Documentário espírita é o mais novo
lançamento do ano
2018 chega com novidades na arte espírita. Foi lançado
recentemente o filme-documentário "Espiritismo à
Francesa: a derrocada do Movimento Espírita na França
pós-Kardec", produzido pela Luz Espírita. A produção
trata dos principais desdobramentos envolvendo o
Movimento Espírita original, na França, na passagem do
século XIX para o século XX, a partir da desencarnação
do codificador do Espiritismo Allan Kardec. O produtor e
diretor desta obra, Ery Lopes, conta um pouco mais sobre
o filme disponibilizado gratuitamente pela internet.
Como surgiu a ideia de produzir e dirigir este
documentário?
A ideia surgiu a partir de um ensaio de um pensador
espírita colaborador do Portal Luz Espírita (Louis
Neilmoris) fazendo uma reflexão sobre o Movimento
Espírita atual. Desde então, interessado nessa reflexão,
compreendi que, para intento, seria preciso mergulharmos
na nascente mesmo do Movimento Espírita, portanto,
aquele que se formou na França, o berço do Espiritismo.
Natural, então, desembocarmos na questão — não muito
explorada no meio espírita — da falência na sustentação
da Doutrina Espírita na sua terra natal, já que é sabido
por todos que, tão logo se deu a desencarnação do
codificador espírita, o Espiritismo se perdeu e
desapareceu do solo francês e, por conseguinte, da
Europa...
O que será apresentado nesta obra?
O documentário faz uma breve apresentação do contexto
historiográfico espírita (origens da fenomenologia
espiritual do século XIX, a codificação kardequiana, a
montagem do Movimento Espírita no entorno de Allan
Kardec e as suas articulações para a continuação das
obras doutrinárias em preparação para a sua
desencarnação) e em seguida o filme apresenta a
indagação sobre as razões da derrocada do Espiritismo na
França e Europa, oferecendo três teses distintas para
explicar tal fenômeno. Para cada uma das teses
ventiladas nós abrimos espaço para seus respectivos
defensores argumentassem detalhadamente suas
proposições. Pode-se ver, então, através desse apanhado,
que há alguns pontos discordantes e outros convergentes
na análise dessa questão. Diante dessas exposições, o
espectador poderá participar da reflexão e verificar por
si mesmo as consistências das ideias apresentadas por
cada um dos comentaristas. O documentário, portanto, não
aponta uma linha fixa para solucionar a questão, mas
apresenta subsídios para que os espíritas interessados
configurem suas próprias convicções — seja a partir de
uma das três teses oferecidas, seja por uma nova via que
lhes pareçam mais verossímil e lógica. Por fim,
naturalmente, o roteiro caminha para uma discussão sobre
as implicações do fenecimento do Movimento Espírita
original — consequências para a continuação da obra
doutrinária, para os franceses e demais europeus daquela
geração, e, claro, para o próprio desenvolvimento
espiritual da humanidade — e introduz a reflexão sobre a
dita "migração da árvore do Espiritismo" da França para
o cone sul das Américas, notadamente o Brasil.
Como foram coletados os dados de pesquisa para esta
produção? Quais são outros atores/ produtores envolvidos
no processo de idealização à finalização do filme?
O documentário recebeu a contribuição de grandes
pesquisadores da historiografia espírita, alguns deles,
inclusive, gravaram comentários que aparecem no filme.
São eles: Adriano Calsone (médium e escritor, autor de
"Em Nome de Kardec"), Antonio Cesar Perri de Carvalho
(que já foi presidente da FEB, da USE-SP e membro do
Conselho Espírita Internacional), Carlos Campetti (atual
diretor da área de estudos da FEB), Jorge Hessen
(renomado articulista espírita do Distrito Federal),
Oceano Vieira de Melo (jornalista, pesquisador e
documentarista espírita) e Paulo Henrique de Figueiredo
(pesquisador e escritor espírita, autor de "Revolução
Espírita - a teoria esquecida de Allan Kardec").
Obviamente, cada qual dos participantes tem suas fontes
e forma suas interpretações mediante suas experiências
pessoais, contudo há algumas fontes comuns das quais
foram extraídos os subsídios e fontes históricas para a
estruturação do filme. Por exemplo, além das obras
literárias desses colaboradores, podemos citar: "Muita
Luz (Beaucoup de Lumière)", de Berthe Fropo; "A Caminho
da Luz", de Emmanuel, por Francisco Cândido Xavier,
"Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", de
Humberto de Campos, também por Chico Xavier, além de
jornais, revistas e outras mídias colhidas na Biblioteca
Nacional da França via site Galica. É justo mencionarmos
a contribuição dos coautores do filme: Wanderlei dos
Santos (do Portal Autores Espíritas Clássicos) e Claiton
Freitas (do canal ArtEspírita); a revisão de conteúdo
feita por Rogério Miguez e a boa vontade dos narradores
Dora Carvalho, Helmut Heidrich Filho e Mauro Mário de
Souza.
O que o público pode esperar? Estará nos cinemas ou nas
TVs fechadas?
Não é um filme do gosto comum, do tipo romance ou
aventura. É um documentário, de teor doutrinário, gênero
que normalmente só agrada aos espíritas mais atentos e
dedicados à verdadeira causa espiritual — o que é uma
pena, pois cremos que o verdadeiro espírita deve buscar
conhecer bem a historiografia do Espiritismo, porque só
assim poderá compreender o contexto doutrinário mais
perfeitamente. Desta feita, não sou nada iludido que
esse filme vá ter grande repercussão. Mas torço — vibro
com força mesmo — para que ele contribua para um
despertamento dos dirigentes e ativistas espíritas, pois
a questão é grave. Mesmo os mais otimistas com o
desenvolvimento do nosso Movimento Espírita atual deve
considerar que, se o movimento original, lá na França de
Kardec, feneceu, quem garante que nossa geração
conseguirá manter acesa a chama espírita para as
próximas gerações? Os desafios, hoje já enormes, são
ainda crescentes e demandam muito mais do que estamos
fazendo no nosso cotidiano. O progresso da doutrina —
como disse Kardec — está aos cuidados da espiritualidade
superior, porém depende igualmente dos esforços daqueles
que devem ser os mais interessados: nós, Espíritos em
curso evolutivo. Somos falíveis e nossa falha acarreta
consequências. Se nossa geração falhar, certamente os
missionários da luz cuidarão para a montagem de um novo
plano, mas a outro custo para os envolvidos. Não
percamos de vista ainda que o planejamento espiritual
tem suas metas e já estamos nos últimos minutos da
última hora do fechamento de mais um grande ciclo
evolutivo para o nosso mundo. É incalculável a nossa
responsabilidade diante da transição planetária que está
em curso. Por isso, considero esse trabalho importante e
convidamos a todos para uma séria reflexão sobre todas
essas implicações.
Já há data prevista de lançamento?
Estaremos publicando o filme on-line, livremente
disponível no Portal Luz Espírita (www.luzespirita.org.br),
a partir do domingo, dia 21 de janeiro de 2018. E
pedimos encarecidamente que todos nos ajudem na
divulgação deste trabalho.
Nota da Redação:
O filme-documentário estreou realmente na data citada na
entrevista acima e pode ser acessado gratuitamente. Eis
o link:http://www.luzespirita.org.br/