Brasil
por Carlyne Paiva

Ano 11 - N° 542 - 12 de Novembro de 2017


 

Divaldo Franco recebe em São Paulo o Colar de Honra ao Mérito Legislativo


A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, no dia 2 de outubro de 2017, concedeu a Divaldo Franco a mais alta honraria da casa: o Colar de Honra ao Mérito Legislativo. A petição, assinada por 95 deputados, foi idealizada por Washington Nogueira Fernandes e concretizada pelo deputado Ramalho da Construção, que é também nobre trabalhador da Federação Espírita do Estado de São Paulo.

Estiveram presentes à sessão solene diversas autoridades; entre elas: vereadora Adriana Ramalho, Antonio Cesar Perri de Carvalho, ex-presidente da Federação Espírita Brasileira e da USE, Cecília Gonçalves, Edson Sardano, secretário de segurança de Santo André (SP), Fernando de Freitas, deputado Itamar Borges, Jonas Pinheiro, presidente da Associação do Desenvolvimento Espiritual do Reencontro, José Alberto Ernani Gonçalves, Júlio Martins, representando o deputado Antonio Salim, Mariano Fernandes, Pastor João Rodrigues, da Igreja Assembleia de Deus, Rosana Amado Gaspar, representando Júlia Nezu, presidente da USE - União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, Silvia Cristina Puglia,  Silvia Márcio Barbosa, representando o desembargador Nilson Fernandes, Waldir Beira Junior, presidente do conselho da Sociedade Espírita de Proteção à Infância, e Zulmira da Conceição Hassesian, presidente da FEESP.

Após o Hino Nacional e a abertura da sessão, presidida pelo deputado Ramalho da Construção, a senhora Silvia Puglia elevou o pensamento através de uma belíssima e emocionante oração, na qual mostrou, aos presentes, que a homenagem era necessária e educativa para o fomento ao Bem.

Zulmira da Conceição Hassesian, convidada a subir à tribuna, corroborou que esta era uma homenagem justa e honrosa pela obra no Bem, pois Divaldo tem dedicado sua vida a confortar seres necessitados, seja material, seja espiritualmente.

Rosana Amado Gaspar, representando a USE, lembrou que Divaldo é realmente um semeador de estrelas, pois por onde passa deixa rastros e brilho de amor. Em sua fala, também reforçou as características de desprendimento que possui o homenageado.

Logo após o Colar ter sido entregue pelo deputado Ramalho da Construção e sua esposa, os presentes foram convidados a ouvir a verve de Divaldo Franco, sendo este aclamado e aplaudido em pé pelo público, como um inspirado pregador das multidões que ele o é.

A fala de Divaldo Franco – O orador, em sua grandiosidade, transferiu a homenagem recebida ao Espiritismo, uma Doutrina Libertadora, já anunciada por Jesus Cristo quando prometeu o Consolador que viria enxugar as lágrimas e comunicar boas novas. Doutrina essa que ofereceu ao médium e orador objetivos existenciais, iluminando e trazendo-o à luz da razão e estendendo-lhe mãos generosas para amar e servir.

Sua magnífica oratória, que a todos envolveu, iniciou-se evocando o modelo de Mohandas Karamchand Gandhi, como exemplo da excelência do Amor, que teve seu pensamento logrado ao libertar a Índia sem qualquer derramamento de sangue. “Se um único homem atingir o mais alto grau de amor, será suficiente para neutralizar o ódio de milhões”, afirmou o orador.

Para Victor Frankl, toda vida deve ter um sentido psicológico, sendo que Jung também corrobora esse pensamento, afirmando que uma existência não possuidora de sentido psicológico é uma vida vegetativa.

Divaldo Franco salienta que, através da Doutrina Espírita, conseguiu atingir um sentido psicológico para a sua existência, utilizando-se do lema “Fora da caridade, não há salvação”. E reflexiona: trabalhar no Bem não é uma virtude, mas um dever, pois ter uma vida ética é uma conquista do processo antropsicológico da criatura humana.

Divaldo alerta que a humanidade vive um dos momentos mais difíceis da era moderna, uma época de crise social, defluente da perda dos valores éticos e morais, muito bem definida pelo teólogo e psicólogo americano Dr. Rollo Reece May. Este elucida que o ser humano, da era cibernética, vive num período difícil por causa de três fatores que não foram cuidados devidamente: o individualismo, o sexismo e o consumismo.

Para trazer aos ouvintes uma melhor compreensão sobre o assunto, Divaldo fez uma breve abordagem histórico-social do entendimento humano sobre Deus, a partir do Iluminismo. O indivíduo, que conseguiu a comunicação virtual, pôde penetrar no macrocosmo, descobrir os buracos negros e a luz negra, viajar na direção às micropartículas e detectar o Bóson de Higgs. Não tendo uma maneira de expressar a diferença entre energia e matéria, define esse Bóson como sendo a partícula de Deus. Isso trouxe um esclarecimento especial à mentalidade do materialismo dos séculos XVII e XVIII, quando o pensamento iluminista abriu as portas para a revolução cultural, à revolução industrial e, na atualidade, à revolução cibernética. Hoje, o ser humano pode aprofundar o que era mistério ontem e ter a percepção de uma realidade que transcende a qualquer percepção imaginativa. Com isso, tem-se uma maior facilidade de compreensão da grandeza de Deus, pois a física quântica assevera que essa partícula existe, provando-a matematicamente. “Ser a partícula de Deus é fascinante!”, afirma Divaldo Franco.

Bacon e uma elite de pensadores se divorciaram, no século XVII, da fé cega para se deterem diante da razão, o que levou, na data de 5 de novembro de 1792, em Notre Dame, o pensador dizer a 15 mil pessoas presentes que, se Deus era a razão,  não se tinha mais por que acreditar em Deus, preparando, talvez, terreno para Nietzsche  proclamar, mais tarde, que Deus havia morrido. Esse desvio de cultura descobriu a razão e deu a ciência ao homem, do empirismo à tecnologia, para que pudesse encontrar o motivo lógico da existência e eliminar a possibilidade remota, vazia e mitológica de que foi criado do nada. Quando se apresentou a teoria a respeito do Big Bang, como sendo a origem de tudo, já que antes não havia nada, deparou-se com um paradoxo: o nascimento de um universo a partir de duas partículas. Ora, se antes não havia nada, é provável que tenha havido outros universos e é possível que ainda outros mais existirão.

É impressionante notar que cientistas, neste momento de crise, façam a sua viagem de volta a Deus para relatar que o universo não é fruto de um acaso, mas de uma causalidade absoluta.

Allan Kardec, na primeira pergunta d’ O Livro dos Espíritos, retira o caráter antropomórfico ao indagar “Que é Deus”, em vez de “Quem é Deus?”, como até então fora feito. A resposta dos Espíritos – “É a inteligência suprema do universo, causa primeira de todas as coisas” – ajudará a filosofia a pensar, a partir do século XIX, que Deus é a causa “incausada” do universo.

Este mesmo momento de crise é, todavia, capaz de produzir perspectivas e esperanças, pois a sociedade tem progredido através das crises, visto que a própria palavra, originária do grego krisis, significa a véspera do progresso.

A crise moral que vivenciamos apresenta-se, porém, muito mais grave, porque não é uma crise internacional, mas da criatura humana, do vazio existencial. Uma sociedade que cultivou o existencialismo em detrimento da solidariedade e estabeleceu o prazer como meta, deixando à margem a felicidade, tende a empurrar o ser humano a mecanismos psicológicos de fuga, como o consumismo. Mas nada de fora preenche a solidão de dentro. O sentimento de paz e harmonia não pode ser comprado pelos valores terrestres. Ele necessita ser elaborado pela moral do indivíduo, propondo o Self em primazia às necessidades do Ego.

Divaldo aponta como exemplo de crise a cidade do Rio de Janeiro, transformada, em sua violência urbana, num campo de batalha, mesmo o Brasil estando em paz sob o ponto de vista civil. Ressalta, também, que a UNESCO havia programado para o ano de 2000 um memorando, em seis itens, um dos quais seria voltar à solidariedade, o que equivale dizer que em alguma época, as pessoas eram solidárias, mas, agora, estão solitárias. 

Quando o indivíduo iniciar a transformação ética para melhor, a crise acabar-se-á. Para isso, é necessário que o ser humano realize uma viagem interior em busca de plenitude, voltando-se aos valores do Evangelho de Jesus e descobrindo seus objetivos psicológicos através de uma autoanálise.            

Divaldo propõe o autoperdão: não se deve guardar mágoa de si mesmo, pois o indivíduo é um ser em processo de evolução de consciência. O perdão deve-se iniciar no próprio indivíduo, com a proposta desafiadora de Jesus Cristo: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. O autoamor, então, sai das páginas da velha teologia punitiva para conceder a grandeza racional de que o indivíduo merece viver e ser feliz na Terra, não apenas aguardando o reino dos céus, que será consequência dos atos terrestres. Quando o ser humano compreende seu erro tem a oportunidade de se reabilitar. E se a pessoa tem o direito de ser como é, também tem o dever de perdoar, respeitando aquilo que o próximo ainda está conquistando.

O perdão não significa, porém, conivir com o ato indigno do outro. Do ponto de vista psicológico, perdoar é não devolver a ofensa, mas também não é aceitar a ofensa de maneira indigna, porque um erro é sempre um erro e o problema é do errado. Hoje o perdão já não é mais teológico e sim psicoterapêutico: quem perdoa, goza de saúde, é livre, maduro, capaz de entender que se deve ter tolerância para com o outro. Mesmo que este não se compadeça com o perdão, o indivíduo merece livrar-se do sentimento mau que inculcou em seu pensamento. Olhar para o outro desarmado e ter a coragem de visualizar alguém que se pode libertar da pequenez.

Jesus desceu aos mais miseráveis e não se fez pequeno. O indivíduo necessita da paz que advém da mente que cumpre o dever, da emoção que aceita a verdade e do corpo que se prepara para servir.

Dessa maneira extraordinária, Divaldo Franco encerrou sua oratória naquele plenário, emocionando a todos com suas reflexões sobre paz, amor e perdão, baseadas no Evangelho de Jesus Cristo, na Doutrina Espírita e na Psicologia, e assim conquistou a aclamação dos presentes, que se levantaram para as palmas entusiastas e prolongadas.

Após a palestra de Divaldo Franco, a vereadora Adriana Ramalho fez uma breve saudação, agradecendo ao médium e orador espírita, dizendo-se emocionada. Para ela, pode-se enganar qualquer pessoa, até a si mesmo, mas a Deus, que é ímpar, apesar das diversidades de religiões, jamais, pois Ele conhece o que vai no coração de cada indivíduo. Encerrou sua fala dando o testemunho de seu pai, deputado Ramalho da Construção, que , diagnosticado com câncer, teve em Jesus e na Federação Espírita do Estado de São Paulo amparo e consolo para passar por esta prova.

 

Texto: Carlyne Paiva.

Fotos: Edgard Patrocínio.
 


 

     
     

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