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Nena Galves: “Que o Espiritismo seja divulgado
de maneira correta” |
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Espírita desde 1956, natural e residente em São Paulo,
Encarnação Blasques, nossa entrevistada de hoje, é mais
conhecida como Nena Galves (foto).
Vinculada ao Centro Espírita União – CEU (que completou
50 anos de inauguração da sede em 2017, na capital
paulista), do qual é fundadora e dirigente dos trabalhos
espirituais, Nena Galves viveu longamente com Chico
Xavier, como nos conta na entrevista seguinte.
Quando e como foi fundado o Centro Espírita União?
Em 18 de dezembro de 1965, durante uma das visitas a
Uberaba, que já realizávamos desde 1959, Chico
psicografou uma mensagem de Dr. Bezerra de Menezes, na
qual ele nos incentivava a retornar ao trabalho
espírita, abandonado por nós havia algum tempo depois de
vários tropeços. Ele nos orientava para que nos
reuníssemos – eu e o Galves – no mesmo horário, todos
os dias, num diálogo fraterno, estudando a doutrina
espírita. Numa nova mensagem psicografada por Chico,
Bezerra informava que o novo núcleo já estava formado no
mundo espiritual. Em 5 de abril de 1967 foi inaugurada a
sede do Centro Espírita União, num imóvel pequeno que a
família havia recebido de herança dos avós de Galves, no
bairro do Jabaquara. O nome também foi sugestão de Dr.
Bezerra, para representar a aliança dos ensinamentos de
Jesus e Kardec, o Mestre e o Discípulo. Aos poucos os
amigos e colaboradores foram chegando. Uma tarefa assim
não poderia ficar apenas nas mãos de duas pessoas.
Sendo hoje uma instituição que congrega também uma
editora e distribuidora de livros espíritas, como é sua
condução administrativa, pois que vai além da atividade
doutrinária propriamente dita?
Desde o início, somente a condução espiritual do Centro
ficou sob minha responsabilidade. A parte
financeira/administrativa ficou por conta de Galves,
hoje auxiliado pela nossa filha Roseli Galves. A
livraria, a distribuidora e a editora estão num outro
imóvel, que nos foi presenteado pelo Chico na região
central da cidade (Avenida Rangel Pestana,233). Ali é
uma casa comercial, uma empresa, que tem seus empregados
(não são voluntários) e obrigações. É de lá que provém a
maioria dos recursos financeiros para o trabalho
assistencial realizado no Centro e para a atividade de
divulgação do Espiritismo, por exemplo: o programa de
tevê Vida além da Vida (TV Aberta). O lucro
da livraria, portanto, é aplicado na casa espírita e em
função da divulgação do Espiritismo.
Quantos títulos a editora tem publicado? Todos são da
psicografia de Chico Xavier?
Temos 71 livros (65 psicografados por Chico Xavier) e 3
DVDs da Editora CEU.
No caso dos títulos da psicografia de Chico Xavier, há
dados de quantos exemplares já editados pela
instituição?
Acima de um milhão de exemplares dos
títulos psicografados por Chico já foram editados.
Mensalmente, também, distribuímos aproximadamente 30 mil
mensagens impressas sobre temas diversos, psicografadas
por Chico. Elas correm o mundo todo através da
distribuição gratuita da livraria às casas espíritas,
via Correio. É um trabalho permanente de divulgação da
doutrina como Chico sempre nos ensinou, realizado por um
grupo de voluntários no Centro Espírita União.
Comente conosco como começaram as visitas anuais do
médium à instituição. E esta atividade consistia de
lançamentos de livros e também de psicografias e
atendimentos?
