A Teoria
atual do caos
Teoria do caos consiste na ideia de que pequenas
mudanças no início de um evento podem desencadear
alterações drásticas, profundas e imprevisíveis ao longo
do tempo. (Edward Lorenz, 1917-2008.)
Atualmente, muito se fala do caos instalado na nossa
cidade, no nosso estado, no nosso país e nosso planeta.
Meditando sobre isso, começo a perceber que Deus permite
que isso aconteça porque, infelizmente, o indivíduo só
começa a se movimentar, reagir e modificar após a famosa
dor, que pode ser física, moral ou material. Eu chamaria
essa dor, como alguns já citaram, o caminho da cura.
A dor que nos ensina a não errar nas nossas escolhas.
Todos os dias, ficamos estarrecidos com a violência que
impera em nosso Estado. Dizemos: isso é o caos! Ficamos
indignados com tanto desamor, descaso e incompetência de
vários matizes das autoridades, pois as que têm o dever
de defesa ficam engessadas pelo medo, pelo despreparo,
pela indiferença, não conseguindo ir além do horizonte,
que ainda não está perdido.
É a partir do caos que as grandes mudanças na Humanidade
acontecem. Precisamos ter tido o conhecimento do
ocorrido na Segunda Guerra Mundial e no atual Estado
Islâmico, para entendermos o horror da guerra.
Necessitamos presenciar tsunamis, furacões, vendavais,
entre outros, para podermos praticar a solidariedade
entre povos.
Necessitamos presenciar operações como Lava Jato,
Calicute, entre outras, para termos a esperança de uma
mudança, mesmo que pareça tardia. Quem poderia imaginar
que um dia os grandes cairiam? E a eliminação da sujeira
que ainda impera nas esferas superiores é questão de
tempo. Muitos ainda cairão.
Verificamos, a partir desse caos, a queda das máscaras
daqueles que outrora se diziam perseguidos pela
ditadura, que também está contida no caos. Hoje,
revelam-se loucos, defendendo ideologias e governos que
mostram ser dos mais tirânicos da história; empenham-se
na defesa de um socialismo hipócrita, cuja ideologia tem
como finalidade transformar seres humanos em robôs com
deveres e sem direitos. Afinal, um povo com barriga
cheia e com pouca cultura é mais fácil ser manipulado.
Usar o dinheiro do povo, para um grupo que não tinha
necessidade de utilizar a Lei Rouanet, foi na realidade
moeda de troca para os defenderem em praça pública,
mesmo após todas as falcatruas cometidas. Afinal, isso,
sim, que é golpe!
Verificamos, hoje, as ditas comunidades vendidas a
grupos fascistas que ditam normas e tomam seus filhos
para serem soldados do crime organizado. Pessoas de bem
nessas comunidades ainda não conseguem entender que são
a maioria e que poderiam mudar o rumo da história, não
permitindo que eles se instalassem em seus espaços.
Muitos vão me dizer: É fácil falar! Você não vive nessas
comunidades! É verdade, mas lido com pessoas dessas
comunidades e verifico que, se elas soubessem dos seus
potenciais de mudança, tudo seria diferente. O caos
ainda não as despertou, mas já estão levando uma
sacudidela.
Por muito tempo me disseram que eu sofria de síndrome de
Poliana, pois sempre achava que as pessoas não eram más,
não eram invejosas e que tudo era azul. Comecei a levar
sacolejos da vida. Comecei a perceber que dizer a
verdade, ser tolerante, saber ouvir o próximo incomodava
a muitos. Com isso, já fico mais cautelosa em lidar com
o outro, estou exercitando a sabedoria do caos.
Mas o que este relato tem a ver com o caos?
Porque é através do caos que começamos a retirar o lodo
escondido no fundo do nosso eu; começamos a transformar
a inércia em ação no bem; começamos a prática da
caridade; começamos a reagir às ações danosas dos
governantes; e começamos a entender os desígnios de
Deus, que nos mostram verdadeiramente o caminho que
devemos seguir. Se soubermos olhar com os olhos de ver,
temos que agradecer o caos que, por hora, estamos
vivenciando. Pois, senão, estaríamos eternamente
deitados em berço falsamente esplêndido. Então, que
venha o caos para o vencermos e ele não se instalar mais
entre nós.