Divaldo Franco: “Todos temos sede
de amor”
Na noite de 6 de novembro de 2017, após ter deixado a
capital dos gaúchos, no Brasil, Divaldo Pereira Franco
rumou para a capital da Argentina, Buenos Aires, na
companhia de amigos. Ao desembarcar, foi recebido pelos
queridos confrades Gustavo Martinez, presidente da
Confederación Espiritista Argentina, e Melciades
Lezcano, do Paraguai.
Rapidamente se acomodaram no hotel, rumando de imediato
para a sede da CEA onde já o aguardavam cerca de 300
pessoas ansiosas pelos esclarecimentos desse arauto do
Evangelho. A chegada à sede da Confederación se
constituiu em um momento de reencontro com velhos e
queridos amigos, afinal Divaldo já visita regularmente o
vizinho país há mais de 50 anos, período onde lá fundou
diversas sociedades espíritas.
Logo se fez um clima efusivo de amizade e alegria, ali
estavam espíritas do Equador, do Uruguai, do Paraguai,
do Brasil e da Argentina, naturalmente, contagiando a
todos, pois que aquele que abraça a Doutrina Espírita e
a busca estudar, aprofundar e vivenciar seus postulados,
logo desperta para valores que o preenchem e lhe dão
ânimo novo e alegria de viver.
Portador do verbo inflamado de seareiro comprometido com
Jesus, Divaldo Franco transferiu as homenagens recebidas
aos pioneiros do Espiritismo na Argentina, almas
corajosas que ousaram fincar a bandeira da Doutrina
Espírita naquele solo, que prossegue iluminando
consciências e dulcificando corações, bem como a Allan
Kardec e à Doutrina Espírita.
O eminente orador fez todo um retrospecto da história da
Psiquiatria na Universidade de Salpêtrière, em
Paris/França, e do jovem médico que ficou conhecido como
o pai da psiquiatria, Philippe Pinel (1745-1826),
e daqueles ditos loucos que se encontravam aprisionados
nos porões fétidos da Universidade, pelo crime de serem
portadores de enfermidades mentais.
Aprofundando a temática, apresentou toda a trajetória da
depressão, enfermidade que assola considerável números
de pessoas nos dias atuais, estando classificada como
pandemia. Igualmente discorreu sobre a esquizofrenia e a
psicologia em seus amplos aspectos. Enunciou os
trabalhos desenvolvidos por Paul Pierre Broca (1824-1880), cientista,
médico, anatomista, descobridor do centro do uso da
palavra no cérebro humano. Sua descoberta é fruto de
seus estudos sobre os cérebros dos pacientes com
incapacidade de falar. Outro ponto de destaque foi a
descrição e a utilização da técnica e do emprego do
eletrochoque como tratamento de diversas patologias
inerentes ao cérebro humano.
Citando Allan Kardec e O Livro dos Médiuns,
capítulo XXIII, adentrou-se pelo campo das obsessões,
sempre norteando sua fala com referências às obras
fundamentais do Espiritismo. Allan Kardec, destacou o
orador, é o exemplo que deve ser seguido por todo
expositor espírita, afinal falar sobre a Doutrina
Espírita sem utilizar-se das obras fundamentais e do seu
Codificador faz com que haja um afastamento do caminho
seguro que seus livros basilares representam.
Salientou que o Espiritismo é uma ciência. Uma ciência
de vida, que explica por que os indivíduos sofrem, por
que têm dores, que, afinal, são bênçãos que Deus envia
aos seus eleitos, assinalando que algo não está bem.
Então, como solucionar? Mudando de vida, buscando em si
mesmo a mudança moral para melhor. O Espiritismo
aproxima os homens de Jesus, que é o guia, o modelo para
a humanidade.
Ao modificar para melhor os hábitos, os indivíduos
conscientes deixam para trás as ondas mentais infelizes.
Em seus aprofundados estudos, contatos amiúdes com
Espíritos benfeitores e grande vivência, Divaldo Franco
esclarece que todos possuem inimigos, no corpo ou fora
dele, porém, o mais importante é NÃO SER inimigo de
ninguém, é não carregar mágoas ou ódios, que somente
infelicitam e enfermam.
É necessário vigiar,
observar e depois orar; portanto, Allan Kardec é o Philippe
Pinel, que libertou a humanidade das obsessões. Se
hoje experimentas o sofrimento, paciência, pois amanhã
estarás melhor na medida dos esforços e das escolhas que
fizeres para o bem.
Ao encerrar a belíssima conferência, que foi também uma
aula de psiquiatria, psicologia e mediunidade, Divaldo
recitou o Poema da Gratidão, de Amélia Rodrigues, que a
todos emocionou, promovendo um clima de harmonia.
Dúlcidas vibrações pairavam no ar. Foram momentos que
pareciam a eternidade, comovendo até às lágrimas, e
havia um sentimento de gratidão a esse trabalhador
incansável do Evangelho de Jesus, que, colocando as mãos
no arado do trabalho no bem, nunca mais olhou para trás,
e o semeador saiu a semear...
Conflitos existenciais
–
Retornando à sede da Confederación Espiritista
Argentina na noite de terça-feira, 7 de novembro de
2017, Divaldo Franco, dando prosseguimento ao roteiro
doutrinário pela Argentina, discorreu sobre a temática
dos conflitos existenciais para o atento público que
lotou as dependências da CEA.
Inicialmente apresentou o querido amigo Dr. Juan
Danilo Rodríguez, espírita, médico de família e
psicólogo, residente em Quito, no Equador, autor do
livro Alliyana, voltado ao auxílio aos portadores
da síndrome autista. Dr. Juan Danilo é exemplo da
grandiosidade da Doutrina Espírita. Seu trabalho diante
dos autistas é comovedor, despertando o interesse de
Divaldo que foi pessoalmente a Quito conhecer esse
trabalho extraordinário.
Adentrando-se na temática dos conflitos, o ínclito
orador afirmou que o mais notável desafio da criatura
humana é a própria criatura humana. Citando Emilio
Mira y Lopez (1896-1964), sociólogo, médico
psiquiatra, psicólogo e professor, referiu-se aos níveis
de consciência: a Personalidade, a Identidade, o
Conhecimento, a Consciência e a Individualidade. Todos
os indivíduos possuem conflitos em suas existências,
eles fazem parte da estrutura intelecto-moral.
Narrando as próprias experiências relativas aos
conflitos vivenciados ao longo de sua vida, apresentando
sempre as bases da Doutrina Espírita, adentrou-se na
reencarnação, que explica todas as aparentes "anomalias"
que surpreendem a vida. Enriquecendo sua lúcida
abordagem, discorreu sobre as experiências de
sofrimentos e dores atrozes vividas pelos irmãos do
caminho que o buscam como trabalhador de Jesus.
Socorreram-se em Divaldo para obterem um conselho e o
acolhimento de irmão verdadeiro, aquele que vive o
Evangelho e pratica a caridade como ensinou Jesus.
Naturalmente suas narrativas são, de certa forma, um
quadro vivo, levando a atenta plateia à emoção, tocando
a todos nas fibras íntimas da alma, trazendo exemplos de
vivências de muito sofrimento, loucura e dor. Quando
Divaldo, esse homem extraordinário, esse amigo, irmão,
entra em nossas vidas, como portador do mais importante
de todos os títulos, o de trabalhador fiel a Jesus, e
trilhando os caminhos da Doutrina Espírita, libertadora
e consoladora, ajuda-nos a despertar para a realidade
mais profunda do ser, a de Espíritos imortais.
A plateia parecia não respirar, completamente absorvida
pela emoção das narrativas, em que cada pensamento era
perfeitamente trabalhado à luz dos conceitos da Doutrina
Espírita e do Evangelho de Jesus. “A reencarnação é o
amor do Pai promovendo a evolução dos filhos amados”,
disse ele.
A ciência espírita é isso, todos possuem conflitos, e
como viajantes do caminho aperfeiçoam-se pelo trabalho
incessante. A vida, afirmou Divaldo, está dividida entre
Narciso e Buda, ou seja, entre o Ego e o Self.
Todos somos irmãos pela fraternidade universal, é
necessário realizar a mudança interior para melhor,
aprender a repartir, compartilhar com os irmãos do
caminho. Jesus necessita e espera por nós, como nós
necessitamos do seu infinito amor.
Com frases-conceito, Divaldo foi elucidando. “Todos
temos sede de amor, o amor se basta”, disse ele. Cada
alma é uma individualidade que pensa e não deve julgar
ninguém, afinal, não conhecemos nem a nós mesmos.
Citando o ínclito codificador do Espiritismo, Allan
Kardec, fez referência à pergunta 919 de O Livro dos
Espíritos, chamando a atenção para a urgente
necessidade do autoconhecimento ensinado por Santo
Agostinho. O amor liberta os indivíduos do seu próprio
ego, promovendo a felicidade, porque Deus é amor. Nos
momentos difíceis, recordar-se de Deus. Vale a pena
viver, e para viver é necessário amar.
Ao encerrar, o incansável seareiro do Cristo conduziu a
atenta plateia a um clima de sensibilidade e emoção,
embargando a todos. Seus exemplos, suas vivências,
trouxeram ânimo novo para que também busquemos estes
caminhos assinalados por Divaldo com base em sua própria
experiência.
Na Sociedade Espírita Joanna de Ângelis
– Encerrando sua passagem pela Argentina Divaldo Pereira
Franco e amigos foram recebidos pelos irmãos da
Sociedade Espírita Joanna de Ângelis, fundada no ano
1962 por Divaldo e alguns amigos. Na noite do dia 8 de
novembro, os confrades desta Sociedade receberam o
querido amigo Dr. Juan Danilo Rodríguez, apresentado por
Divaldo, que relembrou aqueles dias quando da fundação
dessa importante casa de Joanna de Ângelis, em Buenos
Aires. Dr. Juan é médium, psicólogo, médico de família,
fundador do primeiro centro espírita de Quito, no
Equador, onde também fundou e mantém uma organização
voltada à terapia e cura do autismo.
Juan Danilo, falando sobre a alma, desde a antiguidade,
destacou a trajetória dos gregos, dos povos romanos, até
chegar à figura de Jesus, asseverando que todos trazemos
feridas na alma. Citando Allan Kardec com a concepção de
que há vida após a morte orgânica, inaugurou a era do
pensamento e da saúde da alma. Desta forma a Doutrina
Espírita vem auxiliar, não apenas a ter fé, mas a
compreender a fé, crendo e sabendo por que crê.
Comparando os pensamentos de Lao-Tsé e Buda, destacou
que somente Jesus falou do amor, esta força que nos
ajuda a viver e a superar qualquer conflito.
Discorrendo sobre o amor, Dr. Juan narrou suas próprias
experiências de sofrimento e dor. Afinal, órfão,
vivenciou muitos desafios, quase sempre na ausência de
carinho, de amor, de um abraço amigo. Quem de nós não
quer ser amado?, questionou o querido palestrante.
Citando a pergunta 487 de O Livro dos Espíritos,
fez referência ao limitador do amor, o egoísmo, que nos
leva a pensamentos equivocados pela nossa pouca
evolução.
As feridas da alma surgem em variadas etapas de nossas
vidas, afirmou. Carregamos essas feridas, projetando-as
muitas vezes naqueles que convivem conosco ou que cruzam
o nosso caminho. Todos temos feridas emocionais que nos
limitam os passos. Dando destaque aos ensinamentos da
benfeitora Joanna de Ângelis, asseverou que quando somos
maduros psicologicamente, amamos e procuramos dar de nós
mesmos, porém, quando ainda somos crianças psicológicas,
desejamos essencialmente ser amados, tal como crianças
feridas.
Através de narrativas de algumas de suas vivências, Juan
Danilo trouxe com o seu verbo a simplicidade, a
humildade, os valores verdadeiros que hoje escasseiam, à
medida que aumenta o vazio existencial. Falou dos
caminhos que adotou para curar as feridas de sua alma,
para poder, só então, falar aos irmãos do caminho,
olhando-os na face com a tranquilidade daquele que busca
expor sobre o seu próprio modo de viver.
O querido orador chamou a atenção sobre como as coisas
simples da vida podem nos fazer muito bem, agindo com
naturalidade, com simplicidade, sem preocupações
excessivas. Nossa compreensão moral, nossa ética, é o
que nos define. Jesus definiu a ética convidando-nos a
amar Deus e ao próximo como a nós mesmos. Os problemas
que surgem em nossas vidas, em verdade, são crises
curativas que nos ajudam a avançar e a nos fortalecer.
Juan Danilo é alguém que fala com o coração aos
corações. Suas emoções e reflexões profundas a todos
sensibilizaram, criando uma psicosfera de profunda
harmonia e paz. Ao encerrar sua conferência todos
estavam emocionados. Pairavam no ar júbilos de alegria.
O querido amigo Divaldo Franco, retomando a palavra,
encerrou as atividades da noite convidando a todos para
reflexões mais aprofundadas sobre a temática abordada. O
Semeador de Estrelas, juntamente com o Dr. Juan, atendeu
a todos que os buscaram para autógrafos e saudações
fraternais.
Dessa forma, encerrado o encontro, assomou-nos à mente a
humilde gruta que na sua simplicidade recebeu o maior de
todos os seres que já pisou no planeta, Jesus. A casa de
Joanna de Ângelis, na capital argentina Buenos Aires,
apesar de pequena, faz lembrar uma família que se reúne
para orar. Os verdadeiros valores do homem de bem, a
amizade e a fraternidade de irmãos, ali encontramos logo
que adentramos essa verdadeira oficina de amor.
Assim se encerrou o breve roteiro em solo argentino do
Semeador do Cristo, Divaldo Franco, que prossegue, no
limite de suas forças, a semear, atendendo ao chamado do
Cristo de Deus.
Texto: Ênio Medeiros
Fotos: Mayra Cortés e Ênio Medeiros