Prazer & felicidade
A felicidade é a conquista maior dos mansos
Prazer e felicidade – etimologicamente – são
substantivos, mas na vivência não têm a mesma
classificação ou significado. É o que podemos depreender
dos ensinos dos Amigos Espirituais.
Da lavra mediúnica de
Divaldo Pereira Franco, vejamos o pensamento de Marco
Prisco:
“a felicidade é uma atitude perante a vida. Aquela que
decorre do que se tem, logo se converte em tormento pela
ambição de mais se ter ou pelo medo de perder o que já
se possui. Mas a presença da felicidade na existência
nada mais é que segurança interior diante da vida.
Valorizando o que sabe e o que é, realmente, você
conquistará a bênção da felicidade.
Quem trabalha em favor da autoiluminação já descobriu o
meio mais eficaz para a conquista da felicidade. Você
vale pelo que fez de si mesmo e não pelo que dizem a seu
respeito. Mediante essa compreensão, a felicidade já se
encontra ao seu alcance.
Caso você haja descoberto que é imortal e se entrega ao
crescimento moral, adquiriu já a base para a felicidade
sem jaça.
Cumpra com o seu dever, seja qual for, por mais
insignificante que pareça, e a alegria da consciência
tranquila se aureolará das bênçãos da felicidade.
Títulos de engrandecimento social, trajes faustosos,
postos de destaque, funções honrosas, aplauso e
distinções, recursos amoedados e triunfos terrenos podem
propiciar prazeres, exaltar a vaidade e a
presunção, mas ficarão na Terra, quando você viajar de
retorno ao Grande Lar, mas o que você renunciou, amou,
realizou pelo bem do próximo e por si mesmo, seguirá com
você em forma de felicidade que será fruída desde
antes da desencarnação”.
Joanna de Ângelis
explica: “(...) A Terra é o
planeta-escola de aprendizes incompletos,
inseguros, na qual a cada um falta algo
que
não conseguirá conquistar, visto que a escassez de
agora
é consequência do desperdício
de outrora. Aprende a ser grato à vida e àqueles que te envolvem em ternura, saindo da tristeza
para o portal de
luz, avançando pelo
rumo
novo...
Oportunamente descobrirás que,
enquanto
te esqueceste da
própria
dor, lenindo a dos
outros, superaste-a
em ti, conseguindo a plenitude da felicidade,
que agora
te rareia.
Embora a felicidade
seja anelo
de toda
criatura,
não a devemos buscar
neste mundo.
Não
nos olvidemos que
estamos degredados na Terra,
portanto, a
felicidade sem
mescla não
poderá ser lograda
aqui,
mas atingida tão
somente quando
rompermos os liames
que
nos mantêm
cativos
na matéria. (...) Na Terra, a felicidade somente é
possível quando alguém se esquece de si mesmo para
pensar e fazer tudo que lhe seja possível em favor de
seu próximo”.
Ensina Léon Denis:
“(...) A verdadeira felicidade neste mundo está na
proporção do esquecimento próprio. Ela não está nas
coisas externas nem nos acasos do exterior, mas somente
em nós mesmos, na vida interna que soubermos criar. Que
importa que o Céu esteja escuro por cima de nossas
cabeças e os homens sejam ruins em volta de nós, se
tivermos a luz na fronte, alegria do bem e a liberdade
moral no coração? Se, porém, eu tiver vergonha de mim
mesmo, se o mal tiver invadido meu pensamento, se o
crime e a traição habitarem em mim, todos os favores e
todas as felicidades da Terra não me restituirão a paz
silenciosa e a alegria da consciência. O sábio cria,
desde este mundo, para si mesmo, um refúgio seguro, um
lugar sagrado, um retiro profundo aonde não chegam as
discórdias e as contrariedades do exterior. Do mesmo
modo, na vida do Espaço, a
sanção do dever e a realização da justiça são de
ordem inteiramente íntima; cada alma traz em si sua
claridade ou sua sombra, seu paraíso ou seu inferno”.
Segundo registro do
Eclesiastes, “a felicidade não é deste mundo”;
mas, sem embargo, com a explicação de Fénelon,
podemos ver a situação sob outro ponto de vista, pois,
esse nobre Espírito, que tantas páginas de luz ofereceu
à Codificação, afirmou:
“(...) malgrado o cortejo
inevitável das vicissitudes terrestres, nós podemos
gozar de relativa felicidade, se não a procurarmos nas
coisas perecíveis e sujeitas às mesmas vicissitudes,
isto é, nos gozos materiais em vez de a procurar nos
gozos da alma, que são um prelibar
dos gozos celestes, imperecíveis. A única felicidade
real neste mundo é a paz do coração”.
Aprendemos com o Espírito
Albert Camus:
“(...) A ânsia maior e incontida dos seres é a
felicidade, na maior parte das vezes confundida com o
prazer. Os humanos têm ainda momentos de prazer,
instantes de glória e, sem sequer cogitar que estes são
ensaios para a vivência da felicidade, ou se contentam e
buscam suas repetitivas sensações, ou se revoltam e
anseiam sempre mais, numa luta desenfreada e ansiosa,
num desequilíbrio de ambições que jamais os conduzirão
ao que sonham.
A felicidade é a conquista maior dos mansos, daqueles
que já abrigam em seu Ser as consciências que
apaziguaram, as lágrimas que secaram, os desesperos que
esclareceram, as sementes que plantaram e, sobretudo,
as pérolas da renúncia.
A busca da felicidade se reveste ainda, nos humanos, de
um ato de egoísmo, buscando alegrias e prazeres para si
próprios, e, por isso, está a Humanidade tão longe desta
conquista.
No momento em que, tocados pela compreensão maior da
vida, os seres se conscientizarem que a felicidade que
tanto perseguem não está no prazer de suas conquistas
mas na alegria das conquistas alheias, perceberão que
quanto mais as criaturas buscarem o exercício da
fraternidade e do Amor, mais próximas estarão do êxito
de suas buscas.
Feliz é a criatura que já venceu todas as barreiras
do egoísmo e que, portanto, está invulnerável à
mesquinhez humana; feliz é o ser que já conquistou, no
seu santuário interior, a plenitude da fé, firmada na
razão e no trabalho incessante; feliz é o ser que já não
se deixa dominar pelas paixões próprias da pequenez, que
não se envolve com a violência nem de pensamentos e que
já pode perceber a Harmonia Universal e nela se
inserir...
Devemos buscar a felicidade, sim, mas não como crianças
levianas que não sabem como brincar, mas compreendendo
que essa conquista depende da relatividade dos nossos
prazeres e alegrias, e, enquanto estes não estiverem sob
a relatividade do Evangelho, serão meros ensaios. É
fundamental que se pense de forma mais ampla sobre a
felicidade para que se saiba como buscá-la. Não há tempo
para ilusões, mas momentos para conquista. Assim,
compreendamos todos que a felicidade é o reflexo dos que
amam de forma irrestrita; é a vibração contagiante dos
que permanecem na paz; é a irradiação dos que
consolidaram sua Harmonia Universal.
Caminhemos, pois a trilha é longa, mas cada passo é um
instante definitivo de felicidade e não mais de prazer.
Cada passo concretiza nossa caminhada segura e nos dá,
como marco da conquista, a sensação perene da felicidade
almejada.
Buscar a felicidade, meus irmãos, é trabalhar pela
autoperfeição. Ora, se fomos criados por um Pai de
Amor, só nos resta a obrigação de ser felizes. Isto é
uma imposição da Harmonia Universal, que nós ainda não
aceitamos por não a termos compreendido; que não a
vivemos ainda, por nos termos perdido na pequenez das
glórias efêmeras e dos prazeres infantis.
Vamos perseguir esta imposição tornando-a nossa, sem nos
esquecermos de que, para a sua conquista, que é íntima
e individual, precisaremos ter vivido um pouco do nosso
semelhante e transformado suas mazelas em doçuras;
ter contribuído para a conquista da felicidade de nossos
irmãos para que ela transpareça em nós.
O paradoxo da felicidade se traduz exatamente assim: à
medida em que causarmos a felicidade do próximo, esta
será a causa da nossa”.
Concluamos com as ilações da querida Mentora Joanna de
Ângelis: “(...) não pode haver felicidade completa
enquanto o pranto escorre nos olhos alheios, rasgados
pela aflição... Estudiosos afeiçoados aos “ditos do
Senhor” mergulharam, em todos os tempos, o
pensamento nas fontes evangélicas, em busca do consolo e
diretrizes, encontrando na clara mensagem da Boa Nova o
clima de paz e amor necessários a uma vida feliz.
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