Entre os Dois
Mundos
(Parte 14)
Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial
do livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria
de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por
Divaldo P. Franco no ano de 2004.
Questões preliminares
A. O fracasso de Laércio teve alguma relação com sexo?
Com o sexo
indisciplinado, sim, pelo qual deixou arrastar-se,
desrespeitando o lar que lhe era sagrado, quando se
encontrava no auge da programação espiritual. Seus
inimigos, impossibilitados de arrastá-lo à queda,
aproximaram do seu lar uma parenta portadora de muita
beleza física e sensualidade, que experimentava
dificuldades matrimoniais e fora recentemente abandonada
pelo consorte. Insinuante e dependente das sensações do
sexo mal conduzido, ela – inspirada pelos adversários de
Laércio – passou a acalentar desejos lascivos em relação
a ele e, pouco tempo depois, terminou por arrastá-lo ao
leito do adultério, embora a confiança que em ambos
depositava a esposa. (Entre
os dois mundos. Capítulo 11: O fracasso de Laércio.)
B. Que consequências resultaram do comportamento leviano
de Laércio?
Enredado nos fluidos do desejo, hipnotizado pelo prazer
e fascinado pelo gozo, Laércio entregou-se à luxúria e
ao conforto que ela podia proporcionar-lhe, fugindo ao
convívio da família, onde não mais parecia encontrar
bem-estar ou alegria. Passados, porém, os primeiros
tempos de desequilíbrio, distante da família e
sentindo-se perdido, resolveu-se pela separação legal
da esposa e, depois, da infeliz companheira que o
arrastou ao tombo, passando a cultivar pensamentos
perturbadores, telementalizado pelo adversário soez que
o espreitava. Lentamente foi-se deixando vencer,
sentindo-se indigno de prosseguir na tribuna e na
imprensa com a sua contribuição, mantendo somente os
compromissos como educador desestimulado, a fim de
atender aos impositivos da lei junto aos familiares,
desaparecendo de circulação. (Entre
os dois mundos. Capítulo 11: O fracasso de Laércio.)
C. Podemos afirmar que a vingança, além de constituir
uma enfermidade da alma, é portadora de grande perigo
para quem a pratica?
Sim. É exatamente isso
que José Petitinga disse, no curso da doutrinação, ao
implacável obsessor de Laércio. Segundo ele, à
semelhança da oxidação, da ferrugem que corrói o metal e
o esmigalha com o tempo, instala-se nos tecidos sutis da
mente e termina por destroçá-los. Seus efeitos são,
portanto, devastadores. (Entre
os dois mundos. Capítulo 12: Terapia desobsessiva.)
Texto para leitura
132. O Dr.
Arquimedes pediu a Germano, que também houvera sido
médico em sua última jornada terrestre, que examinasse
o paciente. Após alguns minutos de cuidadosa observação,
o nosso companheiro concluiu pelo diagnóstico da
enfermidade desgastante que o consumia, ao lado da
exploração das energias de que era vítima pelos
desencarnados exploradores. “Trata-se de uma neoplasia
maligna da próstata – disse Germano, lentamente – com
metástases quase generalizadas. O processo vem-se
agravando há mais de dez meses, considerando-se a área
orgânica invadida pelas células degeneradas. Uma
cirurgia, em momento próprio, tendo-se em vista o
progresso da Medicina nesse campo, o teria liberado do
mal que ora o consome.” O Mentor anuiu: “Concordo
plenamente com o amigo. O irmão Laércio deixou-se
arrastar pelo sexo indisciplinado, desrespeitando o lar
que lhe era sagrado, quando se encontrava no auge da
programação espiritual. Seus inimigos, que lhe
conheciam a debilidade moral, impossibilitados de
arrastá-lo à queda, aproximaram do seu lar uma parenta
portadora de muita beleza física e sensualidade, que
experimentava dificuldades matrimoniais, recentemente
abandonada pelo consorte. Insinuante e dependente das
sensações do sexo mal conduzido, procurou apoio dos
familiares, recebendo orientação e palavras de conforto.
Inspirada, porém, pelos adversários do trabalhador
espírita, passou a acalentar desejos lascivos em relação
a ele e, pouco tempo depois, terminou por arrastá-lo ao
leito do adultério, embora a confiança que em ambos
depositava a esposa fiel”. (Entre
os dois mundos. Capítulo 11: O fracasso de Laércio.)
133. Laércio, enredado nos fluidos do desejo,
hipnotizado pelo prazer e fascinado pelo gozo,
entregou-se à luxúria e ao conforto que ela podia
proporcionar-lhe, fugindo ao convívio da família, onde
não mais parecia encontrar bem-estar ou alegria.
Acrescentou o Mentor: “Passados, porém, os primeiros
tempos de desequilíbrio, distante da família e
sentindo-se perdido, resolveu-se pela separação legal
da esposa e, depois, da infeliz companheira que o
arrastou ao tombo, passando a cultivar pensamentos
perturbadores, telementalizado pelo adversário soez que
o espreitava. Lentamente foi-se deixando vencer,
sentindo-se indigno de prosseguir na tribuna e na
imprensa com a sua contribuição, mantendo somente os
compromissos como educador desestimulado, a fim de
atender aos impositivos da lei junto aos familiares,
desaparecendo de circulação... Atualmente, em face da consciência
de culpa (*) que
ajudou o processo de desencadeamento do câncer
prostático, totalmente subjugado, pensa fugir do corpo
por intermédio do famigerado suicídio”. Dito isso, após
ligeiro silêncio, o Mentor falou: “Não
há tempo a perder. Utilizemo-nos da debilidade orgânica
e emocional do nosso Laércio e desloquemo-lo daqui, com
os seus sequazes, conduzindo-os ao nosso acampamento”. (Entre
os dois mundos. Capítulo 11: O fracasso de Laércio.)
134. Terapia desobsessiva – O Dr.
Arquimedes examinou detidamente o enfermo sob a cruel
obsessão corporal e compreendeu que a sua remoção era
mais viável sob o parcial desdobramento pelo sono, o
que se propôs produzir mediante indução hipnótica, a
cargo do amigo Germano que, convidado a operar,
prontificou-se de boa mente, aplicando-lhe energias no
chakra cerebral, entorpecendo-lhe a consciência a pouco
e pouco. A agitação mental do enfermo logo cedeu lugar à
calma, enquanto era delicadamente desdobrado da
organização somática. O adversário implacável detectou
a operação por experimentar as ondas psíquicas do
magnetizador, mas não teve tempo de opor-lhe
resistência. A imantação com o seu hospedeiro fazia-se
tão completa que um assimilava as emoções do outro em
intercâmbio contínuo. A outra entidade, porque
frívola e aproveitadora, foi afastada por meio de
choques aplicados pelo nosso Mentor, desligando-se do
aparelho genésico do paciente, que lhe sofria a
injunção covarde. A
seguir, a equipe socorrista foi convidada a fixar o
pensamento no obsidiado e no seu obsessor, formando um
grupo interligado, deslocando-se então da residência em
direção do Núcleo de atividades, valendo-se do recurso
da volição. (Entre
os dois mundos. Capítulo 12: Terapia desobsessiva.)
135. Em ali chegando, o paciente foi colocado sobre uma
cama de campanha, muito simples, enquanto seu verdugo
permaneceu amparado e em sono profundo. “Necessitamos de
recolhimento e oração” – esclareceu o psiquiatra
operoso. Ele próprio, sob forte emoção, suplicou o
divino auxílio em exoração fervorosa, cuja resposta
fez-se imediata, mediante um jorro de suave luz de cor
alaranjada, procedente do Alto,
que a todos envolveu completamente. Petitinga foi
convidado à doutrinação do inimigo desencarnado.
Fazia-se necessária a autoridade moral para dialogar com
o rebelde, e o nobre companheiro de lide espírita
possuía-a em elevado nível. Enquanto Germano libertava
o indigitado perseguidor do transe hipnótico, ele
recuperou a consciência e, identificando o círculo
composto por espíritos lúcidos que lhe limitariam os
movimentos, explodiu, colérico: “Não posso concordar com
a covarde situação em que me encontro exposto”. E
rilhando os dentes, com acentuado desprezo, pronunciou:
“Então, o traidor e estúpido tirano dispõe de uma coorte
de anjos que acorre a salvá-lo, como antes possuía um
séquito de infames que o defendiam?! Afinal, no
momento, indago: defendê-lo de quê ou de quem? Por
certo, não
será dele mesmo a culpa, já que malogrou por sua
própria vontade, sendo indigno e ingrato?... De nós
outros, é inútil, porque o assessoramos e fomos por ele
mesmo hospedados. Somos semelhantes e, graças a essa
identidade moral, confundimo-nos um no outro”. Dito
isso, estrugiu uma gargalhada sardônica. (Entre
os dois mundos. Capítulo 12: Terapia desobsessiva.)
136. O doutrinador,
profundamente concentrado, não exteriorizou qualquer
emoção, considerando, gentil: “É certo que o amigo está
consciente que não formamos uma coorte celeste, mas
constituímos, sim, um grupo de irmãos interessados no
bem em favor do próximo, que podem ser o amigo revoltado
e o paciente sob sua terrível subjugação, ambos
enfermos, em avançado estado de sofrimento, no entanto,
recuperáveis”. O obsessor inquiriu, zombeteiro:
“Sofrimento, em mim?! não me faça rir, pois que me sinto
feliz e saudável, comprazendo-me em impor-lhe
desespero, enquanto fruo o gozo da vingança que venho
perseguindo há largo tempo”. Petitinga prosseguiu: “A
vingança, meu amigo, é enfermidade da alma, portadora de
grande perigo para aquele que se lhe submete. À
semelhança da oxidação, da ferrugem que corrói o metal e
o esmigalha com o tempo, instala-se nos tecidos sutis da
mente e termina por destroçá-los, conforme lhe vem
sucedendo. Os séculos de aflição ainda não lhe bastam
para entender que somente o amor e o perdão libertam? O
companheiro alega a afinidade que vige entre ambos, o
que é legítimo. Lamentável, somente, que a sua aparente
vítima prossegue infelicitando-o, enquanto você supõe o
contrário. Note que ele, nosso François-Piérre, embora
desorientado, não o identifica, conquanto você não
consegue afastar-se dele, o que significa um
prosseguimento de estado de vítima inerme, por
permanecer imantado aos disparates por ele cometidos...
Você nutre-se das suas energias e tornou-se-lhe um
parasita psicofísico, nisso comprazendo-se e dependendo
desse alimento. A hospedagem, porém, está perto de
extinguir-se ante a próxima consumpção orgânica pela
morte que dele se acerca, separando-os mesmo que contra
a sua vontade”. (Entre
os dois mundos. Capítulo 12: Terapia desobsessiva.)
137. Ante a informação
relativa à próxima desencarnação de Laércio, o obsessor
bradou, excitado: “Nunca seremos separados! Cinco
séculos de misérias e aflições não podem ser encerrados
a passe de mágica nem de mentira. Você citou o nome do
cretino, aquele que ostentava, nos longínquos dias de
1572, quando suas atrocidades ceifaram inúmeras
existências. Poderá então avaliar a eternidade das
minhas penas. Sou-lhe vítima indefesa, como outros
centenares, desde a hedionda noite de 23 para 24 de
agosto, prosseguindo por muitos anos de interrupção e
retorno do mal, sempre dolorosos. Morri e renasci
várias vezes, num labirinto de ódio e de perseguição,
que somente me tem enlouquecido no propósito em que me
detenho, que é extingui-lo”. Petitinga respondeu-lhe,
incisivo: “Você sabe, tanto quanto eu, que isso é
impossível. Não há como extinguir a vida, que jamais
cessa. Por mais que seja retardada a sua manifestação,
ela irrompe sobranceira, dando continuidade ao seu
curso”. O adversário de Laércio concordou: “Reconheço
que tem razão, infelizmente. No entanto, desejo
explicar que nesta sua miseranda experiência carnal ele
estava preparando-se para fugir de mim, mudando de plano
mental, mas eu consegui puxá-lo para o meu nível, graças
à sua pusilanimidade e vilania. A minha mente, fixada na
sua, criou raízes vibratórias muito fortes, facultando
circular as ondas de energia que emito pelos seus
neurônios e sistema nervoso, permitindo-me pensar nele
e receber o ricochetear do seu pensamento em mim. Somos
interdependentes agora, não havendo possibilidade de
liberar um sem causar danos irreversíveis no outro. Se
tentar arrancar os meus tentáculos psíquicos da sua
miserável usina mental, ele enlouquecerá imediatamente,
além do que já se encontra. Não há, portanto,
alternativa. O socorro, que ele não merece, chega tarde
demais”. (Entre
os dois mundos. Capítulo 12: Terapia desobsessiva.) (Continua
no próximo número.)
(*) Consciência de culpa: evidencia certa imaturidade
psicológica, pois denota que a pessoa agiu em
descompasso com seus valores ou ideais, ou o fez sem
refletir, ou em rompante. Ela atinge o mundo íntimo da
criatura na qualidade de um autêntico flagelo. A partir
do momento em que se instala desequilibra as emoções e
pode levar à loucura por um mecanismo autopunitivo.
(Nota da Editora)