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por Maria De La Concepción Parada

 

Cristianismo, esperança sublime


Jesus é o mais notável Ser da humanidade. Sua vida e obra são as mais comentadas dentre todas as que já passaram pela civilização através dos tempos. Na Terra, foi demonstração sublime de amor puro e desinteressado que se deu a conhecer. O Ser Divino, o filho mais próximo de Deus, revestiu-se do corpo da matéria por amor e viveu entre os encarnados cumprindo com sabedoria a missão para a qual veio ao mundo físico. Vivendo em uma época em que predominava a ignorância em forma de sombra individual e coletiva, qual ocorre nestes dias, embora em menor escala, Jesus cindiu o lado escuro da sociedade e das criaturas, iluminando as consciências com a proposta de libertação pelo conhecimento da verdade e integração nos postulados soberanos do amor. Incompreendido, assediado pela astúcia e perversidade, perseguido, jamais se deixou vencer ou descuidar-se do objetivo para o qual veio, conseguindo perturbar os adversários inclementes com respostas sóbrias e lúcidas calcadas no reino de Deus cujas fronteiras se ampliavam, agasalhando todos os seres humanos sedentos de justiça, famintos de paz, carentes de amor.

Jesus pregou, orou e curou. Incansável em Suas demonstrações de fé revelou a vida futura, respeitando e compreendendo o grau de adiantamento dos povos, no dever sagrado de desvendar o véu que encobria a verdade. Mas, devido a esse adiantamento ser ainda pequeno naquela época, poucos o compreenderam e, ainda hoje, muitos não conseguem assimilar Suas palavras para não ter de reformular seu coração para o bem e aceitar o próximo como legítimo irmão.

O Mestre, no campo supremo das últimas horas terrestres, mostrava-se absoluto senhor de si, ensinando-nos a sublime identificação com os propósitos de Deus como o mais avançado recurso de domínio próprio. Sabendo de tudo o que iria acontecer, que era chegada a Sua hora, apossou-se D’Ele um desejo ardente de estar com o Pai. Suas palavras se tornavam cada vez mais doces e ternas. Seu semblante resplandecia como jamais os discípulos o tinham visto. A claridade brilhante que o transfigurava irradiava-se à sua volta.

Os discípulos observavam fascinados o Mestre, atentos para não deixar escapar nenhuma de suas palavras. Contudo, ainda não conseguiam entender a verdadeira dimensão do que estava acontecendo. Sentiam que Jesus lhes falava de Sua pátria de luz e que queria transmitir-lhes algo que pudesse enriquecer suas pobres vidas. Nenhum deles ousava interrompê-lo. Então, num magnífico elo de amor intercede por Si, por eles e por nós. Ele sabia que diante dos acontecimentos que estavam por vir, ficariam inseguros, temerosos, pois se Ele, Jesus, o escolhido por Deus, tinha sido incompreendido, o que iria acontecer com eles, seus seguidores?

Certamente, naquele momento, todos iriam se sentir fracos e desamparados. Necessitava, pois, encorajá-los não somente com palavras, mas com o seu imenso amor, prevenindo-os das dificuldades pelas quais iriam passar após a Sua partida. Na verdade Jesus estava anunciando sacrifícios e sofrimentos, não somente para eles, mas para todos que estivessem dispostos a seguir Seus ensinamentos. Entretanto, deixava claro que apesar das dificuldades nunca estariam sós; jamais lhes faltaria o amparo, a consolação, suplicando ao Pai que os santificasse na condição humana.

Anunciava sacrifícios e sofrimentos, mas nunca estariam órfãos. Seriam convocados a interrogatórios humilhantes, contudo, não lhes faltaria inspiração. Seguiriam atribulados, mas não angustiados; perseguidos, mas nunca desamparados. Receberiam golpes e decepções, mas não lhes seriam negadas a esperança e o conforto. Sofreriam flagelos no mundo, no entanto, suas dores abasteceriam os celeiros da graça e da consolação dos aflitos. O Senhor não prometeu aos companheiros senão continuado esforço contra as sombras até a vitória final do bem.

