Sheila Simões, autora do livro O Rei Maltrapilho,
diz qual é a proposta da obra
Conceitos psicológicos e espíritas mostram um caminho
para a transformação saudável de crianças e adolescentes
através do livro
Uma obra voltada para o público infantojuvenil traz, de
forma suave e lúdica, conceitos evangelizadores
presentes em livros espíritas e em consonância com as
principais linhas psicológicas.
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A autora Sheila Simões
(foto) é facilitadora do Grupo de Estudos da
Psicologia Espírita de Joanna de Ângelis da AMERGS e
Sociedade Caminho da Luz, |
localizados em Porto Alegre (RS). |
Foi evangelizadora da infância e juventude, e hoje
é expositora espírita e atua profissionalmente como
psicóloga clínica de indivíduo, casal e família.
Sheila falou-nos sobe seu livro na entrevista a seguir.
Como você teve a ideia de escrever O Rei Maltrapilho?
No decorrer do trabalho com os grupos de estudo,
resgatei uma estória desenvolvida no ano 1992, que
escrevi para ilustrar o conceito da reencarnação para
evangelizandos. A narrativa inicial contava a trajetória
de um rei que precisava aprender as verdadeiras
coisas boas da vida. Nunca a publiquei. Em 2015
resgatei esta estória pela memória e, ao reinventá-la,
me foi intuído sobre a necessidade de prepararmos
crianças e adolescentes para lerem Joanna de Ângelis.
Com isso, me inspirei em uma citação de Carl Gustav
Jung, no qual o ego, como centro da consciência, pensa
que é o rei em seu castelo – psique – mas é apenas o
porteiro e descobre que o verdadeiro rei é o self –
Espírito. Este é o sentido condutor da estória do
Maltrapilho. A semente foi plantada duas décadas antes e
o livro O Rei Maltrapilho é aquela primeira
estória, agora mais madura e focada neste propósito de
trabalhar o autoconhecimento com crianças da fase
pré-adolescente e também com adolescentes, apesar de ser
um livro lindamente ilustrado.
Por que escrever para o público infantojuvenil?
Se começarmos a desenvolver na criança o propósito da
reencarnação, focando no Espírito e não no ego,
estaremos preparando as futuras gerações de adultos mais
autoconscientes e dispostos a estudar a obra de Joanna
de Ângelis sem amarras, com maior aceitação, pois
estarão mais familiarizados com os conceitos
psicológicos e também mais bem preparados para lidar com
seus aspectos psíquicos. Allan Kardec, em A Gênese,
anunciou que as crianças das gerações futuras seriam
Espíritos mais evoluídos, que renovariam a humanidade.
Nos grupos de estudo da Série Psicológica de Joanna de
Ângelis, em que sou facilitadora, encontramos
dificuldade entre os adultos diante do conteúdo
ofertado. O motivo pode ser por que eles próprios nunca
se trabalharam psiquicamente e sentem resistência em
aprender esses conteúdos, mas é uma mudança de paradigma
necessária para a nova fase de regeneração em que vamos
entrar. Sabemos por Divaldo Franco que os teóricos da
Psicologia como Freud, Jung, Adler entre outros,
referenciados por Joanna de Ângelis, foram seus
discípulos na espiritualidade. Eles haviam assumido o
propósito de mudar o enfoque da psicologia no mundo ao
reencarnarem, porém não conseguiram cumpri-lo
totalmente. Joanna de Ângelis faz referência aos
conceitos da Psicologia com naturalidade, integrando-os
ao vocábulo espiritista: “O Self não é apenas um
arquétipo-aptidão, mas o Espírito com as experiências
iniciais e profundas de processos anteriores...”
Quais os conceitos educacionais que o livro desenvolve?
À primeira leitura, O Rei Maltrapilho traz uma
estória simples e familiar, com situações reconhecidas
na mitologia, nas parábolas de Jesus e nos aspectos
morais do Evangelho. Este é o primeiro conceito a ser
observado, pois trata-se de um conteúdo reconhecido em
todos nós: os arquétipos.
Arquétipos são padrões de comportamentos comuns a
todas as pessoas, em todos os tempos da humanidade, que
se repetem indefinidamente cada vez que a experiência é
vivida. Para o adulto, a trajetória do Maltrapilho pode
mexer com as certezas em relação à vida e despertar para
a própria saga evolutiva. Contudo, será que para as
crianças e adolescentes se daria da mesma forma? Pode-se
afirmar que para esta faixa etária os aspectos a serem
explorados estão à disposição mais naturalmente, já a
consciência é mais receptível à linguagem que fala
diretamente à alma: a simbólica.
O principal padrão a ser trabalho é o da
transformação, o encontro com o Eu maior/Self
desenvolvido na relação do Maltrapilho com o velho
súdito/Rei. São explorados, também, conceitos em relação
ao ego como o egoísmo e o orgulho; a raiva e outras
emoções; a troca de roupa como simbolismo da imagem
social que representamos; o reconhecimento da caridade e
humildade e a importância de nos descobrirmos na relação
com o mundo, despertando a consciência ecológica para
com os animas, a flora e a fauna. Na contracapa, o
pós-texto traz algumas informações para os adultos que
vão orientar as crianças e lá consta a pergunta
essencial da obra: “Será que somos o senhor todo
poderoso em nossas vidas?”
Como a Doutrina Espírita está inserida neste contexto?
A Doutrina Espírita permeia diversas passagens da
narrativa, começando com a proposta de romper a cegueira
das aparências, o reconhecimento da humildade e da
descoberta do bem em atitudes simples. O velho súdito
sugere que o reizinho - egocentrado - saia do castelo e
descubra as “verdadeiras coisas boas da vida”, fazendo
referência à importância de nos relacionarmos com o
mundo fora de nós para reconhecer nossa realidade íntima
no contato com o coletivo.
O Maltrapilho propõe este paradoxo, vivendo os fatos
cotidianos ao invés de esconder-se em atitudes
supérfluas, divagações vazias e racionalizações. Somente
quando ele sai para a vida entra em contato com a sua
sombra, a realidade que ele não percebia e necessitava
reconhecer. Esta é a grande ilusão que todos nós
vivemos. No entanto, ao retornar para o reino, também
retorna para dentro de si, como um Filho Pródigo, onde
acontece o confronto necessário para o ego descobrir-se.
Assim, esta trajetória de autoconhecimento pode mostrar
ao leitor que somos como o Maltrapilho, seres carentes
de compreensão, de oportunidade e da misericórdia
divina.
Somente quando vivermos nossa humanidade com coragem e
aceitação, sem julgamentos frívolos, é que teremos a
resposta à pergunta que cedo ou tarde nos fazemos:
“Se, se, se você é o Rei, quem eu sou afinal?”
Sobretudo, quando os evangelizadores, mães e pais
explorarem com as crianças cada descoberta do
Maltrapilho, estarão proporcionando ao ego em formação a
oportunidade precoce de perceber-se menor em relação ao
maior que é o Espírito – Deus em nós. Este é o momento
de despertar do Si profundo que Joanna de Ângelis nos
ensina em sua belíssima obra de 16 volumes.
Algo mais que você gostaria de acrescentar sobre esta
obra?
O Rei Maltrapilho
é o início de um longo processo que pretendemos
desenvolver com evangelizadores, mães e pais atentos ao
ser espiritual em cada criança. Para isso, vamos
promover junto à Federação Espírita do Rio Grande do Sul
– FERGS – uma oficina piloto de treinamento
com os evangelizadores para validar a proposta e
proporcionar os esclarecimentos dos aspectos do livro a
serem explorados em aulas, integrando Joanna de Ângelis
ao programa da Evangelização. Estamos prevendo, também,
a continuidade da aventura para trabalhar outros
conceitos presentes na obra da mentora.
Nota da autora:
Para adquirir a obra basta fazer
contato com a Editora Francisco Spinelli. Para isso,
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