Ano Novo: a chama da
esperança
Provavelmente, toda a pessoa otimista e,
concretamente, o povo português, sempre entende
que qualquer situação “ainda podia ser pior”,
o que significa que “do mal, o menos”,
isto é, com o advento de um novo ano, algo pode
mudar, natural e desejavelmente, para melhor, é
o que toda a gente mais ambiciona.
No Ano Novo também se festeja o “Dia Mundial
da Paz”. Seguramente que neste primeiro dia
do ano, quem é que, entre outros valores não
deseja: a Paz, a Segurança, a Estabilidade em
todas as suas dimensões; e, já agora, quem não
pretende que também a Solidariedade, o Amor, a
Amizade, a Lealdade, a Humildade, a Gratidão, a
Felicidade e tantos outros bens imateriais, que
se refletem na vida das pessoas, sejam uma
realidade?
Agora é tempo de uma nova esperança, num futuro
melhor, para todas as pessoas, independentemente
da sua condição estatutária. É o primeiro dia de
muitos dias, meses e anos que se pretendem de
sucesso, de Felicidade, de conforto espiritual e
material, porque estes dois bens são
inseparáveis.
Em todos os Anos Novos, renasce uma promissora
expectativa. O mundo, no seu todo e,
particularmente, as gentes de todas as condições
acreditam que será possível um futuro melhor,
basta que todas as pessoas para isso queiram
contribuir: seja com os seus comportamentos
compreensivos, tolerantes e cooperantes; seja
com uma forte determinação em eliminar as
consequências negativas que transitaram do ano
passado, corrigindo erros, melhorando atitudes.
O Ano Novo deverá levar-nos a refletir sobre o
que poderemos melhorar, o que deveremos refazer,
ou começar tudo de novo. É tempo de fazer o
balanço de um ano de convivência com os nossos
semelhantes, seja em que contexto for: familiar,
profissional, social, cultural, político,
religioso, lazer ou qualquer outro.
É essencial que, independentemente das afrontas
de que tenhamos sido vítimas; do desdém a que
nos tenham votado; das rejeições que sofremos ao
longo do ano anterior, tenhamos, agora,
condições para apelar a quem, de alguma forma,
nos “humilhou”, para que cessem com esses
comportamentos desumanos.
É tempo de reacendermos a chama de uma nova
esperança, de uma nova oportunidade para a boa
convivência, para a solidariedade, para a
amizade, para a lealdade, para a humildade e
para a gratidão. Não podemos ignorar quem nos
tem feito bem, sob várias perspetivas, sem nunca
pedir nada em troca, a não ser a retribuição
daqueles valores e atitudes.
Para este novo ano de 2018, deseja-se apaziguar
os conflitos locais, regionais e internacionais,
como também as crispações nacionais que, em
determinados setores da vida pública, se fazem
sentir, e que não conduzem a resultados que
sejam favoráveis ao bem-estar das populações.
É inaceitável pensar-se, exclusivamente, no
interesse próprio, mesmo que isso seja legítimo,
do ponto de vista de quem assim procede,
todavia, se o todo estiver bem, igualmente, as
partes também estarão. O coletivo social deve
estar ao serviço da pessoa verdadeiramente
humana, tal como esta, também, tem o dever de
colaborar nos projetos coletivos.
Em todos os Anos Novos se renovam votos para um
futuro auspicioso. As promessas, oriundas dos
diferentes setores da sociedade, por vezes
também se fazem ouvir, mas, passado este dia de
júbilo, de paz e de esperança, infelizmente,
quase tudo volta ao ponto “zero”, ou seja, tudo
como dantes, e isso não pode acontecer.
As pessoas carecem, têm direito de saber com o
que podem contar no futuro. Ninguém deverá ter a
arrogância: de “publicitar fantasias”; de
ludibriar justas e legítimas expectativas; pelo
contrário, quem detém o poder, qualquer que este
seja, tem a obrigação de zelar pelo bem-estar de
quem lhe está subordinado.
Neste novo ano, talvez seja acertado iniciar uma
reflexão: em como e no que podemos melhorar os
nossos princípios, valores e sentimentos, e
aplicá-los aos nossos semelhantes,
eventualmente, começando por retribuir-lhes
todas as atenções recebidas ao longo do ano
transato, todas as gentilezas, todas as
amabilidades e todas as palavras, gestos e
apoios arrecadados. Será um bom princípio para
alimentar a chama da esperança, em manter
sentimentos e emoções, entretanto,
“espezinhados”.