Por isso, o discípulo do Evangelho não deve esperar repouso quando o Mestre continua absorvido no espírito de serviço. Ele não veio nos livrar das faltas, mas ensinar-nos o caminho para superá-las. Não veio tomar sobre seus ombros os encargos de nossas transgressões, mas indicar-nos por meio das palavras edificantes dos Evangelhos como aprimorar nossas qualidades e aproximar-nos da perfeição possível. É impossível aguardar em Cristo um doador de vida fácil. Ninguém se aproxime dele sem o desejo sincero de aprender a melhorar-se. Se o Cristianismo é esperança sublime, amor celeste e fé restauradora, é também sacrifício e aperfeiçoamento incessante.

De nada vale partirmos do planeta se ainda nossos males não foram exterminados convenientemente. Podemos trocar de residência, mas a mudança é quase nada se nossas feridas nos acompanharem. Somos discípulos de Jesus e sabemos que todo aquele que serve o Senhor será forte candidato a habitar mundos melhores. Muitas são as moradas do Pai e um dia poderemos fazer parte delas. Mundos melhores a esperar por nós, mas, para que possamos habitá-los, teremos que passar por transformações e nenhuma delas ocorrerá sem sacrifícios e com alguns momentos de desajustes.

Depois do Sermão do Cenáculo, os apóstolos ficaram encarregados de preparar as gerações, ainda que houvesse muito a ser dito. O Espírito da Verdade ficaria encarregado dessa missão e os benfeitores invisíveis estariam sempre com todos que quisessem receber os ensinamentos. E é por isso que a Doutrina Espírita, na condição de Evangelho Redivivo, traça orientação clara e segura que nos traz esperança e consolo e, principalmente, a nos guiar, educando nossos sentimentos de solidariedade, fraternidade, para que sejamos um, em sintonia com os desígnios do Supremo Senhor.

Tantos séculos após a morte do Cristo, legiões de Espíritos permanecem ensinando aos seus irmãos da Terra a Lei de progresso, realizando a promessa de Jesus, restaurando a Sua doutrina.

O Espiritismo dá-nos a chave do Evangelho, trazendo moral superior definitiva, espalhando a verdade sobre os povos para que ninguém a possa destruir. Não é mais um homem, não é mais um grupo de apóstolos que se encarrega de fazê-la conhecida da humanidade. As vozes dos Espíritos proclamam-na sobre todos os pontos do mundo. Assim, a moral espírita edifica-se sobre os testemunhos de milhões de almas em todos os lugares, através dos médiuns que vêm revelar a vida além-túmulo, desvendando suas sensações, alegrias e dor.

Quando a mediunidade avança com o Evangelho, harmonizando-se com ele na plenitude do seu ideal, abre-se então como uma flor que vai despertando, transformando, perfumando onde quer que esteja, educando suas forças, disciplinando todos os impulsos na ordem divina de amar.

No Evangelho de Mateus, capítulo dez, versículo trinta e oito, Jesus nos diz: “E quem não tomar a sua cruz, e não seguir após mim, não é digno de mim”. Seguir os passos do Mestre requer renúncia, dedicação, entrega e esforço. Assim sendo, cada um de nós deve estar ciente da sua tarefa no mundo, tomando a sua cruz, carregando-a com amor incondicional, para que dessa maneira possamos superar os desafios, renovando-nos espiritualmente. Nenhum de nós procure destaque injustificável. Na direção ou na subalternidade, basta-nos o privilégio de cumprir o dever que a vida nos assinala, discernindo e elucidando, auxiliando e amparando sempre. O coração, motor da vida, trabalha oculto, e Deus que é para nós o Anônimo Divino palpita em cada ser sem jamais individualizar-se na luz do bem.

 

Bibliografia:


HENRIQUES, Sonia Tozzi – ditado pelo Espírito Luiz Ricardo – Sob a luz do Evangelho – Editora Panorama – São Paulo / SP -  2002 – página 9.

DENIS, Léon – Depois da Morte – 28ª edição – Editora FEB – Brasília /DF – 2008 – páginas 240 e 314.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita