Confiança e trabalho
“Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou
aquilo”. (Tiago, 4:15.)
(...) “Age para o bem, sabendo que apenas o bem guarda
força bastante para o sustento da paz”. ¹
Se imaginarmos o mundo como um templo respeitável, onde
cada pessoa permanecesse em estado de adoração contínua,
certamente, de nada adiantaria, pois os problemas que
surgissem, fossem quais fossem eles, não seriam
resolvidos e o mundo que nos foi confiado, morreria.
A cada dia da nossa existência, somos abençoados com
infinitas possibilidades de fazer o bem, o útil ou o
nobre, e somente a incorporação dessa atitude, no nosso
dia a dia, será capaz de promover e sustentar a paz,
iniciada sempre – já tantas vezes – dentro de nós.
Se não estamos em paz conosco, não somos capazes de
fazê-lo com o mundo, porque nenhum culto exterior, mesmo
cuidadoso, não importa a crença, salvaria o planeta ou
nosso mundo íntimo.
(...) “Se o conhecimento superior já te clareia o
espírito, não desconheces que todas as realizações estão
subordinadas à Divina Supervisão.”¹
O conhecimento que possuímos – vale lembrar que são
migalhas diante da Sabedoria de Deus – é o que temos
para ofertar a Ele, aguardando que Sua misericórdia
conceda-nos a oportunidade de compartilhá-lo com nossos
companheiros de jornada. O conhecimento nobre exige
atividade nobre – “A fé, se não tiver obras, é morta em
si mesmo e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas
obras”. (Tg, 2:17).
Dentro e fora de nós a fé deve reinar sublime. De nada
adiantam orações primorosas, louvores e cânticos se, ao
nosso redor, existem campos de trabalho ao desamparo.
Fundamental se torna, portanto, a materialização desse
conhecimento.
“Não te creias, desse modo, em comunhão com a Divina
Majestade, simplesmente porque te faças cuidadoso no
culto externo da religião a que te afeiçoas.”²
Emmanuel com clareza adverte a todos nós da necessidade
de estabelecermos, em nossa vida, os binômios: Prece –
Trabalho; Santuário – Oficina; Cultura – Caridade e
Ideal – Realização. Jesus é o exemplo indiscutível e não
há como fugir dessa realidade.
“A criatura humana dispõe de livre arbítrio para criar o
destino, porém, cada individualidade, nesse ou naquele
plano de existência, atua num campo de terminado de
tempo.” ¹
Cada criatura encontra-se, por ora, em um momento
evolutivo próprio, o que nos mostra que – se quisermos
ver – não é possível cobrar do outro o que ele ainda não
tem para nos dar. É como pretender que uma criança que
se inicia nas primeiras letras leia e compreenda um
texto complexo. É como querer que amemos a Deus quando,
na verdade, mal conseguimos amar o próximo.
Continuamos, ainda, de situação em situação,
queixando-nos de Deus, da sorte, do abandono dos santos
de nossa devoção, dos nossos guias espirituais, culpando
o outro pelas nossas aflições, com tempo sobrando para
lamúrias e queixumes, sentindo-nos perseguidos e
desamparados, sem terminarmos o serviço pelo qual nos
responsabilizamos e repetindo as mesmas lições, como
aluno que não aprende. Insistimos em não aceitar a ideia
de que somos os gestores de nossa existência, mas, sim,
subordinados passivos de ordens superiores. Tão mais
fácil culpar o outro – não importando quem ou o que
seja... Tão menos trabalhoso que aceitar a realidade,
refazendo caminhos...
Entretanto, o tempo – Ah, o tempo!... – nosso grande
aliado, vem em nosso socorro. Todos nós paramos um dia
para o exame das nossas obras: tiranos, santos,
malfeitores ou heróis... Porque, indiscutivelmente, em
cada um de nós, a consciência se apresentará, frente à
Justiça Divina, a nos cobrar exame e reparação. É a Vida
a nos dizer: “Basta! Não mais”.
Por tudo isso, mister se faz que formemos nossos planos
de ação – com erros, acertos ou novos aprendizados – na
busca da elevação, tudo fazendo, tudo usando, seja
inteligência, autoridade, palavras, laços afetivos,
dinheiro, atendendo ao Bem, pois crendo ou não,
aceitando ou não, a verdade é que caminharemos com nossa
tarefa até o ponto em que Deus permitir.
Somente quando aprendermos – e aprenderemos! - a
confiar na Lei da Vida, é que reconheceremos que tudo é
patrimônio divino.
Bibliografia:
XAVIER, F. C. – Palavras de Vida Eterna –
ditado pelo Espírito Emmanuel – 20ª edição – CEC Editora
– Uberaba/MG – lição 105 (1), lição 5 (2) e lição 106.