Chico Xavier narrou fatos interessantes ocorridos
durante uma visita que fez à Penitenciária de São Paulo.
No momento, comentava-se sobre o livro ‘Falou e
Disse’, sua linguagem, colocação de recados etc. E
com aquele seu modo simples de falar, sua humildade para
colocar fatos e situações, ele começou:
–
Sabe que na Penitenciária de São Paulo o livro está
entrando muito? Já fui lá duas vezes, antes de ficar
doente. A Diretoria da Casa pediu àqueles que quisessem
ouvir a prece e a palestra, se inscrevessem: 542 se
inscreveram. Eu estive com esses 542 companheiros. Foi
um encontro tão agradável que tive vontade de passar
férias na cadeia. Não para ficar descansando, mas pra
conversar toda noite com os que pudessem conversar,
mesmo na cela, porque lá há espíritos brilhantes,
maravilhosos.
– Na
cela há espíritos maravilhosos?
–
Ali dentro da Penitenciária.
– Na
condição de preso, né?
– De
presos.
Desses 542, um me disse:
–
Pois é, Chico Xavier, nós somos tratados por números.
Muitos são os presos e os cárceres, então têm que
colocar número 3, 14, isso dá muito desgosto. Então eu
disse assim:
–
Meu filho, quem é de nós hoje que não é tratado por
número? É número de telefone, de carro, de casa, do CEP,
não sei de quê, do CIC, nós ainda estamos com mais
números que você. Só que agora estamos na cela ambulante
e vocês estão na fixa.
Eles
riram muito.
Há
muita gente boa presa, nós temos que compreender a
situação deles...
Do
livro Entender Conversando , de Chico Xavier e
Emmanuel.