Hora da história
Livros não mudam o mundo, quem muda são as pessoas. Os
livros só mudam as pessoas.
Mario Quintana
A criança estabelece uma relação imaginativa com o mundo
a partir do terceiro ano de vida. Essa relação persiste
até, mais ou menos, os nove anos de idade. Essa é a
época apropriada aos contos de fadas, o contato regular
com conteúdos da literatura infantil que oferecem
valores fundamentais à criança.
Acalentada pela voz do narrador (o pai ou a mãe), a
criança que ouve história tem linguagem e pensamento
estimulados, despertando para o bem e o belo, as forças
morais: a coragem, a responsabilidade, a solidariedade,
o senso de justiça, a honestidade. Em cada conto, um ato
aparentemente banal pode, por exemplo, ser marcado por
uma imensa generosidade:
“Assim que acordou, Elisa deixou a caverna e foi em
busca das urtigas. As folhas queimavam seus dedos ao
colhê-las, mas ela não chorou, não gritou, nem mesmo
sussurrou um ai.”(*)
Nos dias de hoje, entre aceleração e ruído da
tecnologia, a hora da história é essencial para o
bem-estar das crianças. Ouvir histórias lhes estimula
fantasia criativa, instrução e memória. Porque os
enredos são organizados de forma que conteúdos
emocionais, por exemplo, possam ser inferidos das ações
dos personagens, o que favorece a construção da ética e
da cidadania nas crianças, embasando o caráter, a
confiança na força do bem, o entendimento sobre as
nuances do mal.
Cinderela,
Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho e
tantos outros personagens de contos de fadas nos
acompanham desde as nossas impressões de infância. São
parte integrante de nossa cultura e formação como
leitores e, portanto, aptos a promover a nossa
capacidade de imaginação, nosso amor pelo livro, segundo
um elaborar gradativo do pensar livre e crítico.
Toda criança tem direito à antologia dos Irmãos Grimm,
às narrativas de Hans Christian Andersen, e demais
narrativas pertinentes à infância, porque os contos de
fadas tratam de valores e sentimentos humanos
universais, ensinam que o altruísmo não é ingenuidade,
sinalizando que o egoísmo nunca nos levará à
felicidade...
Afortunada a criança que ouve histórias.
Abraços, uma alegre semana!
Notinha
Crie para o seu filho a "hora da história". Se na escola
um bom horário é após o recreio, em casa a hora ideal
pode ser antes de a criança dormir. Dê livros nos
aniversários e em outras datas comemorativas. Leve seu
filho para passear em livrarias, para visitar
bibliotecas. Estimule feira de livros usados nas
escolas, no bairro, nas instituições diversas, no
município. Afinal, “quem mal lê, mal ouve, mal fala,
mal vê”, já avisou Monteiro Lobato de modo prudente.
*Cf. Os Cisnes Selvagens. In:
Minhas histórias de Andersen. Matheus, Andrew;
Snow, Alan. Tradução de Eduardo Brandão. SP: Cia das
Letrinhas, 2012, p. 62.