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por Anselmo Ferreira Vasconcelos

  
Manipulação genética e Espiritismo


Um grande efeito científico foi alcançado recentemente e que merece algumas considerações. Trata-se da eliminação de uma doença genética – a cardiopatia hipertrófica que é gerada pela mutação do gene denominado de MYBPC3 – em embriões. Pesquisadores da Universidade do Oregon, nos Estados Unidos, realizaram o experimento que, basicamente, consistiu em injetar no ovócito – célula que dá origem ao óvulo – o espermatozoide defeituoso juntamente com uma substância, isto é, a CRISPR-Cas9. Esta tem, a seu turno, a capacidade de quebrar a sequência em que está situada a mutação.

Por meio desse procedimento, conforme constataram os cientistas da Faculdade de Saúde e Ciência da referida universidade, o defeito genético é corrigido espontaneamente. Em decorrência, então, as células iniciam o processo de multiplicação desprovidas do erro que herdariam. Dos 58 embriões que foram testados, 72% não apresentaram quaisquer sinais de mutação indicando, assim, estar completamente saudáveis. Tal resultado foi interpretado como exitoso e um passo considerável para a humanidade.

Antes de avançar, cumpre destacar que o CRISPR-Cas9 é uma técnica de edição genética. Ou seja, ela tem capacidade de, grosso modo, refazer o DNA em locais específicos. É pertinente lembrar que é código genético (DNA) determina as características da espécie. Desse modo, o método em questão apresenta a possibilidade de reparar as falhas em embriões obtidos por meio de fertilização in vitro (laboratório). O sucesso obtido com esse experimento abre possibilidades extraordinárias de obtenção de cura para mais de 10.000 doenças, segundo as primeiras estimativas, ativadas por mutações herdadas tais como câncer de mama, Huntington, Alzheimer, fibrose cística, entre outras.

Por outro lado, há enormes “desafios científicos, legais e éticos” à frente, conforme ressaltou um artigo da revista Veja. Na Europa há quinze países que se negam a aceitar iniciativas - diferentemente dos EUA - que visem “mudar a linha germinal humana”, segundo a publicação. A questão é que a manipulação genética desperta sentimentos desencontrados. De um lado, acena com possibilidades fascinantes, mas de outro evoca receios ligados às “fantasias eugênicas”. No entanto, é inegável que o caso de Louise Brown, recorda a autora do artigo, a primeira bebê de proveta do mundo nascida em 1978, na Inglaterra, pavimentou o caminho para a utilização do CRISPR-Cas9.

O Espiritismo, por sua vez, tem uma posição muito clara sobre esse tema. Nesse sentido, o Espírito Vianna de Carvalho, na obra Atualidade do Pensamento Espírita (psicografia de Divaldo Franco), argumenta que “Não é lícita, portanto, a manipulação genética em animais – exceção feita, quando se tem por objetivo melhorar a qualidade da raça, evitando-lhe a fragilidade e as enfermidades que decorrem do meio ambiente ou de fatores hereditários – nem em criaturas humanas, sem graves consequências para a sociedade” (ênfase nossa).

Reitera ainda o mentor que “O homem tem o direito e o dever de investigar sempre, a fim de que o progresso não fique paralisado nas conquistas logradas. No entanto, quando as experiências extrapolam a capacidade de controle do ser humano, as Leis de Deus, mediante fenômenos naturais, impedem-lhe o avanço e permitem que acontecimentos inesperados, desastrosos, demonstrem a insensatez daquele que se ergue à condição de semideus”.

Então, cabe-nos desejar que a finalidade e a intenção de tais iniciativas jamais se desviem do caminho do bem para que não descambem em bizarrices complexas de se corrigir. Enquanto a Terra se situar na condição de mundo imperfeito, também abrigará almas do mesmo jaez. Desse modo, são absolutamente válidos os esforços voltados ao aperfeiçoamento do lacre físico, como também mais ainda são as lutas interiores para a evolução da alma reencarnada. Esta demanda o entendimento de que “... para que a vida humana se expresse plenamente, é indispensável a presença do Espírito cujo órgão modelador é o perispírito, que estimula as células conforme as necessidades de natureza cármica, obedecendo à Lei moral de causa e efeito”.   

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita