Divaldo Franco: “É possível ser feliz, não se rebelando
contra as provas, testemunhando, amando”
A
edição de número 20 do Encontro Fraterno com Divaldo
Franco aconteceu no período de 26 a 29 de outubro de
2017. Após ingentes e exaustivos trabalhos de
planejamento, preparação e ajustes por uma grande equipe
de eficazes colaboradores e voluntários, o evento de
caráter internacional se efetivou com a chegada dos
participantes, que acorrem ao complexo IberoStar -
Hotéis & Resorts, localizado na Praia do Forte/BA.
Estampando alegria, acolhimento fraternal e amorosidade,
Divaldo Franco, não deixando transparecer as suas dores
cruciantes que vem experimentando desde o início deste
ano, a todos recebeu com largo sorriso, abraços
calorosos e olhar acolhedor, transmitindo confiança e
esperança. Verdadeiro gentleman.
Suas palavras, dirigidas pessoalmente para muitos, são
de estímulo e de júbilo. Houve encontros e muitos
reencontros. Cada um, expressando-se pelos sorrisos e
olhares, se fez fraterno e solidário materializados
pelos abraços afetuosos, transmutando energias
realimentadoras.
Assim é Divaldo Franco. Vive intensamente o momento,
esquecendo-se de si, doando-se por inteiro ao seu
próximo, independente de seu estado de saúde física ou
emocional, oferecendo-nos um exemplo incomparável.
Abertura –
No período noturno, com a presença de 661 inscritos, a
vigésima edição desse magnífico evento de caráter
internacional, que mobiliza espíritas e simpatizantes,
teve seu momento de abertura marcado pela homenagem aos
20 anos dessa grandiosa e bem-sucedida realização,
iniciada em 1997, quando contou com 255 presentes.
Nilson de Souza Pereira, o Tio Nilson, desencarnado, foi
homenageado carinhosamente pelo transcurso de sua data
de nascimento, 26 de outubro, quando completaria 93 anos
de idade.
Após cumprimentar e acolher os participantes, Divaldo
Franco, falando sobre a temática do encontro, A
jornada heroica da alma, deixou uma pergunta para
ser respondida por cada participante até o final do
evento: - O que te falta para tornar-se um herói?
Fixando-se na mensagem do monte, as bem-aventuranças, o
destacado médium e orador espírita frisou a comunhão de
Jesus com Deus no alto da montanha. Naquele momento
sublime, rodeado pelos amigos, os seus diletos
discípulos, deixou também expresso o quão importante são
os amigos, tando nas horas de alegrias, de vitórias,
quantos nas de tristeza e derrotas, eventos naturais da
vida.
Moisés e Elias, o fardo e o jugo, o amor e a caridade
são eventos magnos – personalidades e ensinamentos - que
transformaram a humanidade, que nunca mais foi a mesma
após a mensagem exemplificada pelo Mestre de Nazaré. Um
dia não mais haverá lágrimas e dores, pois que o homem,
vencendo a montanha dos desafios, das dificuldades, da
solidão, comungará com Deus.
No
mundo, Jesus viveu para o homem, amigo e solícito para
com seus irmãos, conquistou os seus corações, jamais
contaminando-se. Suas ações foram de acolhimento e
esclarecimento aos desvalidos, aos sofredores,
miseráveis e doentes da alma, aos cegos e leprosos,
doando a sua paz, como só Ele a pode dar. A Sua jornada
foi heroica, tornando-se ponte para os necessitados de
toda ordem. Encerrando esse primeiro momento, Divaldo
suplicou ao Mestre a ajuda para carregarmos a nossa cruz
afim de tornar-nos, também, heróis do amor,
dulcificando-nos no trabalho em favor do próximo.
Convidando um quarteto de profissionais da área da
saúde, Divaldo entabulou um esclarecedor diálogo,
dirigindo perguntas que objetivavam respostas sobre a
construção de uma jornada de um herói na atualidade.
Cláudio e Íris Sinoti, psicoterapeutas; Patrícia
Cristina dos Santos Ferreira, médica geriatra; e Juan
Danilo Rodriguez, médico de família e psicólogo,
equatoriano residente em Quito, se esmeraram em definir
o herói, suas dificuldades, a necessidade do amor e do
autoamor, a contribuição espírita para a construção
desse herói adormecido no imo de cada um, o
autoconhecimento, livrando-o da ignorância de si mesmo,
sendo chamado a entrar em contato consigo, encontrando a
força moral para a construção do homem de bem, o homem
da nova era.
O
homem, ainda mergulhado nas sombras, isto é, na
ignorância, principalmente de si mesmo, deve aprender a
amar-se, libertando-se de suas marcas antigas, dos
arquétipos. As doenças não devem fazer parte do rol de
propriedades dos que as possuem, mas, torná-las em
amigas facilitadoras do equilíbrio e da harmonia. O
autoencontro, o desenvolvimento da força interna para
descobrir o amor a si mesmo, aceitando as ingerências da
vida, o envelhecimento, são etapas que contribuirão para
a construção do herói desejável. Possuir a consciência
dos valores e qualidades éticas, desenvolvendo
características humanas, colocando-as a serviço do bem,
do amor, amando uns aos outros, tornando-se melhor hoje
do que foi ontem e superando suas inclinações más
tornar-se-á um herói.
Narrando o poema Meu Deus e meu Senhor, de Amélia
Rodrigues, Divaldo Franco encerrou a magnífica abertura
do Encontro Fraterno, edição 2017, a vigésima, sob
calorosos aplausos.
Quatro novas obras são lançadas –
No dia imediato, Divaldo Franco, superando seus momentos
de dores e desconfortos físicos, destacou que os
amanheceres são de luzes e belas musicalidades, embora a
voz do mundo chegue aos ouvidos das criaturas de forma
tonitruante e perturbadora, a beleza interior, a
serenidade e a esperança no porvir ditoso devem ser
construídas com coragem e desassombro. Para alguns,
salientou o nobre orador, o vazio existencial é
necessário para que a plenitude seja alcançada.