Vamos todos acreditar, e contribuir, para que
2018 seja, finalmente, o início de uma longa era
de prosperidade, de conforto, de esperanças
renovadas, que nos podem alimentar, finalmente,
a certeza de um futuro verdadeiramente digno da
condição de toda a pessoa, genuinamente humana.
O passado, é isso mesmo, um pretérito que apenas
deve ser recordado para melhorarmos um presente
que, segundo a segundo, está conosco, mas,
principalmente, para nos projetarmos com vigor,
com a certeza de que temos capacidades inatas
para conquistar um futuro auspicioso que
merecemos.
Queiramos acreditar que todos juntos, sem ódios
nem intenções de vinganças, embora não
esquecendo os males que nos tenham feito, iremos
conseguir atingir objetivos materiais, bem como
outros, de natureza inefável, que
proporcionarão, finalmente, o reconhecimento da
grandeza e dignidade humanas.
“Estamos todos no mesmo barco”, ainda que
algumas pessoas se considerem superiores, por
qualquer circunstância da vida. A verdade,
porém, é que há situações que não escolhem
estatutos, sexos, idades e, numa qualquer
“esquina” da vida, e do mundo, nos encontramos:
umas vezes, por cima; outras vezes por baixo e,
quem hoje, desfrutando de uma qualquer
supremacia, e dela abusar para humilhar e
perseguir, quem está por baixo, amanhã, as
situações podem inverter-se, e, então, ninguém
gostará de receber as maldades que fez a outros.
Importa, refletir, maduramente, que estamos de
passagem. Não sabemos, verdadeiramente: de onde
viemos? Quem somos? Para onde vamos? Com o nosso
desaparecimento físico, talvez uma outra
dimensão, porventura, espiritual, se desvele,
não perante a pessoa terreste, talvez, face a
uma Entidade Divina.
Mas enquanto o desenlace físico não ocorre,
temos de conviver uns com os outros, o melhor
possível, porque: «O problema da convivência
não é apenas uma questão de estabilidade. Se
acharmos uma solução estável no sentido de poder
evitar as catástrofes da guerra e da fome, nem
mesmo assim teremos resolvido o problema. Há uma
exigência tão importante quanto essa: a de dar a
todo homem, dentro do quadro geral da
organização, um ambiente digno de seres humanos.
É preciso parar com a atual desumanização da
vida» (KERSTIN e ALFVÉN, 1969:155.)
O Ano Novo de 2018, também deve ser pensado, por
muito que nos custe e faça sofrer, na situação
das centenas de milhares de migrantes, das
centenas de mortes, dos milhares de crianças que
estão a sofrer autênticas desumanidades, que não
têm culpa nenhuma dos desmandos dos adultos, que
nem sequer pediram para nascer, mas que
continuam a ser as vítimas mais frágeis neste
mundo.
A Europa, dita civilizada, ancestralmente
defensora dos valores humanistas, onde Portugal
se inclui, não pode ficar indiferente a esta
catástrofe. Cabe aos povos das nações europeias,
e não só, como também a todos os governantes,
entenderem-se na resolução da situação de quem
está diminuído em quase todas as suas dimensões
humanas. Haja respeito, compreensão,
solidariedade, amor, benevolência, compaixão e
caridade pelos nossos irmãos migrantes.
Neste primeiro dia do ano, dia mundial da Paz,
deixo-vos sinceros votos para que este Ano Novo
seja vivido com muita alegria, Felicidade, amor,
serenidade e concórdia. Que, no que for
possível, nos reconciliemos, sem renunciarmos
aos nossos princípios, valores, sentimentos e
emoções. Que sejamos capazes de praticar a
solidariedade, a amizade, a lealdade, sempre com
humildade e gratidão, principalmente para com as
pessoas que já demonstraram estar
incondicionalmente do nosso lado, para o nosso
bem-estar material e espiritual.
Finalmente, de forma totalmente pessoal, sincera
e muito sentida, desejo a todas as pessoas que,
verdadeiramente, com solidariedade, amizade,
lealdade e cumplicidade me têm acompanhado,
através dos meus escritos um próspero Ano Novo e
que 2018 e muitas dezenas de anos que se seguem
lhes proporcionem o que de melhor possa existir,
e que na minha perspetiva são: Saúde, Trabalho,
Amizade/Amor, Felicidade, Justiça, Paz e a Graça
Divina. A todas estas pessoas aqui fica,
publicamente e sem reservas, a minha imensa
GRATIDÃO.
Bibliografia:
KERSTIN
e ALFVÉN, Hannes, (1969). Aonde Vamos? Realidade
e destinos da humanidade. Trad. Jaime Bernardes
da Silva. S. Paulo: Círculo do Livro S.A.