No mês de outubro de cada ano, Chico Xavier comemorava
conosco a data de nascimento de Allan Kardec, ocorrido
em 3 de outubro de 1804, em Lyon, na França. Fazia-se
uma prece, lia-se um trecho do Evangelho e, enquanto
realizávamos os comentários, Chico psicografava lindas
mensagens. Esses festejos se prolongavam até a madrugada
e havia lançamento de obras psicografadas pelo médium,
editadas pelo CEU. Chico a todos beijava e consolava. A
primeira aconteceu no Clube Atlético Juventus, uma noite
que foi por nós patrocinada. A partir de 1977, quando se
comemoraram também os 50 anos de mediunidade de Chico,
esses encontros memoráveis começaram a ser realizados na
sede do Centro Espírita União. Em média, mais de 1.500
pessoas participavam e ficavam em longas filas madrugada
adentro para cumprimentar Chico.
Durante aqueles anos todos, o que mais lhe marcou a
memória da convivência com o médium?
O carinho que tinha com todos e a disciplina que
apresentava como médium, respeitando os espíritos,
enaltecendo a obra de Kardec. Eram feitos a ele os
pedidos mais diversificados e ele nunca os menosprezava.
“Não cabe a nós medir a dor alheia”, dizia.
Que gostaria de destacar aos leitores acerca dos ensinos
colhidos junto ao médium?
Chico deixou a nós inúmeros exemplos e muitos conselhos
para que pudéssemos permanecer firmes na obra que
construímos com a orientação espiritual que tivemos. A
primeira: fidelidade a Jesus e a Kardec. A segunda: que
o centro procurasse ter sempre independência financeira,
não criasse vínculos com instituições para ser livre na
sua divulgação doutrinária. Chico nos ensinou a
trabalhar na tarefa espírita.
E o acervo reunido na instituição? De que se constitui?
Como foi formado?
São objetos, títulos, roupas, livros, homenagens e
fotografias que Chico deixava conosco quando vinha a São
Paulo. Tudo sempre ficou em seu quarto, na nossa
residência. Quando Chico desencarnou, tivemos a ideia de
levar esse material para o Centro Espírita União, até
porque essa herança não pertencia à nossa família, mas
ao mundo espírita, e esse acervo deveria ser conhecido
por outras pessoas.
Ele está aberto à visitação? Em caso positivo, quais os
horários e dias disponíveis e contatos para tal
iniciativa?
O acervo é aberto para visitação, por meio de
solicitação de agendamento através do e-mail ceu@ceu.com.br.
Dos 50 anos do Centro Espírita União, o que, a seu ver,
mais sobressai?
O atendimento aos necessitados de consolo espiritual e
caridade material, aos que se interessam pelo
conhecimento e esclarecimento do Espiritismo em sua
pureza doutrinária, respeitando-se acima de tudo a obra
codificada por Allan Kardec. Nesses 50 anos, o Centro
Espírita União continua atuando da mesma forma como nos
foi orientada pela Espiritualidade, com apoio de
Emmanuel e do nosso patrono Dr. Bezerra Menezes.
De suas lembranças na experiência de vida e de prática
espírita, o que mais lhe surge vivo à memória?
Aprendi que no convívio com o nosso próximo, trocando
valores e experiências, nos enriquecemos mutuamente,
evoluindo e servindo cada vez mais.
Fale-nos da participação de seu marido nesse contexto
todo.
Eu nunca entendi de finanças, sou péssima em números,
mas Galves sempre foi um comerciante, então era claro
que a livraria ficasse sob sua responsabilidade, porque
necessitava dessa experiência que eu não tinha. Também a
minha mediunidade e a minha tarefa no centro foram-se
ampliando. Então os espíritos souberam nos direcionar de
acordo com nossas aptidões.
Suas palavras finais.
Quem divulga o Espiritismo somos nós, os espíritas, com
palavras e ações. Sendo assim, que seja ele divulgado de
maneira correta, com bons exemplos, conhecimento e
honradez, com fidelidade a Jesus e a Kardec. O
Espiritismo é novo e cabe a esta geração atual a
responsabilidade de dar continuidade ao Espiritismo
Cristão com a pureza como ele foi codificado, com o
mesmo devotamento e carinho, como fizeram seus
pioneiros.
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