Simplesmente Chico...
Francisco Cândido Xavier
nasceu em Pedro
Leopoldo, uma cidade
encravada no interior de
Minas Gerais, em 2 de
abril de 1910.
Desencarnou em 30 de
junho de 2002, dia em
que a seleção brasileira
de futebol foi
pentacampeã mundial.
Mais de 90 anos,
portanto, de existência
física que, diga-se,
muito bem vivida.
Não tive o prazer de
conhecer pessoalmente
Chico Xavier, meu
contato com o médium
mineiro deu-se, sempre,
pela sua literatura.
Mas, apesar de nunca ter
recebido um abraço de
Chico, sentia-me e ainda
me sinto seu amigo.
Penso que é assim com a
maioria das pessoas.
Chico extrapolou as
barreiras da religião e
tornou-se um amigo do
mundo.
Aliás, almas como Chico
Xavier desconhecem
barreiras, muros,
impedimentos, porquanto
constroem pontes para
que as pessoas venham
até elas, ou melhor,
almas como Chico vão até
as pessoas,
principalmente as que
sofrem.
Eis sua maior alegria:
reviver o evangelho e
consolar os que choram.
O Chico cidadão e o
Chico cristão -
Chico Xavier tornou-se
cidadão do mundo porque
foi adotado pelos
milhares de pessoas
beneficiadas por seus
exemplos de
desprendimento e amor.
Seu nome possuía (e
ainda possui) uma
credibilidade fantástica
conquistada pelas suas
atitudes autenticamente
cristãs, por isso
extrapolou as barreiras
da religião e ganhou
admiradores nos mais
diversos credos.
Certa vez assisti a uma
entrevista que o padre
Fábio de Melo concedeu à
entrevistadora Marília
Gabriela, em seu
programa no SBT (Sistema
Brasileiro de
Televisão).
Entre os inúmeros
assuntos abordados, o
padre narrou um
pitoresco fato
envolvendo uma fiel que
o procurou para falar
acerca de um problema
grave.
A beata estava
preocupada com a
repercussão do
centenário de nascimento
do médium Chico Xavier.
Filmes, reportagens e
matérias pertinentes à
vida do mineiro de Pedro
Leopoldo, na opinião da
senhora, exercem
perniciosa influência na
sociedade. Portanto,
defensora da moral e dos
bons costumes, buscou o
sacerdote para que ele,
quem sabe, aceitasse
comandar uma iniciativa
dos padres contra a
avalanche Chico Xavier.
O padre Fábio de Melo
tranquilizou-a,
afirmando:
- Por que levantarmos
vozes contra Chico
Xavier, uma figura que
exemplificou o amor,
sensível, e que dedicou
toda sua vida ao
semelhante? Não há razão
para isso. Embora eu não
seja reencarnacionista,
admiro o cidadão Chico
Xavier, sua
sensibilidade…
O padre Fábio de Melo é
apenas um dentre os
inúmeros admiradores de
Chico...
No entanto, para
divulgar a vida do
mineiro do século é
preciso andar com muito
cuidado para não limitar
a obra de Chico Xavier.
Imperioso admitir a
impossibilidade de
retratar sua história
riquíssima nesta pequena
matéria. Obras e obras
foram escritas e filmes
produzidos sobre sua
jornada no mundo e,
indubitavelmente,
nenhuma delas conseguiu
esgotar o assunto Chico
Xavier, tamanha a
magnitude de suas
lições.
E, diante da
multiplicidade de
adjetivos e mensagens
deixadas pelo médium
mineiro, vale a pena
destacar, como disse
acima o padre, o Chico
cidadão e o cristão.
Apenas duas facetas das
inúmeras que possui esse
homem notável.
O Chico cidadão foi
aquele que ao longo da
existência demonstrou a
importância de acreditar
no Brasil e não perder a
fé no ser humano. O
Chico cidadão visitou
presídios, famílias em
dificuldade financeira,
multiplicou o Bem,
restituiu esperança e
distribuiu o progresso
material e espiritual.