Em
comemoração aos vinte anos de Encontro Fraterno com
Divaldo Franco, foram lançadas quatro novas obras. Em
Busca da Iluminação Interior, de Joanna de Ângelis
com psicografia de Divaldo Franco e comentários dos
psicoterapeutas Cláudio e Íris Sinoti. De Álvaro
Chrispino o título é Família(s): uma visão espírita
sobre os novos arranjos e as velhas buscas. O
terceiro lançamento leva a assinatura de Luis Hu Rivas
cujo título é: Meus amigos Divaldo e Nilson, uma
obra destinada ao público infantil. O quarto título – A
Estrela Verde - é uma coleção de narrativas de
Divaldo Franco compiladas por Delcio Carvalho.
Para destacar ser possível tornar-se alguém herói,
Divaldo Franco, com uma narrativa emocionante,
apresentou a história de luz e amor de uma pária hindu,
contada na obra Muito Além do Amor, de Dominique
Lapierre. A jovem que enfrentou os sofrimentos
físicos e morais mais cruéis em sua infância e
juventude, encontrou a libertação de suas dores na
entrega total de sua vida ao Cristo, amando a todos os
seres incondicionalmente e dedicando-se integralmente ao
alívio dos sofrimentos de seus irmãos em Humanidade.
Ananda, em Sânscrito, significa alegria.
Tocando em profundidade os corações dos ouvintes,
Divaldo foi conduzindo o público nessa jornada heroica
de Ananda, que apesar dos inúmeros obstáculos
enfrentados, inclusive a rejeição da família ao
identificá-la portadora de lepra, ministrou-lhe veneno,
sobrevivendo ainda assim. Prostituída, abandonada,
degradada moralmente, foi recolhida pelas mãos
perfumadas pela caridade de Madre Teresa de Calcutá.
Tornada freira na ordem de Madre Teresa, esposando
espiritualmente Jesus, Ananda doou-se por inteiro,
servindo incondicionalmente, dominando seus medos,
iluminando as sombras interiores com as luzes do amor,
tornou-se heroína de si mesma. Onde estivesse a miséria
humana exposta em forma de enfermidades
infectocontagiosas lá era possível encontrar a dedicada
servidora do Mestre de Nazaré que aprendeu a amar
amando-se e amando o necessitado que encontrava pelo
caminho, distribuindo o pão da vida ofertado por Jesus.
Falando de si, abrindo sua alma generosa, Divaldo
Franco, envolto em profunda emotividade, destacou suas
experiências, dizendo que é possível ser feliz, com
paciência, não se rebelando contra as provas,
testemunhando, amando. A felicidade é a esperança que se
concretiza todos os dias da era nova que já começou. Os
cataclismos serão morais, as crises serão individuais,
sentenciou o orador cativante, devendo cada qual lapidar
o diamante bruto que ainda é, preparando ao mesmo tempo
o caminho para os que vem após.
O
ser humano se tornará feliz, vivendo na paz profunda do
ser, logrando transitar sem empeços pelos dois planos da
vida, com coragem, sem mágoas, sem dúvidas e temores.
Jesus, impassível, terno, amoroso, aguarda. Heroico,
deseja o triunfo de todos, silenciando a alma, cantando
louvores a Deus. Divaldo com profunda ternura incentivou
a realização da jornada heroica para domar as sombras,
fazendo brilhar a luz interna, tornando-se heróis de si
mesmo e para os demais, servindo ao Cristo onde se
encontrar, vencendo, dominando os dragões íntimos.
Estavam os presentes visivelmente emocionados e vibrando
os corações nas faixas da alegria e da felicidade,
guardando a certeza do porvir ditoso, muitos, com seus
olhos marejados de lágrimas, sentiram as belezas do amor
a penetrar a intimidade, agradecendo o encontro afetuoso
que Divaldo promoveu a serviço de Jesus.
O herói e suas crises –
Sob a responsabilidade do casal de psicoterapeutas
Cláudio e Íris Sinoti, o tema abordado foi O herói e
suas crises. Cláudio tem constatado que muitos de
seus pacientes se reportam informando que estão
experimentando sonhos de cunho catastrófico e
perturbadores. Hoje, no planeta, a depressão alcançou
níveis e pandemia, provocando suicídios. Isso significa
que o herói interno que cada um possui encontra-se
abandonado, sem esperança.
Levando a reflexões, indagou: - O que falta para te
tornar herói? Qual o dragão interno que deve ser
conquistado? Léon Tolstoi salienta que as
questões que afligem o ser humano e que tem se repetido
na vida merecem uma resposta, é necessário
respondê-las. Rüdiger Dalke, falando sobre as
crises da vida, esclarece que elas poderão se tornar um
perigo ou uma oportunidade, dependerá de como elas serão
trabalhadas.
Apoiando-se em Mateus, 10:38-39, Cláudio destacou que
todo aquele que ama verdadeiramente o seu próximo,
esquecendo-se de si mesmo, terá vida em abundância. Esse
é o chamamento que o Cristo faz ao homem. Na
recém-lançada obra de Joanna de Ângelis, com psicografia
de Divaldo Franco, Em Busca da Iluminação Interior,
em seu capítulo 2, a benfeitora destaca que: “O desafio
para a transformação moral do indivíduo, a fim de
tornar-se melhor, defronta nele mesmo a maior
dificuldade, que é o hábito ancestral a que se encontra
acostumado”.
O
descobrimento de si passa pelo ensinamento de Jesus,
registrado por Mateus em 7:3-5, identificando, cada
qual, a trave que ainda possui sobre os próprios olhos,
projetando, assim, nos outros, as sombras de que é ainda
possuidor. James Hollisdestaca que as escolhas
que se faz tornam-se o destino a que se almeja. É
necessário saber distinguir o que é amor e o que é
dependência, conforme se pode compreender no ensinamento
do Cristo quando afirma ser necessário amá-lo em maior
intensidade do que aos seus consanguíneos (Mt 10:37).
No
livro Espelhos da alma: uma jornada terapêutica,
de Íris Sinoti, encontra-se a seguinte reflexão:
“Enquanto estivermos presos às “lealdades” infantis, não
poderemos servir a um propósito maior.” Cada indivíduo
deve buscar a sua própria identidade, conforme
registrado em Mateus 10: 34-36. Voltando a James
Hollis: “O herói tem que persistir diante do
obstáculo que é a sua própria letargia, sem medo e sem
desejo de voltar para casa.”
Íris Sinoti discorrendo sobre a crise como grande
oportunidade de crescimento íntimo, disse que ao
descobrir as potencialidades de que se é possuidor, será
necessário utilizá-las a próprio favor, pois que todo o
potencial não utilizado a favor será utilizado contra. O
autodescobrimento, o despertar de si, do herói interno,
fará do indivíduo alguém melhor, canalizando suas
potencialidades para o bem de todos.
Trabalhando o inimigo interno, Íris apresentou o
registro realizado por Lucas 14:12-14 e que fala sobre
os convidados para o banquete, sendo desejável convidar
aqueles que não podem retribuir. O que há dentro de
ti, que deva ser convidado e não pode te retribuir? Essa
é uma questão que deve merecer plena atenção, sob pena
de estarmos alimentando somente os aspectos psicológicos
que nos são simpáticos e que nos retribuem sempre,
impedindo crescimento e mudanças íntimas para que seja
construído o homem de bem.
O
que está dentro de você que o incomoda, que dragão é
esse? Na jornada heroica é necessário reconhecer a sua
incompletude, a sua sombra. Conforme Carl Gustav Jung,
quando se faz ao outro, faz-se ao Cristo. Ao descobrir o
inimigo interno, amando-o, o indivíduo passa a amar-se.
Há que se fazer uma escolha importante, ou seja, amar o
Ego ou o Self, a Deus ou a riqueza.
Cada ser humano recebe uma tarefa que deve se
desincumbir, isto é, ser melhor hoje do que ontem, e
amanhã do que foi hoje. Alguns esquecem-se disso e
passam a realizar outras tarefas que não os conduzirão
ao aprimoramento moral e espiritual. Nesses
relacionamentos humanos há um imperativo, perdoar,
perdoando-se também, reajustando-se com seus
adversários, mesmo aqueles internos. Qual é o teu
inimigo interno? Qual o dragão a ser conquistado dentro
de ti?
“A
sombra é problema moral que desafia a personalidade como
um todo, pois ninguém é capaz de tomar consciência dela
sem esforço moral considerável. Tornar-se consciente da
sombra implica reconhecer os aspectos obscuros da
personalidade como existem na realidade.” (Carl
Gustav Jung)
Amar-se é vincular-se com a vida. Amar é o maior
mandamento da lei, conforme exarado em Mateus 22: 34-40.
Conforme o Poeta Persa Rumi (1207-1273): “Tua
tarefa não é buscar o amor, e sim buscar e encontrar
dentro de ti as barreiras que tu mesmo construíste
contra ele.” Cada indivíduo deve ser o protagonista de
sua própria vida, escrevendo a própria história,
tornando-se melhor para que a vida seja melhor, conforme
ensina James Hollis. Assumir a sua própria
responsabilidade conforme seja o seu jugo e o seu fardo.
É
imperioso identificar o EU, o maior tesouro do
indivíduo, conquistando a sabedoria, disponibilizando a
luz que já fez brilhar em seu íntimo, colocando-a a
serviço dos demais e da humanidade.
Aplaudido calorosamente, o casal finalizou suas
abordagens esclarecedoras, indicadoras de pontos a serem
conquistados pelos que desejam se tornarem heróis ou
heroínas, trilhando cada qual a sua jornada heroica.
Os heróis anônimos –
Para discorrer sobre Os Heróis Anônimos, Divaldo
Franco, magistral em sua narrativa e tomado de profunda
emoção, apresentou três histórias ocorridas em
Salvador/BA envolvendo três heroínas: uma mãe preta, uma
mãe branca e outra, também preta, que lhe salvou a vida.
Começa o inolvidável orador a dizer que era dezembro, a
madrugada em curso, a natureza fazia festa. Estavam, ele
e Tio Nilson, no bairro do Uruguai, uma invasão
pantanosa, atendendo os moribundos na Casa de Jesus,
um barraco que acolhia aqueles que estavam deixando a
vestimenta corporal, abandonados por todos.
Recebendo o chamado, dirigiram-se para o casebre de dois
cômodos. O cenário era de angústia e de miséria humana.
Sobre uma enxerga no chão do barraco encontrava-se uma
trabalhadora do Centro Espírita Caminho da Redenção.
Mulher dotada de grande pureza d´alma. Devotada ao bem,
portadora de qualidades espirituais aplicava passes,
embora se questionasse sobre essa condição, porque não
se percebia em condições de oferecer aos Espíritos algo
de si em favor do próximo. Heroína, lavava roupas e
vendia acarajé na porta do Elevador Lacerda.
Agora, acometida de tuberculose pulmonar, moribunda,
conta-lhe que está viajando para a outra vida, a
espiritual. Seu tempo estava se esgotando. Divaldo
chorou, sendo consolado por ela. A amiga que aprendeu
amar, ensinando-lhe o amor, estava deixando o veículo
físico. Segreda a Divaldo a sua história, dizendo de
antemão que seu filho iria lhe procurar mais tarde, após
a sua morte, pedindo para dizer ao filho que sempre o
amou.
Falou-lhe do filho, dedicado estudante desde criança,
agora tornado médico famoso em Salvador. Narrou sua
saga, desde jovem, os seus ingentes esforços em
amealhar, com muito suor, os recursos para custear os
estudos do filho amado. Os estratagemas para solicitar
veladamente a ajuda dos professores ao filho,
facilitando-lhe um aprendizado profissional de
qualidade. Esse filho, muito preto, foi fruto de uma
relação íntima em troca de alimentos, tal era sua
condição famélica. O filho era conhecido por um apelido
muito peculiar. Porque ela o vestia sempre com roupas
brancas, impecavelmente brancas, e contrastando com a
sua pele negra, passou a ser conhecido por o mosca no
leite.
A
moribunda, febril, com tosse, falou-lhe sobre as
alegrias em trabalhar e em economizar para adquirir belo
vestido vermelho, sapatos para a formatura de seu amado
filho, o anel de formatura acondicionado em caixa
aveludada em azul. Foram três anos. Aproximava-se o dia
da láurea. Na véspera, à noite, após já ter recolhido os
pertences que lhe interessavam, dirigiu-se à mãe
dizendo-lhe que tinha dois pedidos a fazer. Primeiro,
que não necessitaria ir à cerimônia de formatura, sua
noiva, filha do diretor da faculdade iria lhe acompanhar
no ato solene. Mantendo serenidade, a mãe compreensiva,
agradeceu-lhe a dispensa.
O
segundo pedido era uma condição, quando adoecesse,
deveria ligar para o número de telefone que lhe passou
em uma folha de papel, assim mandaria um colega para
atendê-la, ali mesmo naquele barraco. Dizia que deseja
lhe poupar de ser humilhada. Disse-lhe mais, que não
telefonaria para ela.
Foi
tudo muito simples, voltou a dizer a Divaldo aquela mãe
heroína. Ele casou, não me avisou, mas estou feliz,
disse. Meu filho está feliz e por ele estou feliz. Agora
estou morrendo. A heroína saiu da vida para entrar na
vida espiritual. Como uma fada iluminada saiu daquele
corpo. Fulgurante, desapareceu no infinito. Ela havia
expirado nos braços de Divaldo. Consumado, Nilson e
Divaldo recolheram o cadáver, velando-o sob uma árvore.
Em estando contaminado aquele barraco, os dois o
consumiram com fogo.
Uma
semana depois, no Centro Espírita Caminho da Redenção,
Divaldo identificou aquele filho, que lhe perguntou se
havia visitado aquela negra no Bairro do Uruguai.
Justificou a pergunta informando que tinha tomado a si a
tarefa de protegê-la, era sua amiga. Desejava saber o
que ela havia contado a Divaldo, se havia lhe falado
sobre a família.
Respondendo, Divaldo disse que não poderia contar nada
que pudesse interessar, indagando se ele era parente
dela. Como disse que não, foi embora sem obter qualquer
informação de Divaldo. Um mês depois, eis que o mosca
no leite está de volta. Divaldo então pergunta: - É
a respeito daquela negra? Confirmado, disse que desejava
veementemente que lhe contasse o que sabia sobre ela e
seus comentários. Após alguns momentos de titubeios, o
visitante declara que era o filho dela. Tinha vergonha
de sua mãe.
Agora identificado o filho, que Divaldo já conhecia,
disse-lhe que ela havia pedido para dizer que o amava
muito. Caindo em si, o médico perguntou como poderia se
reabilitar. Divaldo, então, disse-lhe que há no interior
de cada um herói, e que para a reabilitação são
necessárias três etapas, o arrependimento, a expiação e
a reparação. Assim, sintetizou o preclaro orador e
orientador, faça para o próximo o que gostaria de fazer
a sua mãe.
Compreendida a lição, o filho em reabilitação, solicitou
a sua inclusão nas atividades de assistência
desenvolvida por Divaldo Franco e sua Instituição no
bairro do Uruguai. A mãe prestimosa, dúlcida e amorosa,
presente no diálogo, suplicou, de joelhos, ao Mestre que
recebesse a ovelha tresmalhada. A essa altura, o público
parecia não respirar, tal era o silêncio e a emoção
dominante no ambiente.
A
segunda heroína é a história de uma alemã, residente em
Salvador. É a mãe branca. Tudo começou quando Divaldo,
em seu momento de folga no trabalho, e estando na rua,
viu cair na sua frente um homem, amparando-o e
conduzindo-o em um táxi ao hospital mais próximo. Lá
chegando, deparou-se com os entraves burocráticos e a
pouca atenção por parte dos funcionários. O tempo
transcorria e o socorro não era prestado, aflito,
Divaldo insistia na necessidade de atender o enfermo.
Alguém entrou e todo o panorama mudou. Todos começaram a
fazer algo. Percebendo que se tratava de alguém
importante na hierarquia do hospital, Divaldo se dirigiu
a ele solicitando o atendimento ao seu socorrido.
Imediatamente, a um sinal, todos se mobilizaram em
auxilio socorrista. Era o diretor do hospital. Instado
ao gabinete do diretor, ao entrar Divaldo divisou um
quadro que estampava bela senhora ali retratada.
Admirou-o. O diretor então informou tratar-se do retrato
de sua mãe, alemã de origem, passando a narrar a
história de superação daquela mulher que o filho
classificava como uma mulher incomparável.
Em
situação difícil no Brasil, sem saber falar o idioma
português e sem o marido, foi para o Dique do Tororó
lavar roupas com as outras lavadeiras. Era especial,
destacava-se por ser branca, falava com as demais e não
era compreendida, tanto quanto falavam com ela e não
compreendia, todas riam. Era a única branca no meio das
negras. Assim foi a vida dessa heroína cuidando de seu
amado filho. Concludente do curso de medicina, um dia
surpreendeu-se com o estado de saúde de sua mãe. Ela
havia dissimulado muito bem o quadro infeccioso que
apresentava. Tinha contraído a tuberculose. Estava na
fase terminal. Três dias antes da sua formatura ela
morreu. Decidiu, então, tornar-se tisiologista, o melhor
de todos, em homenagem a essa mulher notável que foi a
sua mãe. Como especialista, esse profissional salvou
incontáveis vidas no Brasil e no Exterior.
Essas são as histórias da mãe negra e da mãe branca.
Divaldo conta essas histórias para homenagear outra mãe
negra, extraordinária mulher. Contou Divaldo que em
1946, estando em profunda solidão e melancolia, e por já
haver tentado o suicídio antes, pensava, arquitetava
novo tentame. Em sentido contrário, ouvia uma doce voz
pedindo-lhe paciência. Embarcando em um bonde, o de nº
2, Largo de Roma, encontrou uma negra que lhe chamou
para uma conversa, convidando-o para um café. Foram até
a modesta casa, no Bomfim, onde ela morava. Ali,
enquanto preparava o café, ralo, ela lhe disse: -
Sinhozinho não pode morrer agora. A estrela que o conduz
pediu-me para lhe chamar, para tomar um café. Os
Espíritos dizem que o sinhozinho terá uma vida longa.
Afeiçoando-se, aceitou o convite para cafés diários,
visitando sistematicamente o anjo negro de sua vida. A
solidão deixou de pesar tanto. Decorridos três meses,
ela lhe confidenciou que estava saindo da vida, que
voltaria ao mundo dos Espíritos. Emocionado, Divaldo se
pergunta, sempre que um afeto morre: - Por que os que
eu amo morrem? Suas lágrimas são contidas a esforço.
Seus anjos amigos e protetores o assistem nessas horas
de inolvidáveis emoções.
Ao
contar as histórias dessas heroínas, Divaldo destacou
que várias outras heroínas e heróis desencarnados
estavam presentes entre o público. Muitas mães, pais,
esposas e maridos. Com essas palavras temperadas de
emoção, deixou a mensagem do amor ao próximo, doando-se
até que os sentimentos se entorpeçam pelo amor.
Aproveitando o momento de enlevo e vibrações de alto
padrão e as emoções afloradas, Divaldo Franco conduziu
os presentes em uma visualização dirigida, mergulhando
no mundo transcendental, onde o oxigênio é o amor. Como
prece final, proferiu o Pai Nosso.
Terminado o evento, todos sentindo fortes emoções,
transpareciam serenidade, esperança, deleitando-se
naqueles momentos mágicos conduzidos pelas mãos hábeis
de Divaldo Franco. O silêncio dominava o ambiente.
Todos, como se estivessem hebetados, permaneciam
sentados, meditativos, introspectivos, bebendo nas
fontes celestes que se derramaram sobre os presentes.
Dizer-te obrigado é muito pouco, Divaldo! Nos resta orar
ao alto para que possas triunfar em alegria e
felicidade.
A jornada heroica do Cristo –
O dia de sábado amanheceu esplendoroso, leve brisa, a
manhã umedecia a natureza através de tênue chuvisqueiro.
Poderíamos, em um esforço contemplativo, inferir que as
bênçãos divinas alcançavam os homens na Terra, sofridos,
machucados em suas intimidades uns, outros, aprisionados
em si mesmos, liberando seus dragões internos, intentam
contra seus legítimos irmãos. Não há como deixar de
perceber o divino em nós, como não nos é lícito imaginar
que o sol somente brilhe em nosso favor.
Neste ambiente de salutar convívio e paz, o Encontro
Fraterno com Divaldo Franco, em sua vigésima edição,
teve continuidade. Divaldo Franco, prosseguindo como o
seu ministério de facilitar a trajetória dos que o
escutam, discorreu sobre A jornada heroica do Cristo.
A Segunda Guerra Mundial havia-se instalado na face do
Planeta com a invasão da Polônia, pátria imortalizada
pelas páginas de Frédéric Chopin. No norte desse
país vivia um rabino judeu, consagrado a Deus e saudoso
de sua Israel, residindo nas proximidades de uma
propriedade de uma família alemã.
Ao
deslocar-se para o seu templo religioso o rabino Samuel
passava em frente àquela propriedade onde trabalhava o
jovem filho da família alemã ali instalada, cultivando a
terra. O rabino sempre lhe dirigia um cumprimento em
alemão: — Guten Morgen, Her Müller (- Bom Dia,
Sr. Müller). Arrogante, o jovem não se dignava
responder. O jovem o detestava, afinal era um rabino
judeu. Passaram-se os anos. A noite dos cristais já
havia acontecido. Era sábado, dia consagrado ao culto
religioso judeu, o rabino Samuel novamente passa e
cumprimenta, como de hábito, o jovem trabalhador alemão.
Os
dias que se sucederam foram trágicos. Em 1945, quando a
Alemanha estava exausta, o rabino Samuel foi
aprisionado, colocado em trem de carga animal e
transportado para um campo de concentração. O rabino
amava os alemães. Os aliados prepararam, no mês de maio,
uma estratégia simulando um grande ataque à Alemanha,
despistando e mascarando a real intenção e localização
do aparato bélico libertador que estava em curso. O
verdadeiro ataque se daria por mar, na Normandia. A
resistência alemã era muito forte. Os aliados venceram
com grandes sacrifícios em vidas e em material.
A
partir de agosto de 1945 se iniciaram os julgamentos dos
vencidos, acusados de genocídio. Um desses tribunais
estava sediado em Frankfurt. Estando Divaldo
Franco nessa importante cidade alemã em 2014, e
proferindo uma conferência sobre a Esperança, ele viu
psiquicamente, naquele ambiente, o desenrolar de um
julgamento. O magistrado solicitava que um rabino se
aproximasse, como testemunha. No banco dos réus estava
um jovem com cerca de 30 anos de idade, fardado. O
promotor o acusava. O réu não deixava transparecer
qualquer emoção, mantinha-se implacável.
A
testemunha, o rabino Samuel, foi inquirido pelo
promotor. Indagava se não seria aquele réu o que fazia a
seleção entre os que deveriam morrer e os que seriam
encaminhados ao trabalho forçado. O rabino Samuel, de
imediato, reconheceu o seu vizinho polonês, Her
Müller. A testemunha afirmou, então, que não era
aquele soldado que fazia a seleção, mas o sistema, o
partido, que ele representava. Não, não era ele que
selecionava, categórico afirmou. Mas contra ele há
acusações consistentes, redarguiu o promotor severo.
“Ele era bom, ele foi treinado para matar. Ele somente
apontava para a direita ou para a esquerda, selecionando
somente os homens fortes e saudáveis para o trabalho, os
demais seguiam para o extermínio. Ao aproximar-me, na
fila de seleção, cumprimentei-o, como de hábito, ele me
reconheceu, éramos vizinhos, disse o rabino. Her
Müller, um homem bom, impassível, me sinalizou
seguir para o lado dos que sobreviveriam, trabalhando.
Agradeci-o: — Vielen Danke, Her Müller.”
O
promotor dispensou a testemunha, que ao passar em frente
ao réu, este lhe agradeceu, vertendo duas lágrimas. O
réu foi condenado à forca, executado em seguida. O
rabino Samuel, embora judeu, amava o Mestre Galileu,
verdadeiro profeta na terra hebraica. Nascia e
agigantava-se um herói, o rabino Samuel, ao amar o
próximo, independente de suas condições ou atitudes.
Assim Divaldo foi se aprofundando na história da
humanidade, apresentando outros heróis que souberam
dominar seus dragões íntimos, lançando luzes nas sombras
interiores, plenificando-se de bênçãos, harmonia e
felicidade, pois que aquele que já está liberto é feliz.
O homem, não admitindo a sua origem divina, seres
criados pelo Incriado, tentaram apequena-Lo, na vã
esperança de se fazerem maiores e mais importantes. Todo
aquele que se torna servidor, se faz maior ante o olhar
divino. Assim nascem os heróis, que saindo-se de si,
servem, amam, perdoam, promovendo o bem-estar do próximo
através da dádiva da autodoação.
O
Ego trabalha para ter, o Self para ser. Para descobrir o
Deus interno é necessário realizar a viagem para dentro
de si, lançando luzes sobre as sombras, identificando os
dragões íntimos, conquistando-os. O homem deve construir
em si o heroísmo crístico, isto é, aquele que cumpre a
Lei Divina, amando sem esperar ser amado.
Nas
artes, nas ciências e através de notáveis, Deus se
manifesta possibilitando um crescimento harmonioso para
seus filhos. Joana de Cusa, Francisco de Assis e outros,
demonstraram o poder libertador do amor, doando-se por
inteiro ao amado.
Recheando com outros inigualáveis exemplos de heroísmo,
Divaldo Franco, conduziu o público para momentos de
descontração, onde o riso, fonte terapêutica, produzindo
equilíbrio saudável, libertando o ser de seus dragões,
plenificando-se de energias salutares.
Perpassando a história romana, o 1º e o 2º Triunvirato,
antes e depois de Jesus, Divaldo apresentou diversos
casos onde o heroísmo íntimo facilitou a ação benfazeja
de Jesus e dos cristãos, que necessitam ainda
tornarem-se crísticos. Saindo de cena o protagonismo dos
generais romanos, as artes e a literatura passaram a
viger, conduzindo as criaturas para o belo, o harmônico,
fruindo um pouco de paz. O Espiritismo elegeu a moral do
amor, a busca do estoicismo, do heroísmo que levará o
homem para a vitória sobre as próprias paixões,
conduzindo-o para a plenitude.
As virtudes do herói –
No período da tarde, Cristiane Lenzi Beira, psicóloga,
de São Paulo, e Juan Danilo Rodriguez, médico de família
e psicólogo, residente em Quito, no Equador, dividiram o
espaço para falarem sobre as virtudes do herói ea
consciência heroica de Jesus, respectivamente.
Apresentando a história de Jó, Cristiane discorreu sobre
o seu significado, desvendando as virtudes do herói. Jó
era um homem íntegro, reto e temente a Deus,
reverenciava-O. Sua vida era coroada de sucessos
familiares e econômicos. Considerava-se pleno, realizado
na vida. Era saudável. Vivia em harmonia.
Porém, Jó, ainda, não era um herói. Suas conquistas não
eram originárias de esforços que lhe custassem algum
trabalho interior. Agradava a Deus, temendo perder seu status.
Todo aquele que não é protagonista de sua própria vida,
encontra-se cativo de bases instáveis. Deus é educador.
No
decurso do tempo Jó foi testado, abalado, começou a
perder suas posses materiais. O abalo continuava, agora
seus sentimentos estavam sendo afetados, seus
pertencimentos afetivos foram estremecidos. Teve todos
os seus filhos mortos, vitimados pelo desabamento da
residência provocado por um temporal. Além dessas
perdas, atribuídas por Jó a Satanás, agora estava sendo
abalado em seu psiquismo.
Há
que se desenvolver o hábito de analisar os sonhos, os
eventos, os recados que a vida oferece em uma
sincronicidade ímpar, destacou Cristiane. Jó,
fragilizado, chora amaldiçoando a vida, lamentando-se.
Neste estágio, três amigos vão visitá-lo. Um diz que
deveria aceitar os fatos, pois que podem suceder coisas
piores. Outro disse-lhe: - Certamente você é culpado. O
terceiro, escutando a sentença dos anteriores disse a Jó
que ele merecia sofrer. Jó ainda não assumira o papel de
autor da própria vida.
Chegando-lhe outros amigos, estes lhe falaram da
necessidade de ouvir-se, analisar-se, refletindo.
Passou, então, a relacionar-se com o Criador,
conquistando a possibilidade de viver, participando e
vivenciando a vida. Já não ouve mais falar de Deus,
agora Jó passou a compreender os desígnios divinos. Jó
enfrentou suas sombras, iluminando-as. Nascia, assim, o
herói.
Finalizando seu trabalho, Cristiane ainda discorreu
sobre a aquisição da consciência, conforme exposto pela
benfeitora Joanna de Ângelis em O Homem Integral,
cap. 9, psicografado por Divaldo Franco, destacando,
igualmente, as qualidades do homem de bem, listadas em O
Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 3.
Juan Danilo Rodriguez, espírita e autor do livro Alliyana,
voltado ao auxílio aos portadores da síndrome do
autismo, discorreu sobre a consciência heroica de Jesus.
A consciência é a voz interior a “falar” ao ser
psicológico. Com apoio nas observações e ensinamentos
registrados na Revista Espírita de abril de 1860 e em O
Livro dos Espíritos, questão 835, o orador
apresentou reflexões a respeito da consciência e os
relacionamentos que cada um tem com ela.
Facilitando o entendimento, Juan Rodriguez apresentou as
senhas, ou sintomas, do desenvolvimento da consciência.
São: sentir-se insatisfeito, permanecer apático, e
apresentar quadro depressivo. Desta forma,
analisando-se, o indivíduo irá adquirindo uma
consciência sobre a realidade que vive.
Ao
trabalhar a partir da própria realidade psicológica será
possível descobrir quem é, quais são as suas realidades
e de que maneira poderá se expressar. O autoamor é o
primeiro passo para o desenvolvimento da consciência,
gerando o discernimento. A autoestima, o segundo,
conquistada pela aquisição da humildade, irá gerar a
relaxação. A oração, a conexão a ser estabelecida com
Deus, por fim, gerará o crescimento da consciência.
Há
pontos importantes para o desenvolvimento da
consciência: 1. O sofrimento, gerado pelo conflito com o
próprio si. O sofrimento ativa o intelecto, fortalece a
vontade na busca de mudanças de hábitos que precisam ser
educados. 2. A fé é o próximo ponto. Ela estabelece um
processo de racionalização do conhecimento presente,
produz uma claridade de pensamentos, gerando uma
capacidade de decisão. 3. A ternura vem a seguir, cujo
processo e prática transitam por fazer o bem, a
gentileza e a bondade. Mais dois importantes pontos para
o desenvolvimento da consciência são a alegria e o amor.
4. A alegria permite que o indivíduo alcance a
compreensão do merecimento. A integração e a resiliência
completam a aquisição da alegria. 5. O amor é o final da
aquisição consciencial. Ele é o ideal (idealismo), há
nele um propósito e uma generosidade.
Finalizando sua conferência, Juan apresentou o conceito
de conquista da consciência elaborado por Joanna de
Ângelis nos seguintes termos: “O ser consciente deve
trabalhar-se sempre, partindo do ponto inicial da sua
realidade psicológica, aceitando-se como é e
aprimorando-se sem cessar.”
Com
a bela lenda das três árvores, que experimentaram
frustrações em seus ideais iniciais, concluíram, ao
final, que eles se realizaram conforme a providência
divina. Assim deve compreender o homem, confiando em
Deus.
Divaldo Franco, Juan Rodriguez, Cláudio e Íris Sinoti
analisaram as respostas oferecidas pelo público à
pergunta: O que te falta para tornar-se um herói? Selecionadas
algumas respostas, elas foram interpretadas pelos
expositores, oferecendo possíveis soluções de caráter
psicológico-terapêutico. Elas versaram sobre orgulho,
relacionamentos conflitivos, vazio existencial, olhar-se
para si, falta de persistência, mudanças de hábitos, o
exercício da disciplina, o autoperdão, sentimento de
culpa. A dificuldade de ser herói para si mesmo, a
preocupação com a vida dos outros, agressividade,
autoestima, arrogância, medo, o não perdoar, apego a
familiares foram outras tantas questões apreciadas. Essa
é uma pequena amostra dos dragões internos que devem ser
conquistados pelos heróis internos de cada um.
Essas perguntas, e outras, com suas respectivas análises
serão transformadas em livro, cuidadosamente elaborado
para tornar-se um guia, devendo ser lançado em 2018, no
próximo Encontro Fraterno com Divaldo Franco.
A excelência do trabalho de Chico Xavier –
O domingo ensolarado foi palco harmônico para o
encerramento da vigésima edição do Encontro Fraterno com
Divaldo Franco. Após percorrer os caminhos do saber, das
reflexões e das abençoadas vibrações do amor, a
culminância do magno evento, de caráter internacional,
produziu incontáveis reflexões, descortinando o caminho
da felicidade, contribuindo para a construção do homem
de bem na face desse abençoado Planeta.
Além dos inscritos oriundos de 21 Estados e do Distrito
Federal, os seguintes países estiveram representados:
Áustria, Reino Unido, Estados Unidos da América,
Colômbia, Peru e Uruguai, totalizando a presença de 661
inscritos. As participações virtuais contabilizaram
51.187 acessos em 38 países.
Divaldo Franco, ímpar trabalhador do Cristo, após
discorrer sobre o reino dos céus e a parábola do
semeador, destacou a excelência do trabalho de Chico
Xavier, a sua mediunidade com as facetas de dor e de
sacrifício, bem como a solidão que experimentou.
Contudo, contava com os que chamava de “irmãos do
arco-íris”, isto é, os Espíritos Benfeitores, entidades
luminosas, que o auxiliavam, sustendo-o em suas lutas.
E, quando o brasileiro estava vivendo um momento de
felicidade coletiva, em junho de 2002, Chico Xavier
desencarnou na serenidade orando o Pai Nosso.
Tomando emprestado de Chico Xavier o conceito de “irmãos
do arco-íris”, Divaldo Franco, médium e orador de
excepcionais qualidades, registrou que Espíritos nobres,
familiares, amigos, sempre estiveram com ele,
trazendo-lhe o alento, o incentivo, a coragem, o
esclarecimento, as suas bênçãos, sustentando-o em todos
os momentos, principalmente nas horas angustiosas da
vida, quando o testemunho lhe pedia atitudes nobres,
destemidas.
Esses Espíritos, explicou, uns reencarnaram antes dele,
preparando-lhe o caminho para que, quando aqui fosse
contado como reencarnado, eles pudessem, do mundo dos
Espíritos, continuarem assessorando-o, conduzindo-o pelo
labirinto da vida, velando pelo sucesso do trabalho em
nome do Cristo. Um deles, Manuel Vianna de Carvalho, que
semeou a Doutrina Espírita por toda a extensão
territorial do Brasil, sempre esteve junto a Divaldo.
Outros estão agora reencarnados, próximos a Divaldo,
colaborando, tornando-se sustentáculos nas horas
difíceis da vida, nos momentos de solidão.
Diante das alegrias que sentia naquele momento das
despedidas aos participantes do Encontro, Divaldo
Franco, portador do espírito crístico, e perante os
Espíritos benfeitores ali presentes, agradeceu a
participação de todos. Envolvido por fortes vibrações e
sentimentos amorosos, rogou que o envolvam em orações
para que possa chegar no portal espiritual com alguma
lucidez e condições espirituais mínimas, desejando que a
paz do Senhor permaneça com todos, em todas as horas.
Trabalhando o “Decálogo do Herói”, elaborado pelo casal
de psicoterapeutas Cláudio e Íris Sinoti, exposto a
seguir, Divaldo Franco ressaltou os estudos da Dra.Elisabeth
Lukas (1942-), psicóloga clínica e psicoterapeuta,
nascida em Viena, Áustria, pesquisadora da logoterapia,
trabalhando com a dimensão espiritual do homem, com o
fim de aliviar e superar as perturbações da alma. A
própriaElisabeth, cética, materialista, teve
comprovação dos efeitos salutares da oração e do auxílio
vindo do mundo espiritual.
Decálogo do Herói –
Eis os dez tópicos que o compõem:
1.
Reserve algum tempo para si mesmo;
2.
Esteja disposto a descobrir verdades sobre você;
3.
Aceite o fato de que o mundo em que você vive é o
reflexo de sua alma. Se está ruim, mude!
4.
Reconheça seus medos, mas não se detenha neles;
5.
Aprenda com sua sombra; enfrente seus dragões;
6.
Seja sempre um aprendiz;
7.
Direcione sua vida para um propósito superior;
8.
Lute por uma causa justa e não abra mão dos seus
princípios e valores;
9.
Diga sim a si mesmo. Não desista de você!
10.
Aceite o chamado e viva a sua vida plenamente!
Juntamente com Juan Danilo Rodriguez, espírita e médico
equatoriano, Íris e Cláudio Sinoti, psicoterapeutas,
Divaldo conduziu mais uma rodada de análise das
respostas para a pergunta inicial desse grandioso
evento: O que te falta para tornar-se um herói?
Suas abordagens conduziram para a compreensão de que
todos são possuidores de todas as ferramentas e
condições necessárias para alcançar o sucesso, o que
falta é o emprego da vontade, de não valorizar o belo, e
colocando-se no lugar dos que padecem sofrimentos e
condições espirituais, físicas e materiais precárias.
Trabalhar na caridade é o melhor antídoto para as
aflições e dores, isto é, fazendo todo o bem possível,
no limite máximo de suas forças, dignificando a atual
encarnação.
Conjecturando sobre as emoções e os sentimentos, Divaldo
Franco narrou o encontro de Jesus com a mulher vendedora
de ilusões, ocorrido nas escadarias do Templo, em
Jerusalém, quando o Mestre recusou, peremptoriamente, o
seu convite para estar com ela no dia do seu
aniversário. Decorridos dois anos, ei-la em uma furna,
coberta de chagas leprosas, purulentas. Jesus vai ter
com ela, acolhe-a, diz-lhe que agora está ali aceitando
o seu convite, acaricia sua cabeleira úmida de pus,
dizendo-lhe: Eu te amo! Descubro em teus olhos uma
estranha chama. Não me censures. Eu assim procedo porque
te amo. Já que teu corpo não te serve para nada, dá-me
tua alma! E aquela ovelha que o Pai me confiou não se
perderá! Vem comigo e eu te darei a paz.
Saindo da furna, em direção do povo, Ele fala para
todos: Vinde a Mim todos vós que estais cansados e
aflitos, tomai sobre vós meu jugo, recebei o meu fardo e
aprendei Comigo que sou manso e humilde de coração! Meu
fardo é leve, Meu jugo é suave! Vinde a Mim!
Em
18 de abril de 1857, eis que Jesus volta, é a peregrina
luz, agora na condição de consolador, aquele que havia
prometido quando entre os encarnados esteve ensinando o
amor. É a Doutrina Espírita, fulgurante farol a balizar
a rota segura para a plenitude, para a vivência do amor,
para Deus. É Ele no seio da humanidade!
Finalizando, o ínclito orador, irmão de mãos perfumadas
pela caridade, incentivou a que cada um levasse na mente
a imagem daqueles dois olhos a fitar, convidando, sem
temer o mal e os dragões da alma, a segui-lo,
exercitando suas imorredouras lições de amor, de perdão,
de caridade, lutando e cantando aos ouvidos moucos, nos
desertos da desesperança humana, a amar aos que se
encontram próximos e aos que são refratários e ainda
malévolos.
A
beleza e a harmonia das músicas, belamente
interpretadas, elevando o padrão emocional dos
presentes, criou um ambiente de confortável equilíbrio
ao longo de todo o evento. As apresentações musicais
estiveram sob a responsabilidade das cantoras líricas Anatasha
Meckenna, melodiosa, e Vanda Otero, ambas
possuidoras de poderosa voz harmônica e de Tânia
Moreira, tecladista.
Foi
lançado, e está disponível, o aplicativo Mansão do
Caminho, voltado à divulgação do Espiritismo através da
tecnologia e da mobilidade. Seus desenvolvedores são
André Pinto e Leonora Nedia.
Embalados, todos, nas aragens do amor e tocados na
intimidade da alma, exteriorizavam júbilo pelo encontro
que finalizava, acolhendo os ensinamentos, as
orientações para bem se conduzirem nesta e noutras
existências da vida. Na certeza de que todos se sentiam
agradecidos, aqui traduzo essa gratidão, mesmo que
silenciosa no imo de muitos: Obrigado querido irmão!
Tens-nos convidado insistentemente ao despertar. Teu
esforço, tua luta, tua dedicação, teu amor são hinos de
louvor ao Nazareno que vem ter conosco, os leprosos da
alma. Muito obrigado!
Nota do autor:
As
fotos desta reportagem são de Jorge Moehlecke.