Entre os Dois
Mundos
(Parte 17)
Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do
livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria de
Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P.
Franco no ano de 2004.
Questões preliminares
A. Os familiares de Jean-Jacques continuaram
desencarnados, no estado de erraticidade, desde os
acontecimentos ocorridos na França, quando os huguenotes
foram cruelmente perseguidos pelos católicos?
Não. A esposa, os filhos e o próprio Jean-Jacques
reencarnaram depois daqueles acontecimentos. A
reencarnação de Jean-Jacques foi, contudo, tormentosa,
enquanto as dos familiares caracterizaram-se por
experiências enobrecedoras que mais os fizeram crescer.
Essa é a causa da diferença entre as condições
espirituais dele e as da mulher e seus filhos.
(Entre os dois mundos. Capítulo 13: Doutor Emir Tibúrcio
Reis, o missionário.)
B. O tempo exerce papel importante na regeneração do
culpado?
Sim. Mas, segundo José Petitinga, não devemos esquecer
que o tempo real para o espírito não é aquele medido por
meio de fusos horários. É o que diz respeito ao
pensamento e às vivências espirituais. Eis por que a
mensuração, nas emoções do amor e do ódio, é feita por
intermédio das suas variantes ou permanentes expressões
adotadas.
(Entre os dois mundos. Capítulo 13: Doutor Emir Tibúrcio
Reis, o missionário.)
C. Como era a psicosfera reinante no hospital
psiquiátrico dirigido pelo dr. Emir Tibúrcio Reis?
Vibrações de variado teor de energias envolviam o
hospital. Enquanto ressumava ondas sucessivas de
coloração escura exalando odores desagradáveis, era ele
beneficiado por lampejos semelhantes aos raios que
dissolviam parte da densidade, abrindo campo para que
jorros de claridade multicor penetrassem nas
instalações materiais. No local, a movimentação de
encarnados e de desencarnados era muito grande. Além dos
numerosos adversários desencarnados que se misturavam
com os pacientes, outros espíritos vadios e promíscuos
ali se utilizavam das circunstâncias para locupletar-se
nas viciações mentais condensadas em formas agressivas e
pastosas, frutos da ideoplastia enfermiça dos
internados. Em compensação, também se encontravam ali
infatigáveis trabalhadores desencarnados, em atividade
beneficente. Eram enfermeiros
cuidadosos, familiares
abnegados, médicos devotados, mensageiros da saúde e do
amor, sustentando as estruturas morais, psíquicas e
espirituais do sanatório.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 13: Doutor Emir Tibúrcio Reis, o missionário.)
Texto para leitura
152. Na sequência das explicações relativas ao caso
Jean-Jacques, cujos familiares vieram em seu socorro,
Petitinga informou que nos séculos transcorridos, desde
os lamentáveis fatos ocorridos na França, a esposa, seu
marido e os filhos haviam, sim, reencarnado. A
reencarnação de Jean-Jacques fora, contudo, tormentosa,
enquanto as dos familiares caracterizaram-se por
experiências enobrecedoras que mais os fizeram crescer.
Explicou Petitinga: “Nunca devemos esquecer que o tempo
real para o espírito não é aquele medido por meio de
fusos horários, mas, sim, o que diz respeito ao
pensamento e às vivências espirituais. Eis por que a
mensuração, nas emoções do amor e do ódio, é feita por
intermédio das suas variantes ou permanentes expressões
adotadas. Agora, poderão visitá-lo em nossa
esfera,
e certamente recorrerão a um programa reencarnatório
juntos, quando as feridas do enfermo serão cicatrizadas
e o amor reuni-los-á por definitivo”.
(Entre os dois mundos. Capítulo 13: Doutor Emir Tibúrcio
Reis, o missionário.)
153. Depois de algumas horas de repouso, a equipe
socorrista foi convidada a visitar um hospital
psiquiátrico onde trabalhava abnegado seareiro que viera
à Terra para contribuir com o seu progresso,
dedicando-se com afã na área em que desenvolvia o seu
ministério no socorro aos alienados mentais. Ali
chegando, o grupo deparou uma imensa construção,
formada por diversos edifícios, envolta em vibrações de
variado teor de energias. Enquanto ressumava ondas
sucessivas de coloração escura exalando odores
desagradáveis, era ela beneficiada por lampejos
semelhantes aos raios que dissolviam parte da densidade,
abrindo campo para que jorros de claridade multicor
penetrassem nas instalações materiais. A movimentação de
encarnados e de desencarnados era muito grande. Além dos
numerosos adversários desencarnados que se misturavam
com os pacientes, uns seus inimigos, outros espíritos
vadios e promíscuos que se utilizavam das circunstâncias
para locupletar-se nas viciações mentais condensadas em
formas agressivas e pastosas, frutos da ideoplastia
enfermiça dos internados, também se encontravam ali
infatigáveis trabalhadores desencarnados, em atividade
beneficente. Eram enfermeiros
cuidadosos, familiares
abnegados, médicos devotados, mensageiros da saúde e do
amor, sustentando as estruturas morais, psíquicas e
espirituais do sanatório.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 13: Doutor Emir Tibúrcio Reis, o missionário.)
154. Na sala do diretor, o grupo viu um moço de
aproximados trinta anos de idade, simpático e jovial,
concentrado em um prontuário que examinava atentamente.
“Este é o nosso irmão Dr. Emir Tibúrcio Reis –
esclareceu o Orientador – que reencarnou com objetivos
muito bem definidos, quais os de contribuir com as
terapias espíritas em favor dos pacientes mentais.
Havendo cursado, por longos anos, academias em nossa
esfera, dedicadas ao estudo da mente humana e das
relações existentes entre o espírito, o perispírito e
as suas impressões no corpo físico, volveu ao plano
terrestre com valiosas possibilidades de renovar a
terapêutica existente, oferecendo possibilidades outras
valiosas, que vai somando às denominadas alternativas.”
O jovem se encontrava muito bem assessorado por
eminente
Entidade,
que se acercou da equipe socorrista, saudando-a com
euforia e exteriorizando grande contentamento com a
visita sob a direção do Dr. Arquimedes, que conhecia e
estimava. “Aqui está o caro Dr. Ximenes Vergara –
explicou o mentor – encarregado de administrar
espiritualmente este complexo hospitalar e muito amigo
do nosso Dr. Emir, a quem trouxe de nossa Comunidade
para o atual ministério a que se entrega.”
(Entre os dois mundos. Capítulo 13: Doutor Emir Tibúrcio
Reis, o missionário.)
155. O mentor acrescentou: “Nosso amigo e benfeitor é
pioneiro, na Terra, dos estudos acerca das
psicopatologias, especialmente dedicado à esquizofrenia,
que esquadrinhou com cuidado quanto lhe permitiram os
dias difíceis da sua última existência, no fim
do século XIX e metade do
XX... Naquela ocasião, dispondo apenas da observação
acurada, dos estudos empíricos do passado e dos
critérios definidos por Freud, assim mesmo pôde oferecer
uma grande contribuição à Ciência psiquiátrica,
auxiliando no diagnóstico, no tratamento e nos cuidados
que se devem ter em relação ao paciente mental. As suas
admiráveis investigações e colaboração ainda permanecem
válidas na Psiquiatria e na Psicologia, especialmente no
que diz respeito aos fatores da hereditariedade, da
constelação familiar, do ambiente social, do estresse,
entre outras significativas para o surgimento do
distúrbio esquizofrênico”. O Dr. Ximenes sorriu,
simpático, e esclareceu: “A Ciência médica ainda se
depara com grandes dificuldades para a constatação e
terapia apropriada para esse terrível conflito do
espírito, por avaliar somente o ser fisiológico,
enquanto desconsidera aquele que é o real. O nosso
esforço atual consiste em chamar a atenção dos
estudiosos da Psiquiatria, para que aprofundem o bisturi
da investigação na psicogênese dos distúrbios mentais e
comportamentais até alcançarem a alma encarcerada no
corpo físico. É o que vimos fazendo nesta clínica,
rompendo as comportas do classicismo acadêmico, de forma
que sejam gerados espaços para os valiosos contributos
espirituais”.
(Entre os dois mundos. Capítulo 13: Doutor Emir Tibúrcio
Reis, o missionário.)
156. Nesse momento, uma
enfermeira adentrou-se na sala e convidou o Dr. Emir a
atender um paciente que fora vítima de uma crise de
agressividade, embora estivesse sob cuidadosa terapia
química de controle. Convidados pelo Dr. Ximenes, que
conhecia o enfermo e a sua problemática, Manoel
Philomeno e seus colegas acompanharam o médico e a
auxiliar até um quarto, no qual depararam com um jovem
vestido em camisa de força, que esbravejava com o olhar
esgazeado, totalmente transtornado. Ao identificar o
psiquiatra, pôs-se a rir e a zombar dos seus recursos,
que não conseguiam modificar-lhe o quadro. Muito calmo,
o jovem médico aproximou-se e falou-lhe com voz
pausada: “É claro que os recursos médicos não chegam até
o sofrido irmão espiritual, que se utiliza do paciente
para mais afligi-lo. Nada obstante, cooperam para o
refazimento das áreas cerebrais afetadas pela conduta
infeliz que ele próprio manteve no passado e de que o
amigo desencarnado se utiliza para mais o infelicitar”.
Colhido de surpresa, o perturbador espiritual
descarregou: “Essa não é a sua área, não lhe sendo
permitido, portanto, adentrar-se em campo que não lhe
pertence”. O psiquiatra respondeu: “É o que o amigo
pensa. Não existem campos específicos, quando a dor se
estabelece em qualquer criatura, especialmente no ser
humano. O Amor de Deus está presente em toda parte e é
esse amor que nos induz a compreender-lhe a perseguição
cruel e insana que desencadeia contra nosso irmão, já,
em si mesmo, infeliz”.
(Entre os dois mundos. Capítulo 13: Doutor Emir Tibúrcio
Reis, o missionário.)
157. O obsessor replicou:
“Infeliz sou eu, que ainda padeço as consequências do
mal que ele me impôs injustamente”. O psiquiatra
observou: “Estou de pleno acordo com parte da sua
conclusão. No que se refere à aflição injusta, a
informação é destituída de fundamento, porque nada
ocorre sem que haja uma causa anterior que o
desencadeia. Quanto ao amigo ser infeliz, isto sucede
somente porque lhe apraz, já que a Divindade nos concede
a terapêutica do amor, da compaixão, do perdão, para
superar os traumas e aflições de que somos vítimas.
Posso dar-me conta de que, por certo, já se encontra
cansado da punição que deseja aplicar naquele que o
infelicitou, parecendo-me chegado o momento da sua
própria libertação, não é verdade?” Diante da pergunta,
o Espírito disse que mesmo que ele se afastasse,
deixando o enfermo livre, isso em nada lhe modificaria o
quadro de desventura, porque era ele o responsável único
pelo destrambelho que impôs ao cérebro desorganizado de
que não se poderia utilizar de maneira útil. Tratava-se,
na sua opinião, de “um maldito verdugo que não merece
amor, compaixão nem perdão”.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 13: Doutor Emir Tibúrcio Reis, o missionário.)
158. Após ouvir as
ponderações do infeliz obsessor, o psiquiatra foi direto
ao ponto: “Não discuto os méritos ou deméritos do
paciente, antes analiso a sua situação de vítima que
pretende transformar-se em algoz desnecessariamente,
semeando hoje altas quotas de desespero que se
transformarão em tempestades aflitivas para o futuro e
que desabarão sobre você mesmo. Deixá-lo, não será bom
apenas para ele, mas principalmente para que seja
alcançada a felicidade que você merece. Rompendo o laço
do desforço, você estará livre para novos cometimentos
por meio dos quais experienciará a harmonia interior que
não tem fruído. Quanto a ele, o seu infortunado
prejudicador, não fugirá de si mesmo nem da Justiça de
Deus”. “Irei pensar. Não me perturbe mais com os seus
argumentos insuportáveis. Irei pensar...”, disse enfim
o Espírito. Ato contínuo, recebendo o auxílio espiritual
do Dr. Ximenes, que estava em ação socorrista e
telecomandando o raciocínio do jovem psiquiatra, o
adversário deslindou-se da incorporação tormentosa. O
paciente entrou em sono profundo, como efeito da
medicação que vinha tomando, das energias calmantes que
recebeu e da ausência da influência perversa do seu
antagonista. “Como vimos – explicou o dirigente
desencarnado da clínica – nosso paciente é vítima de
pertinaz obsessão, enquanto que, por decorrência da
conduta arbitrária que se permitiu, renasceu com os
ferretes da esquizofrenia, de que necessita para reparar
os males praticados, transtorno esse que decorre de um
mosaico de sintomas e de distúrbios de outra ordem.”
(Entre os dois mundos. Capítulo 13: Doutor Emir Tibúrcio
Reis, o missionário.)
159. Naquele
estabelecimento nem todos os médicos eram espíritas. Por
esse motivo, Dr. Emir conseguiu que se reunissem, uma
vez por semana, a fim de discutirem as problemáticas
dos pacientes, as terapias aplicadas, os seus resultados
e, de quando em quando, fosse realizado um estudo mais
profundo sobre determinada psicopatologia. Naquele
momento seria examinada a esquizofrenia, sob as
vertentes acadêmica e espírita. A equipe socorrista,
convidada pelo dirigente espiritual do hospital,
dirigiu-se ao local da reunião, um recinto simpático,
pintado em tom pérola, onde, em torno de uma grande
mesa, estava reunida a equipe médica do hospital. O Dr.
Emir saudou-os jovialmente, enquanto solicitou a um
auxiliar que fosse buscar o prontuário que houvera
deixado sobre o seu móvel, quando fora chamado para
socorrer o paciente em crise. Atendido, sentou-se, por
sua vez, à cabeceira, e após ligeiros comentários foi
iniciada a reunião sem mais delongas. O Dr. Ximenes (o
mentor espiritual do estabelecimento) acercou-se-lhe,
envolveu-o em fluidos enriquecedores de paz e,
praticamente tomando-lhe o comando do raciocínio,
facultou-lhe iniciar os estudos reservados para aquele
dia. (Entre os
dois mundos. Capítulo 13: Doutor Emir Tibúrcio Reis, o
missionário.)