Um minuto
com Chico Xavier

por Regina Stella Spagnuolo

 

Chico não podia mais ficar à toa. Precisava ajudar a família. Em março de 1933, Chico se despediu de José Álvaro Santos e, sozinho, tomou o rumo da Central do Brasil. Enquanto esperava o trem para Pedro Leopoldo, foi surpreendido por dois amigos de seu ex-anfitrião. Traziam uma ótima notícia: ele estava empregado.

O rapaz se lembrou do pai, da pobreza, dos irmãos e sentiu vontade de abraçar os dois. Quase chegou à euforia quando ouviu as outras boas novas: teria os estudos pagos no melhor colégio da cidade e ainda receberia dinheiro extra para ajudar em casa. Havia apenas uma condição: Chico deveria assumir a autoria de Parnaso de Além-Túmulo e negar a existência dos espíritos durante duas palestras, uma no auditório da Escola Normal e outra no Teatro Municipal.

O rapaz murchou. Mas ainda teve fôlego para reagir:

- Não posso mentir para mim mesmo. Ouço a voz de minha mãe, escrevo poemas que não são meus. Como posso renegar a verdade?

Chico, você conhece um passarinho chamado sofrê?

- Não!

O sofrê é um pássaro que imita os outros. Você nasceu com a vocação desse passarinho entre os poetas. Não acredite em espíritos. Esses poemas que você julga psicografar são seus, somente seus.

Nesse momento, Emmanuel apareceu com um de seus trocadilhos:

- Sim, volte a Pedro Leopoldo e procuremos trabalhar. Você não é um sofrê, mas precisa sofrer para aprender.

O rapaz voltou para casa e foi recebido por um pai inconformado. João Cândido encheu a boca para chamar o filho de ingrato. Chico já esperava aquela reação. Correu para o armazém de José Felizardo Sobrinho, refugiou-se atrás do balcão e sentiu até certo entusiasmo em cortar toucinho para os fregueses e varrer o chão! (Continua.)


 

Do livro As Vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita