O
leitor Jorge Luiz Niels, de São José do Rio Preto (SP),
em mensagem publicada na seção de Cartas desta edição,
pergunta-nos: - Quem é o Consolador prometido por Jesus?
A
questão proposta foi examinada por Allan Kardec no cap.
VI do seu livro O Evangelho segundo o Espiritismo,
em que, depois de reproduzir o texto evangélico que fala
do assunto, escreveu:
4.
Jesus promete outro consolador: o Espírito de Verdade,
que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para
o compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar
todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito.
Se, portanto, o Espírito de Verdade tinha de vir mais
tarde ensinar todas as coisas, é que o Cristo não
dissera tudo; se ele vem relembrar o que o Cristo disse,
é que o que este disse foi esquecido ou mal
compreendido.
O
Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do
Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade.
Ele chama os homens à observância da lei; ensina todas
as coisas fazendo compreender o que Jesus só disse por
parábolas. Advertiu o Cristo: "Ouçam os que têm ouvidos
para ouvir”. O Espiritismo vem abrir os olhos e os
ouvidos, porquanto fala sem figuras, nem alegorias;
levanta o véu intencionalmente lançado sobre certos
mistérios. Vem, finalmente, trazer a consolação suprema
aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem,
atribuindo causa justa e fim útil a todas as dores.
Disse o Cristo: "Bem-aventurados os aflitos, pois que
serão consolados”. Mas, como há de alguém sentir-se
ditoso por sofrer, se não sabe por que sofre? O
Espiritismo mostra a causa dos sofrimentos nas
existências anteriores e na destinação da Terra, onde o
homem expia o seu passado. Mostra o objetivo dos
sofrimentos, apontando-os como crises salutares que
produzem a cura e como meio de depuração que garante a
felicidade nas existências futuras. O homem compreende
que mereceu sofrer e acha justo o sofrimento. Sabe que
este lhe auxilia o adiantamento e o aceita sem murmurar,
como o obreiro aceita o trabalho que lhe assegurará o
salário. O Espiritismo lhe dá fé inabalável no futuro e
a dúvida pungente não mais se lhe apossa da alma.
Dando-lhe a ver do alto as coisas, a importância das
vicissitudes terrenas some-se no vasto e esplêndido
horizonte que ele o faz descortinar, e a perspectiva da
felicidade que o espera lhe dá a paciência, a resignação
e a coragem de ir até ao termo do caminho.
Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do
Consolador prometido: conhecimento das coisas,
fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por
que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios
da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança. (O
Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI, item 4.) [Negritamos]
Para que o leitor e demais interessados compreendam o
texto acima, escrito por Allan Kardec, é importante
destacar alguns pontos relacionados com o tema:
1.
A promessa de Jesus relativa ao Consolador aparece no
Evangelho de João, cap.
14:16: “E
eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para
que fique convosco para sempre”.
2.
Várias foram as razões que justificaram a promessa feita
por Jesus. Uma delas seria a inoportunidade de uma
revelação total e completa pelo Cristo, numa época em
que o homem não estava amadurecido para compreendê-la.
Outra razão seria o esquecimento e a falta de vivência
das verdades apregoadas no Evangelho. E mais do que
isto, destacam-se como forte razão as distorções
premeditadas que a mensagem evangélica sofreria ao longo
dos tempos, um fato que certamente foi antevisto por
Jesus.
3.
O Consolador deveria, segundo a promessa, cumprir três
objetivos especiais: consolar os que sofrem, lembrar-nos
o que Jesus ensinou e, ultrapassando o próprio ensino do
Cristo, ensinar aos homens coisas que naquela época
teríamos dificuldade de compreender.
4.
São três os motivos que justificam o fato de o
Espiritismo apresentar-se como o Consolador prometido
por Jesus:
1º.
Ele procura lembrar-nos o que Jesus ensinou;
2º.
Ensina-nos muitas coisas que o Evangelho não consegue
explicar;
3º.
Consola e conforta os que sofrem ao mostrar-lhes a causa
e a finalidade dos sofrimentos humanos.
Esperamos que estas informações atendam à expectativa do
leitor.