A
leitora Amanda Santos, em mensagem publicada na seção de
Cartas desta edição, escreveu-nos:
Se o
livro Nos Domínios da Mediunidade diz sobre a
psicofonia inconsciente: "A psicofonia, em seu caso, se
processa sem necessidade de ligação da corrente nervosa
do cérebro mediúnico à mente do hóspede que o ocupa”,
por que sempre é dito que a mediunidade é constituída
mente a mente?
Não
existe incompatibilidade entre as informações contidas
na obra de André Luiz e os estudos publicados por Allan
Kardec, que nos apresenta uma síntese do tema em sua
obra intitulada O Livro dos Médiuns, cap. XIX,
item 225, do qual apresentamos, linhas abaixo, um
pequeno resumo. Conquanto o texto citado se refira à
psicografia, é claro que seu conteúdo se aplica ao
fenômeno da psicofonia e da incorporação, quer o
comunicante se expresse pela escrita, quer se comunique
pela fala.
Qualquer que seja a natureza dos médiuns, não variam
essencialmente os processos de comunicação entre os
Espíritos e nós. Segundo Erasto e Timóteo, que assinam a
mensagem transcrita por Kardec, eles se comunicam com os
médiuns da mesma forma que se comunicam com os outros
Espíritos, ou seja, tão só pela irradiação do
pensamento.
Seus
pensamentos não precisam da vestidura da palavra, para
serem compreendidos pelos outros Espíritos: basta que
lhes dirijam esses pensamentos e eles serão assimilados,
embora existam Espíritos que, em virtude do seu limitado
adiantamento, não consigam perceber pensamentos que
outros compreendem perfeitamente. O mesmo fenômeno se dá
na relação do comunicante com os médiuns. Uns são mais
aptos à compreensão da mensagem, enquanto outros não o
são, e é devido a isso que o processo toma, às vezes,
outra forma.
Chamamos a atenção para estes trechos do texto a que nos
reportamos:
"Assim, quando encontramos em um médium o cérebro
povoado de conhecimentos adquiridos na sua vida atual e
o seu Espírito rico de conhecimentos latentes, obtidos
em vidas anteriores, de natureza a nos facilitarem as
comunicações, dele de preferência nos servimos, porque
com ele o fenômeno da comunicação se nos toma muito mais
fácil do que com um médium de inteligência limitada e de
escassos conhecimentos anteriormente adquiridos.
Vamos fazer-nos compreensíveis por meio de algumas
explicações claras e precisas. Com um médium, cuja
inteligência atual, ou anterior, se ache desenvolvida, o
nosso pensamento se comunica instantaneamente de
Espírito a Espírito, por uma faculdade peculiar à
essência mesma do Espírito. Nesse caso, encontramos no
cérebro do médium os elementos próprios a dar ao nosso
pensamento a vestidura da palavra que lhe corresponda e
isto quer o médium seja intuitivo, quer semimecânico, ou
inteiramente mecânico.
Essa
a razão por que, seja qual for a diversidade dos
Espíritos que se comunicam com um médium, os ditados que
este obtém, embora procedendo de Espíritos diferentes,
trazem, quanto à forma e ao colorido, o cunho que lhe é
pessoal. Com efeito, se bem o pensamento lhe seja de
todo estranho, se bem o assunto esteja fora do âmbito em
que ele habitualmente se move, se bem o que nós queremos
dizer não provenha dele, nem por isso deixa o médium de
exercer influência, no tocante à forma, pelas qualidades
e propriedades inerentes à sua individualidade.
[...]
Efetivamente, quando somos obrigados a servir-nos de
médiuns pouco adiantados, muito mais longo e penoso se
torna o nosso trabalho, porque nos vemos forçados a
lançar mão de formas incompletas, o que é para nós uma
complicação, pois somos constrangidos a decompor os
nossos pensamentos e a ditar palavra por palavra, letra
por letra, constituindo isso uma fadiga e um
aborrecimento, assim como um entrave real à presteza e
ao desenvolvimento das nossas manifestações.
Por
isso é que gostamos de achar médiuns bem adestrados, bem
aparelhados, munidos de materiais prontos a serem
utilizados, numa palavra: bons instrumentos, porque
então o nosso perispírito, atuando sobre o daquele a
quem mediunizamos, nada mais tem que fazer senão
impulsionar a mão que nos serve de lapiseira, ou caneta,
enquanto que, com os médiuns insuficientes, somos
obrigados a um trabalho análogo ao que temos, quando nos
comunicamos mediante pancadas, isto é, formando, letra
por letra, palavra por palavra, cada uma das frases que
traduzem os pensamentos que vos queiramos transmitir.” (O
Livro dos Médiuns, cap. XIX, item 225.)
Em
resumo, a transmissão mediúnica se faz pela irradiação
do pensamento, mas em muitos casos necessita ser
reforçada por outras medidas, fato que explica as
diferentes maneiras pelas quais uma mensagem de origem
espírita, escrita ou falada, chega até nós.
André Luiz e Léon Denis são alguns dos autores que se
dedicaram a explicar as nuanças dos mecanismos da
mediunidade, complementando de certo modo os estudos
feitos pelo codificador da doutrina espírita.
Sobre as informações contidas no livro Nos Domínios
da Mediunidade, de André Luiz, e as diferenças entre
psicofonia consciente e inconsciente, sugerimos à
leitora e aos demais interessados que leiam o texto
publicado nesta mesma seção na edição 417 de nossa
revista. Para acessá-lo,
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