O Chico cristão soube
respeitar as diferenças,
amar os críticos e
seguir fielmente as
lições evangélicas no
que concerne ao “Dai de
graça o que de graça
recebestes”. Psicografou
mais de 400 livros e
doou todos os direitos
autorais. Poderia ser
milionário, mas
eticamente não se
apoderou de um
patrimônio, o qual,
segundo ele mesmo, era
obra dos Espíritos.
Chico e o lenitivo aos
que sofrem a dor da
saudade -
Chico foi o consciente
intermediário das
inteligências invisíveis
e, claro, o lenço de
Deus a enxugar as
grossas lágrimas de
familiares e mães
desesperadas pela
partida de seus afetos.
Dessas mensagens de
alento aos desvairados
corações surgiram livros
que refletem com
fidelidade a continuação
da vida. São inúmeros,
mas destacamos: “Estamos
Vivos”, publicado pelo
Instituto de Difusão
Espírita – IDE –, obra
esta portadora da
história de jovens que
tiveram o desencarne
brutal em acidente
automobilístico,
chocando, naturalmente,
toda a família e a
população de Frutal
(MG), cidade onde
residiam, isto no ano de
1985.
O livro mostra que a
vida rompe os corredores
escuros de uma morte que
nos foi ensinada como um
arcabouço sombrio e
torturante.
Além de confortar a
família dos jovens pelas
cartas escritas contando
particularidades
conhecedoras apenas dos
familiares, a obra
instrui e ensina,
comprovando a
imortalidade da alma.
Coloco-me a pensar na
dor e dificuldade dos
familiares em encarar o
desencarne de seus
amores; são momentos de
angústia, aflição,
desalento e impotência,
porquanto a morte,
quando não analisada sob
o prisma da continuação
da vida, traz consigo o
sentimento de
impotência, fazendo-se
soberana onde o servo ou
o senhor, o obtuso ou o
inteligente, o são ou o
doente são obrigados a
aceitar inapelavelmente
seus insondáveis
desígnios.
O Espiritismo nesse
mister desempenha nobre
e esclarecedor papel: o
papel de consolar e
mostrar o caráter
temporário da separação.
Sim, para nós espíritas
a ideia do reencontro
com os amores que nos
precederam na grande
viagem é comum, todavia
nem todos têm esse
conhecimento. Não que
para ter conhecimento da
continuação da vida seja
necessário abraçar a
causa kardequiana,
porquanto a realidade da
vida que rasga o véu da
morte é uma verdade e,
como verdade, cedo ou
tarde manifestar-se-á
nas consciências e
corações de todos, sem
que seja preciso estar
nesta ou naquela
religião.
Porém, forçoso admitir
que o Espiritismo traz
em seus princípios o
papel de consolar;
porquanto consolar
significa encorajar a
prosseguir, enxugando
lágrimas e alegrando a
jornada daqueles que
estão em situação de
desânimo, de modo a
tornar menos penosa a
partida e menos aguda a
saudade dos amores
colhidos pela ventania
da morte do corpo
físico. E Chico cumpriu
com maestria a missão de
consolar. A obra citada
acima é apenas uma
dentre tantas do médium
mineiro.
Por tudo isso, em
qualquer local ou
situação em que
estivermos, acariciemos
em pensamento Chico
Xavier, mandando-lhe
boas vibrações, pois ele
fez muito pelo ser
humano...
E como gosta de falar
nosso querido Richard
Simonetti fazendo alusão
a uma famosa frase de
Einstein sobre Mahatma
Gandhi: - As gerações
futuras, diz Richard,
terão dificuldade em
conceber que um homem
como Chico Xavier passou
por nós...
Que Deus ilumine os
caminhos do médium
mineiro... e o nosso
também... |