Questões vernáculas

por Astolfo O. de Oliveira Filho

Dissemos oportunamente nesta revista que o vocábulo úmido – que significa levemente molhado; impregnado de água, de líquido, de vapor; que tem a natureza da água; aquoso – é grafado de forma diferente em Portugal: húmido, o que para nós, brasileiros, é um lusitanismo.

Um leitor pergunta-nos se o novo Acordo Ortográfico, firmado pelos países que têm o idioma português como a língua oficial, unificou a grafia do vocábulo mencionado ou tudo continua como antes.

Nada mudou com relação a esse e a diversos outros vocábulos que continuam sendo grafados de forma diferente por brasileiros e portugueses.

São vários os casos.

Com respeito ao uso do h inicial, a Base II do Acordo Ortográfico preconiza que o h inicial será empregado quando a etimologia assim o recomendar: haver, hélice, hera, hoje, hora, homem, humor, o que justifica o uso de húmido, válido na terra de Camões, visto que o vocábulo tem origem no adjetivo latino humidus.

Em outro ponto do Acordo é dito que h inicial será suprimido quando, apesar da etimologia, a supressão esteja consagrada pelo uso. É o caso de erva, ervanário e úmido, devendo lembrar-nos também de que o adjetivo latino humidus tem uma variante: umidus, de que certamente se originou a forma usada no Brasil.

Outro caso de divergência ortográfica é o adjetivo benfeito, que é grafado assim em Portugal, sem hífen.

No Brasil, o mesmo adjetivo é grafado com hífen: bem-feito, o que mostra que o Acordo Ortográfico ficou muito aquém das expectativas e do declarado  propósito de unificar as regras ortográficas da língua portuguesa, fato que simplificaria e tornaria, por conseguinte, mais fácil sua assimilação.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita