Estudando as obras
de Manoel Philomeno
de Miranda

por Thiago Bernardes

 

Entre os Dois Mundos

(Parte 20)

 

Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria de  Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco no ano de 2004.


Questões preliminares


A. Pode o obsessor desencarnado ficar preso aos despojos de sua vítima a partir do momento em que esta desencarna?

Sim. Nos casos de vampirização espiritual, enquanto a vítima, liberta do seu obsessor, é recambiada para a esfera espiritual, seu algoz poderá ficar imantado à sepultura do falecido por largo tempo em sua demência espiritual. Manoel Philomeno menciona nesta obra um caso desses. (Entre os dois mundos. Capítulo 14: Análise e observações novas.)

B. Podemos considerar a alienação mental uma provação necessária ao restabelecimento da paz no espírito rebelde?

Sim. Sob qualquer aspecto considera­da, a alienação mental não deixa de ser isto: uma áspera provação necessária ao restabele­cimento da paz no indivíduo que se equivocou e agiu com desconsideração para com as leis da vida. (Entre os dois mundos. Capítulo 15: Parasitoses físicas.)

C. Se os males atormentadores procedem do espírito, é possível evitá-los?

Sim. Se as pessoas saudáveis se permitissem visitar, ainda que perio­dicamente, alguma clínica psiquiátrica, é muito provável que se dessem conta da vulnerabilida­de do corpo físico e dos seus processos de desorganização, optando por diferente conduta mental e moral. Compre­enderiam de visu que os males atormentadores procedem do espírito, podendo ser evitados com muita facilidade, em cujo labor seriam aplicados todos os recursos que se multiplicariam em benesses compensadoras. Ilhadas, porém, nas sensações mais imediatas, nem todas se encontram despertas para entender os reais objeti­vos da existência humana, optando pelo gozo incessante ao invés da busca superior da felicidade. (Entre os dois mundos. Capítulo 15: Parasitoses físicas.)


Texto para leitura


174. Dando prosseguimento ao diálogo com Dr. Ximenes, Manoel Philomeno perguntou: “O estudo sobre esquizofrenia de que participamos, há pouco, não fez uma abordagem total do assunto, esgo­tando-o, não é verdade? Os demais médicos, por acaso, des­conheciam aquelas informações embora sendo psiquiatras?” Muito bem-humorado, o Mentor respondeu: “Claro que o tema é vastíssimo, havendo sido feita uma síntese até certo ponto desnecessária, somente para pos­sibilitar a introdução da proposta final, que é a terapia espírita. Os demais médicos recordavam-se dos aspectos e subgrupos do distúrbio, dos fenômenos geradores e dos comportamen­tos, das manifestações características, porquanto lidam com todos eles diariamente. Aquela foi uma forma simpática de expor um assunto delicado, qual seja o da introdução das no­vas terapias espirituais e espíritas especificamente, no corpo da doutrina já existente, ainda muito controvertida, dando ensejo a novos investimentos. O nosso Dr. Emir especializou-se, em nosso plano, em fluidoterapia e em psicoterapia (doutrinação) aos desen­carnados, bem como na aplicação dos recursos valiosos da oração, da meditação, das vibrações intercessórias, que len­tamente estão sendo confirmadas por estudiosos em diver­sas universidades do mundo físico. Excelente profissional cristão-espírita, ele tem sido modelo para os colegas, que muito o respeitam”. (Entre os dois mundos. Capítulo 14: Análise e observações novas.)

175. Segundo o Mentor, apesar de ser a clínica dirigida pelo Dr. Emir um departamento de uma associação espí­rita, nem todos os médicos e enfermeiros contratados eram militantes da Doutrina. Havia, no entanto, um imenso interesse dos seus mantenedores e diretores em aplicar os melhores recursos da Ciência convencional, mas também das admiráveis con­tribuições do Espiritismo, com a introdução de palestras doutrinárias e terapêuticas para os pacientes, de encontros semanais com os médicos, posteriormente com paramédicos e auxiliares. Tudo, porém, era apresentado com seriedade, discrição e técnica, a fim de não ferir escrúpulos, que sempre geram susceptibili­dades, nem provocar divisões. Assim, com habilidade psicológica e demonstrações de resultados felizes, trabalhava-se para uma adesão geral quanto possível, sem imposição nem constrangimento, desde que os procedimentos acadêmicos não seriam abandonados em momento algum. (Entre os dois mundos. Capítulo 14: Análise e observações novas.)

176. Dadas as explicações, Dr. Ximenes levou a equipe socorrista a um quarto em que se encontrava um enfermo igualmente em camisa de força, que estorcegava, balbuciando palavras desconexas, os olhos projetados além das órbitas e com manifestas características de uma con­vulsão de largo porte. Poucos minutos após o grupo chegar, ele atingiu o clímax dos espasmos, tombando no solo e con­torcendo-se dolorosamente, enquanto espumava e rilhava os dentes cerrados. A expressão da face congestionada era terrível, traduzindo um sofrimento incomum. Automaticamente, todos puseram-se a orar, envolvendo-o em vibrações de reconforto e apaziguamento, enquanto o Dr. Ximenes socorreu-o com passes bem direcionados, di­minuindo a intensidade da ocorrência até o momento em que o paciente asserenou. Os esfíncteres relaxados permitiram a elimi­nação de substâncias urinárias e fecais... De imediato, um auxiliar de enfermagem foi convo­cado ao auxílio e à higiene, colocando o paciente no leito, ainda adormecido, enquanto se providenciava o asseio do ambiente. (Entre os dois mundos. Capítulo 14: Análise e observações novas.)

177. Analisando a ocorrência, Dr. Ximenes informou: “Estamos diante de um distúrbio misto muito grave. O transtorno fisio­lógico leva-o à desorganização do raciocínio, à irreflexão, à alienação. Estando, porém, lúcido, em espírito, dá-se conta da perseguição de que se vê objeto, apavorando-se e trans­mitindo ao cérebro desregulado as emoções que não tem como exteriorizar com correção. Tenta articular palavras para traduzir o pensamento, e as neurotransmissões, torpe­deadas pela inarmonia que as interrompe, não conseguem decodificá-las em oralidade lógica, transformando-as em ruídos e vocábulos desconexos. Sob os acúleos da vingança do inimigo, tenta fugir, mas permanece fortemente vincu­lado ao corpo estropiado, experimentando um horror que não pode ser definido... É nesse momento que, agredido fi­sicamente pelo desafeto, entra em convulsão, gerando um quadro típico de epilepsia em face das características apre­sentadas e dos efeitos orgânicos”. Manoel Philomeno diz que no momento em que o enfermo silenciou pôde observar que o espírito vingador encontrava-se cola­do ao doente como se estivesse acoplado da cabeça aos pés, desde o cérebro, descendo pela coluna vertebral, em atitu­de mental exploradora de energias, e em comando total da sua mente entorpecida e envolta em sucessivas camadas de campos vibratórios degenerativos. A expressão de fúria e de prazer ante a vitória do desforço desenhava-lhe uma fácies única, terrível. (Entre os dois mundos. Capítulo 14: Análise e observações novas.)

178. Dr. Ximenes, retomando a palavra, informou: “Na década 1940-1950 o Dr. Ladislaus Von Meduna, em Budapeste, estudando os cérebros de esquizofrênicos e de epilépticos, em suas notáveis e contínuas necropsias, anotou algumas diferenciações entre eles, como resultado dos dis­túrbios de que foram acometidos. Essas diferenças levaram­-no a defender a tese, na qual a esquizofrenia e a epilepsia excluem-se, porquanto, encontrando-se instalada uma, a outra não se manifestaria. Assim concluiu, tendo em vista que a convulsão epiléptica produz a anóxia cerebral, impe­dindo o transtorno esquizofrênico, em razão dos resultados obtidos mediante as terapias realizadas pelo Dr. Sakel, por meio do choque insulínico, e mais tarde, pelo eletrochoque, ambos responsáveis pela ausência de oxigênio no cérebro, fator essencial, no conceito da época, para a recuperação da saúde mental. A tese encontra-se, na atualidade, totalmente ultra­passada. Diante de nós, está um quadro de esquizofrenia real e de epilepsia não orgânica, de natureza espiritual, em que a ação fluídica do desencarnado sobre o cérebro do paciente encarnado, produz-lhe a reação convulsiva. Caso a tese refe­rida tivesse validade, essa convulsão, mesmo que de ordem psíquica, teria caráter terapêutico, quando, em verdade, é mais desgastante para o organismo do enfermo, que mais se abate pela perda das energias vitais ao processamento das forças orgânicas”. (Entre os dois mundos. Capítulo 14: Análise e observações novas.)

179. Acrescentou o nobre psiquiatra: “Ambos os enfermos da alma encontram-se tão afinados que as nossas providências não podem violentar as leis que os unem, cabendo-nos o dever de compaixão para com os dois, até quando soe o momento da desencarnação do hospedeiro que, provavelmente, será liberado da constrição do seu temí­vel adversário, que poderá permanecer ligado aos despojos carnais que explorou, em alucinação indefinível e prolongada”. O Dr. Arquimedes, muito interessado, interrogou: “Já foi tentada a psicoterapia espiritual da palavra libertadora?” Dr. Ximenes respondeu: “Sem dúvida, mais de uma vez. Obstinado, porém, incapaz de registrar qualquer outra onda mental, em face da fixidez do seu propósito mórbido, entrega-se ao parasitismo de que também se nutre, na razão direta em que depaupera aquele que lhe concede energia. O conhecimento que temos das leis divinas faculta-nos entender que somente o tempo conseguirá aquilo que, no momento, nos é vetado, a fim de não violentarmos o livre-arbítrio dos litigantes ferrenhos”. (Entre os dois mundos. Capítulo 14: Análise e observações novas.)

180. Observando os chakras do enfermo em destrambelho vibratório e a perda do fluido vital pela ação nefasta, o enfermo encontrava–se em estágio próximo da desencarna­ção. Com isso, ele seria recambiado para esfera espiritual e o paciente-algoz de momento, por eleição própria, ficaria imantado à sepultura do vampirizado por largo tempo na sua demência espiritual. Manoel Philomeno diz ter ficado bastante aturdido ante os novos ângulos dos acontecimentos, que antes lhe haviam passado despercebidos, quais o do vampiro desencarnado continuar preso aos despojos da sua vítima, agora em liber­dade da sua sanha feroz. “Como o pensamento é o detonador de todas as necessi­dades humanas, na Terra ou fora dela!”, reflexionou longamente. “Conforme se pensa, elabora-se o que se torna essencial para a existência física ou espiritual.” Mais uma vez, meditando sobre a bênção do amor, pôde então novamente constatar a sublimidade de que esse sentimento se reveste para a edificação da felicidade do espírito humano. (Entre os dois mundos. Capítulo 14: Análise e observações novas.)

181. Parasitoses físicas – A alienação mental, sob qualquer aspecto considera­da, não deixa de ser áspera provação necessária ao restabele­cimento da paz no espírito rebelde. A perda do raciocínio e a incapacidade de exercer o autocontrole geram no indivíduo situações calamitosas, de­sagradáveis, infelizes. Se as pessoas saudáveis se permitissem visitar, perio­dicamente que fosse, alguma clínica psiquiátrica ou mesmo outras encarregadas de atender portadores de enfermidades degenerativas como Parkinson, Alzheimer, câncer, hansení­ase, é muito provável que se dessem conta da vulnerabilida­de do corpo físico e dos seus processos de desorganização, optando por diferente conduta mental e moral. Compre­enderiam de visu que os males atormentadores procedem do espírito, podendo ser evitados com muita facilidade, em cujo labor seriam aplicados todos os recursos que se multi­plicariam em benesses compensadoras. Ilhadas, porém, nas sensações mais imediatas, nem todas se encontram despertas para entender os reais objeti­vos da existência humana, optando pelo gozo incessante ao invés da busca superior da felicidade. Esse processo inevitável de conscientização aconte­cerá, sem dúvida, e para que logo chegue, todos devemos contribuir com os nossos melhores recursos, diminuindo as consequências lamentáveis da imprevidência moral e dos seus desregramentos que desbordam nos conflitos in­dividuais e sociais. (Entre os dois mundos. Capítulo 15: Parasitoses físicas.) (Continua no próximo número.)

 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita