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por Ricardo Orestes Forni

 
Nota dez


Estava diante de um grupo no Centro espírita e resolvi fazer uma pergunta a alguns companheiros presentes.

Atribuí uma nota após a resposta de cada um. Vamos fazer essa prova agora? Então, vamos lá.

Diante de alguém que tenha nascido cego ou que tenha perdido a visão em virtude de alguma doença ou acidente, o que você teria a dizer a essa pessoa para poder consolá-la de alguma maneira? O companheiro a quem a pergunta foi direcionada respondeu dizendo que o atingido pela perda da visão deveria ter fé em Deus que haveria de auxiliá-lo através de pessoas de bom coração. Disse mais: que o Pai nunca falta a nenhum dos seus filhos e que não devemos perder a confiança Nele por mais dura seja a nossa provação.

Nota dez dei a ele sem titubear!

À outra pessoa presente perguntei o que ela teria a falar a um pai de família em situação financeira difícil para arcar com as despesas do seu lar? A resposta também não se fez esperar: auxiliá-lo materialmente no que fosse possível e procurar infundir-lhe esperança para que   tivesse confiança em Deus porque dias melhores haveria de vir, assim como na natureza, depois de uma tempestade, vem a calmaria, conferindo a tranquilidade suficiente para reparar o que tenha sido destruído. Que esse pai continuasse trabalhando e confiando em Deus.

Conferi a essa resposta a nota dez!

Dirigi-me em seguida a outro presente e perguntei o que ele teria a dizer para consolar a alguém que tivesse perdido um braço ou uma perna devido a uma enfermidade ou acidente. A pessoa imediatamente respondeu que diria ao atingido pela fatalidade que não esmorecesse porque a vida não havia acabado. Que a Providência Divina abria duas janelas àquele a quem uma porta fosse fechada. Que essa pessoa receberia o auxílio dos Espíritos amigos através de encarnados de boa vontade.

Novamente fui obrigado a atribuir outra nota dez!  

Simulei após essas questões enunciadas uma outra: que alguém faria junto ao lar de uma pessoa a quem a morte visitou e instalou a dor pela separação do ente amado. Da mesma forma que das vezes anteriores a resposta foi de auxiliar levando o consolo através de uma visita fraterna falando sobre a imortalidade da alma ao lar atingido.

Tive que conferir outra nota dez!

Por fim, perguntei aos demais presentes se concordavam com as sugestões apresentadas às diversas situações e todos foram unânimes em confirmar a aprovação.

Dei nota dez também aos demais componentes da plateia.  

Agora, antes de continuar, gostaria que você também atribuísse uma nota a você mesmo.

Para isso, passemos as orientações de Chico Xavier, encontradas no livro Lições de Chico Xavier de A a Z, página 347, 1ª edição, LEEEP: “Recomendamos resignação ao companheiro sem pernas, mas praguejamos ao tropeçar. Pedimos aceitação ao companheiro cego, mas nos irritamos com um cisco no olho. Mencionamos resgate ao companheiro sem braços, mas esbravejamos com uma batida de cotovelo. Lecionamos economia ao companheiro que vive com salário mínimo, mas fazemos greve quando nosso aumento demora. Receitamos calma ao companheiro surdo, e nos desesperamos quando perdemos a audição por algumas horas. Pedimos paciência ao companheiro mudo, e nos afligimos quando ficamos afônicos.

Quando visitados pela provação, deveríamos seguir os bons conselhos que traçamos para os outros, não é mesmo?”

Com esse pequeno trecho de Chico de imensa sabedoria e verdade, pergunto qual foi a sua nota?

O pequeno cisco quando se instala em nosso olho nos retira o sossego e bom humor, mas a trave que nosso semelhante carrega no olho dele é motivo de nossa orientação em direção à paciência, à resignação, à confiança na bondade Divina.

Se os Espíritos superiores avaliassem nossas reações e condutas enquanto na jornada terrestre, qual seria a nota que eles atribuiriam a cada um de nós?

E tem mais uma pergunta: se a nota de nossos semelhantes não é a máxima porque sabemos muito bem como reagimos diante dos problemas da existência, o que temos feito de nossa parte para que a nota deles melhore? Não é isso que tentam incansavelmente os Espíritos superiores fazer por meio das mensagens de orientação e consolo que constantemente nos enviam?

Pense em suas notas depois das verdades que Chico deixou nas poucas linhas que citamos anteriormente.

Pensou? Agora responda para você mesmo o que tem feito para sair da nota E ou D para um magro C ainda nesse ano letivo representado pela nossa atual reencarnação.

Será que dá para passar de ano?

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita