Em mensagem publicada na seção de Cartas desta edição, a
leitora Christina Paes Lacerda escreveu-nos:
Fui católica por muitos anos e aprendi, com os diversos
sermões que ouvi, que o aborto jamais deve ser
praticado, seja qual for o motivo, porque é um crime
diante das leis divinas. Pergunto: esse entendimento é
igual no Espiritismo?
Sim, os ensinos espíritas são semelhantes ao
entendimento exposto pela leitora, com uma única
exceção, o chamado aborto terapêutico, que objetiva
salvar a vida da gestante posta em perigo com a
continuação da gestação. O assunto é tratado nas
questões 358 e 359 d´O Livro dos Espíritos, de
Allan Kardec.
Excetuado esse caso, o aborto é, no entendimento unânime
dos Espíritos superiores, um doloroso crime. Uma mãe ou
quem quer que seja cometerá crime sempre que, sem motivo
válido, tirar a vida a uma criança antes do seu
nascimento.
Três erros comete a gestante que pratica ou permite que
se realize o aborto sem justa causa.
O primeiro: impede que um Espírito reencarne e, por
conseguinte, progrida.
Segundo: recusa um filho que talvez represente o
instrumento que Deus tenha dado a ela e a seu
companheiro para ajudá-los na jornada evolutiva, através
dos cuidados, das renúncias, das preocupações e
trabalhos que teriam.
Terceiro: transgride o mandamento divino “Não matarás”.
Como todo crime, é óbvio que as consequências do aborto
não são nada agradáveis para as pessoas envolvidas nessa
prática.
Segundo o ensinamento espírita, o aborto delituoso é um
dos grandes fornecedores das moléstias de etiologia
obscura e das obsessões catalogáveis na patologia da
mente, que ocupam vastos departamentos de hospitais e
prisões da Terra.
Com relação ao tema obsessão decorrente da prática do
aborto, vale a pena ler três interessantes depoimentos
que Suely Caldas Schubert inseriu no cap. 9 da terceira
parte do seu livro Obsessão/Desobsessão.
A mulher que o promove ou que venha a coonestar
semelhante delito é constrangida, por leis irrevogáveis,
a sofrer alterações deprimentes no centro genésico de
sua alma, predispondo-se a dolorosas enfermidades, como
a metrite, o vaginismo, a metralgia, o enfarte uterino
ou a tumoração cancerosa, flagelos esses com os quais,
muita vez, desencarna, demandando o Além para responder,
perante a Justiça divina, pelo crime praticado.
Além disso, a mulher que corrompeu voluntariamente o seu
centro genésico – informa André Luiz no seu livro
Ação e Reação, obra mediúnica psicografada pelo
médium Chico Xavier – poderá receber numa determinada
existência, na condição de filhos, Espíritos com
tendência para o crime ou o suicídio, regenerando assim
as energias sutis do perispírito através do sacrifício
nobilitante com que se devotará aos filhos torturados e
infelizes de sua carne, aprendendo a orar, a servir com
nobreza e a mentalizar a maternidade pura e sadia, que
acabará reconquistando ao preço de sofrimentos e
trabalho justos.
Esperamos que estas informações satisfaçam à expectativa
da leitora e de todos que nos honrarem com sua atenção.