmente os sofredores, os perturbadores, os vingativos... Mesclando-se com suas torpes programações, igualmente destacavam-se nobres entidades interessadas no auxílio aos seus pupilos, aos seus acompanhantes, dedicadas ao bem geral e inspiradoras de médicos, enfermeiros, servidores outros que trabalhavam naquele nosocômio, de familiares aflitos. O grupo dirigiu-se imediatamente à Unidade de Emer­gência, que se encontrava lotada por habitantes do plano espiritual, e acercou-se do leito da paciente, que houvera piorado gravemente. A respiração entrecortada não era suficiente para irri­gá-la do oxigênio necessário, embora o auxílio de aparelho apropriado. Os batimentos cardíacos permaneciam irregu­lares, conforme apresentava o monitor acima da cabeceira da cama, o mesmo ocorrendo com os ciclos cerebrais. Havia todo um descontrole orgânico quase generalizado. Apesar de assistida por dedicada profissional que lhe examinava a pressão arterial, aplicando medicamento específico para equilibrá-la, podia-se constatar que as suas resistências com­balidas não venceriam a noite. (Entre os dois mundos. Capítulo 8: As atividades prosseguem.)

109. O Benfeitor examinou-a detidamente e elucidou: “O choque experimentado foi superior à sua capaci­dade de resistência emocional e orgânica. Embora ela esti­vesse programada para retornar um pouco mais tarde, será recambiada, logo mais, para o nosso plano”. Nesse momento, a sogra espiritual também chegou, e anunciou, jovialmente: “Lucinda já sorveu a sua taça de amargura. Não tem mais dívidas, por enquanto, a resgatar e, por isso mesmo, recebê-la-emos entre nós, dentro de alguns minutos”. Dito isso, aproximou-se da enferma, que lhe pareceu identificar a presença, em razão do estremecimento que lhe percorreu todo o corpo dominado pela paralisia e respirou um pouco mais aliviada, enquanto a veneranda Entidade lhe acariciava o chakra coronário, beneficiando-a suavemente. Logo depois, voltou-se para o Dr. Arquimedes e fa­lou, tomada de justa alegria: “Pode dar início ao seu processo de desligamento do corpo físico, querido amigo”. (Entre os dois mundos. Capítulo 8: As atividades prosseguem.) (Continua no próximo número.) 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita