Artigos

por Leda Maria Flaborea

 

Confiança e trabalho


“Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo”. (Tiago, 4:15.)


(...) “Age para o bem, sabendo que apenas o bem guarda força bastante para o sustento da paz”. ¹


Se imaginarmos o mundo como um templo respeitável, onde cada pessoa permanecesse em estado de adoração contínua, certamente, de nada adiantaria, pois os problemas que surgissem, fossem quais fossem eles, não seriam resolvidos e o mundo que nos foi confiado, morreria.

A cada dia da nossa existência, somos abençoados com infinitas possibilidades de fazer o bem, o útil ou o nobre, e somente a incorporação dessa atitude, no nosso dia a dia, será capaz de promover e sustentar a paz, iniciada sempre – já tantas vezes – dentro de nós.

Se não estamos em paz conosco, não somos capazes de fazê-lo com o mundo, porque nenhum culto exterior, mesmo cuidadoso, não importa a crença, salvaria o planeta ou nosso mundo íntimo.

(...) “Se o conhecimento superior já te clareia o espírito, não desconheces que todas as realizações estão subordinadas à Divina Supervisão.”¹

O conhecimento que possuímos – vale lembrar que são migalhas diante da Sabedoria de Deus – é o que temos para ofertar a Ele, aguardando que Sua misericórdia conceda-nos a oportunidade de compartilhá-lo com nossos companheiros de jornada. O conhecimento nobre exige atividade nobre – “A fé, se não tiver obras, é morta em si mesmo e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras”. (Tg, 2:17).

Dentro e fora de nós a fé deve reinar sublime. De nada adiantam orações primorosas, louvores e cânticos se, ao nosso redor, existem campos de trabalho ao desamparo. Fundamental se torna, portanto, a materialização desse conhecimento.

“Não te creias, desse modo, em comunhão com a Divina Majestade, simplesmente porque te faças cuidadoso no culto externo da religião a que te afeiçoas.”² Emmanuel com clareza adverte a todos nós da necessidade de estabelecermos, em nossa vida, os binômios: Prece – Trabalho; Santuário – Oficina; Cultura – Caridade e Ideal – Realização. Jesus é o exemplo indiscutível e não há como fugir dessa realidade.

“A criatura humana dispõe de livre arbítrio para criar o destino, porém, cada individualidade, nesse ou naquele plano de existência, atua num campo de terminado de tempo.” ¹

Cada criatura encontra-se, por ora, em um momento evolutivo próprio, o que nos mostra que – se quisermos ver – não é possível cobrar do outro o que ele ainda não tem para nos dar. É como pretender que uma criança que se inicia nas primeiras letras leia e compreenda um texto complexo. É como querer que amemos a Deus quando, na verdade, mal conseguimos amar o próximo.

Continuamos, ainda, de situação em situação, queixando-nos de Deus, da sorte, do abandono dos santos de nossa devoção, dos nossos guias espirituais, culpando o outro pelas nossas aflições, com tempo sobrando para lamúrias e queixumes, sentindo-nos perseguidos e desamparados, sem terminarmos o serviço pelo qual nos responsabilizamos e repetindo as mesmas lições, como aluno que não aprende. Insistimos em não aceitar a ideia de que somos os gestores de nossa existência, mas, sim, subordinados passivos de ordens superiores. Tão mais fácil culpar o outro – não importando quem ou o que seja... Tão menos trabalhoso que aceitar a realidade, refazendo caminhos...

Entretanto, o tempo – Ah, o tempo!... – nosso grande aliado, vem em nosso socorro. Todos nós paramos um dia para o exame das nossas obras: tiranos, santos, malfeitores ou heróis... Porque, indiscutivelmente, em cada um de nós, a consciência se apresentará, frente à Justiça Divina, a nos cobrar exame e reparação. É a Vida a nos dizer: “Basta! Não mais”.

Por tudo isso, mister se faz que formemos nossos planos de ação – com erros, acertos ou novos aprendizados – na busca da elevação, tudo fazendo, tudo usando, seja inteligência, autoridade, palavras, laços afetivos, dinheiro, atendendo ao Bem, pois crendo ou não, aceitando ou não, a verdade é que caminharemos com nossa tarefa até o ponto em que Deus permitir.

Somente quando aprendermos – e aprenderemos!  - a confiar na Lei da Vida, é que reconheceremos que tudo é patrimônio divino.

 

Bibliografia:


XAVIER, F. C. – Palavras de Vida Eterna – ditado pelo Espírito Emmanuel – 20ª edição – CEC Editora – Uberaba/MG – lição 105 (1), lição 5 (2) e lição 106.


 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita