Focando o alvo sem tantos mimimis
Ao terminar de ler a curta mensagem rapidamente no
abençoado meio de comunicação whatsapp, não pude deixar
de rir sozinha aqui no meu cantinho em Londres, meu
little palace. (Depende de nós, termos o
nosso palácio dentro de uma choupana humilde se vivermos
em harmonia, ou vivermos num palácio físico, mas
inferno consciencial.)
Pois é. Nos últimos anos observa-se uma verdadeira
Catarata do Iguaçu ou um Rio Amazonas jorrando no mundo
inteiro com palestrantes trazendo modalidades de estudos
diferentes, alguns querendo atualizar Kardec, outros
copiando programas laicos para o meio espírita como
plataforma de divulgação, outros ainda falando
verdadeiras barbaridades como se conhecessem André
Luiz-Espírito. Uma verdadeira competição, a qual atinge
mais países, maior número de ouvintes ou leitores, para
assegurar as maiores fatias do “mercado espírita”, na
promoção de suas vidas profissionais.
Competição saudável gera o bem, mas competição
ambiciosa, nociva, gera insegurança e caladas
insatisfações. Seria saudável se todos tivessem um pouco
do bom senso de nosso foco, Allan Kardec. O fato é que
pequenos grupos se fragilizam, são atraídos por essas
“novidades” que, quando espremidas, dá para ver que são
um
band-aid
imediato que tapa a ferida aberta, mas não traz o
remédio salutar para a cura do problema da alma, para
que a ferida se cure e não volte.
Somente o estudo “paulatino” das Obras ou vídeos de
Allan Kardec, Chico Xavier, Divaldo Franco, Suely Caldas
Schubert, Marlene Rossi, Alberto Almeida, Haroldo Dutra,
Nestor Masotti e outros nomes confiáveis que não são
mencionados aqui, e que têm o bom senso de passar a
informação e estudos verdadeiramente espíritas.
Respeitamos todos que trabalham com outras religiões,
espiritualismo etc., mas se estamos num grupo espírita,
são estudos básicos que devemos realizar e divulgar, e
não forçarmos outras modalidades profissionais modernas,
usando a plataforma do Movimento Espírita para promoção
pessoal ou desviando o tempo e mente de novatos no
movimento espírita ou no grupo espírita, que acaba
absorvendo a novidade e nem conhecendo os ensinos
espíritas. Fora da Casa espírita, cada um é livre para o
que quiser fazer, mas oferecer a tribuna da Casa
Espírita requer um cuidado maior; somente quem de
direito e empenho na divulgação dos postulados espíritas
deve ser aceito.
Lendo o livro Estude e Viva, deparei-me com esta
mensagem propícia, que peço licença recordar:
ESPÍRITAS, MEDITEMOS
Um templo espírita é, na essência, um educandário em que
as leis do Ser, do Destino, da Evolução e do Universo
são examinadas claramente, fazendo luz e articulando
orientação, mas, por isso, não deve converter-se num
instituto de mera preocupação academicista.
Manterá o simpósio dos seareiros experientes, sempre que
necessário, mas não o situará por cima da obra de
evangelização popular.
Alentará a tribuna em que o verbo primoroso lhe
honorificará os princípios, diante de assembleias cultas
e atentas; contudo, não se esquecerá do entendimento
fraternal, de coração para coração, em que os
companheiros mais sábios se disponham, pacientemente, a
responder às perguntas e a sossegar as inquietações dos
menos instruídos.
Fornecerá informações preciosas aos pesquisadores da
Verdade, na esfera dos conhecimentos superiores que
veicula; no entanto, trabalhará com maior devotamento em
favor dos caídos em provação e necessidade, que lhe
batem à porta, esmagados de sofrimento.
Prestigiará a ciência do mundo que suprime as
enfermidades e valorizará o benefício da prece e o do
magnetismo curativo, no socorro aos doentes.
Divulgará o conceito filosófico e a frase consoladora.
Propiciará o ensino, multiplicando o pão.
Um templo espírita, revivendo o Cristianismo, é um lar
de solidariedade humana, em que os irmãos mais fortes
são apoio aos mais fracos e em que os mais felizes são
trazidos ao amparo dos que gemem sob o infortúnio.
Nesse sentido, é lícito recordar os apelos endereçados
pelo Mundo Espiritual aos espíritas, através da
Codificação Kardecista, no item 4, do capítulo XX, de
O Evangelho segundo o Espiritismo, que nos apontam
rumo certo.
Pois é! Meu amigo médico Dr. Jorge Daher, em uma de suas
viagens para terras de além-mar, lançou uma campanha em
sua conferência: “MAIS KARDEC E MENOS MIMIMIS”.
Elsa
Rossi, escritora e palestrante radicada em Londres, é
membro da Comissão Executiva do Conselho Espírita
Internacional (CEI) e coordenadora do CEI para a Ásia e
Oceania.