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por Rogério Coelho

 

O dourado esquife da miséria


Os ecônomos infiéis estão aprisionados no cárcere que para si mesmo talharam

"Não ajunteis tesouros na Terra..." - Jesus. (Mt., 6:19)

 

Pululam os escândalos argentários em nossa sociedade movida ao cruel talante da plutocracia, enquanto a corrupção grassa infrene em quase todas as áreas da atividade humana, onde os recursos que deveriam ser canalizados para a saúde, para a educação, para a habitação e áreas de assistência social são açambarcados pela insaciável sanha das desmedidas ambições de uns poucos ecônomos infiéis.  Todos os dias a mídia revela esses tristes episódios...

O féretro da miséria desfila incessante, e os "mortos na carne e espírito" jazem em seus esquifes dourados de indigência moral.

Em O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, item 24, Delfina de Girardin alinha uma série de situações, aparentemente felizes que, na verdade, não o são, dizendo que "(...) a infelicidade é a alegria, é o prazer, é o tumulto, é a vã agitação, é a satisfação louca da vaidade, que fazem calar a consciência, que comprimem a ação do pensamento, que atordoam o homem com relação ao seu futuro".

Qual será o futuro dos atuais fraudadores? Como será que despertarão (se é que despertarão) no Mundo Espiritual? Em que condições ressurgirão das cinzas tumulares?

Para essas criaturas dementadas, diz Emmanuel: "(...) a existência reduz-se ao culto do azinhavre e do mofo, acreditando-se indenes à passagem do tempo que lhes senhoreia os dias e lhes corroem os tesouros.

Enquanto os ricos de simplicidade e de amor se entregam à refeição feliz que o suor do dever retamente cumprido converte em saboroso repasto, aqueles infelizes sentam-se quase sempre sozinhos, à mesa da penúria que arrastam, roendo o pão endurecido que reservaram à própria fome, a fim de não serem desfalcados os vinténs envenenados que ajuntaram.

Espiam-nos malfeitores impiedosos que lhes aguçam a bolsa oculta, tentando furtar-lhes a vida, e seguem-nos os milhafres do fisco, neles antevendo a presa fácil, enquanto a inveja e o despeito lhes contemplam, embevecidos, a lamentável loucura, estudando as possibilidades de pilhagem.

São mendigos que se escondem na furna da aflição e do desencanto, usurários soterrados na própria miséria; autoflageladores da própria alma que gemem sob a treva de que se nutrem, dementados e infelizes...

(...) Ressurgirão, por fim, da morte, possuídos pela estreiteza dos planos inferiores da existência que levaram e jamais possuirão, além-túmulo, a alegria triunfante da vida vitoriosa", enviscados que estão, em ambos os planos da vida, na própria desdita, levando ao ombro o esquife dourado da miséria, ilhados nas sombras em que se lhes circunscreve o entendimento, cristalizados na solidão e aprisionados no cárcere que para si mesmo talharam.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita