A Revue
Spirite de
1862
Parte 8
Damos prosseguimento
nesta edição ao estudo da Revue Spirite
correspondente ao ano de 1862. O texto condensado do
volume citado será aqui apresentado em 16 partes, com
base na tradução de Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
Questões para debate
A. Que revelações fez Voltaire na Sociedade Espírita de
Paris?
B. A sabedoria tem algo a ver com amor e caridade?
C. Além de ter visto o Espírito de Verdade, que mais
contou Sanson em sua terceira comunicação?
Texto para leitura
80. Em Bordéus, um padre escreveu uma carta a uma
senhora muito idosa e doente, com referências à crença
dela no Espiritismo. A filha, Émilie Collignon,
respondeu-a ao vigário, dizendo haver encontrado muita
força e consolo no Espiritismo e na certeza palpável de
que nossos mortos queridos estão sempre perto de nós. A
Revue transcreveu-as. (P. 146)
81. O suicídio de uma pobre viúva, mãe de três filhos,
que foi denunciada por haver furtado um pão a um padeiro
que se recusou a dá-lo, é relatado pela Revue,
seguido de comunicações da suicida e de Lamennais, que
afirma que a infeliz mulher é uma das vítimas do nosso
mundo, de nossas leis e de nossa sociedade. (PP. 149 a
151)
82. Santo Agostinho dedicou, de forma espontânea, uma
mensagem a vários personagens russos de distinção que,
após frequentarem durante o inverno as reuniões da
Sociedade Espírita de Paris, retornaram à Rússia. Entre
diversos conselhos, Agostinho lhes disse: I - Sabei que
a caridade não se faz somente com esmola, mas também com
o coração. II - Ide e pregai o Evangelho. Deus vos
situou no alto, para que todos vos possam ver e vossas
palavras sejam bem compreendidas. III - Deus recompensa
os que trabalham no seu campo e dá a colheita a todos os
que contribuem para o grande serviço. IV - Mostrai a
todos que o espírita não fica no meio da estrada para
indicar a direção, mas toma do machado e do cutelo e se
atira às mais sombrias florestas para rasgar o caminho e
desviar os espinhos dos passos dos que os seguem. (PP.
151 e 152)
83. Désiré Léglise, morto em 1851, diz que as paixões,
as afeições vivas não são possíveis senão entre
criaturas da mesma natureza, entre mundanos e mundanos,
entre Espíritos e Espíritos. Com a morte, a afeição não
se apaga, mas toma outro caráter, afirma o poeta
argelino. (PP. 153 e 154)
84. Cárita destaca, em Lyon, de forma poética, o valor
da lágrima na redenção humana. (PP. 155 e 156)
85. Voltaire comunica-se na Sociedade Espírita de Paris
e diz que seu cinismo desapareceu diante da revelação
das grandes coisas que só ficou conhecendo no
além-túmulo. Dizendo-se mais cristão, ele conta: “Sofro,
mas expio a resistência que opus a Deus. Tinha a missão
de instruir e esclarecer. A princípio o fiz, mas o meu
facho se extinguiu nas minhas mãos na hora marcada para
a luz!...” (PP. 156 a 158)
86. Em seguida à comunicação de Voltaire, Santo
Agostinho assevera que não existe sabedoria sem amor nem
caridade. Amor e caridade, diz ele, são as duas virtudes
supremas, que unem a criatura ao Criador. (P. 158)
87. Em discurso feito na abertura do ano social na
Sociedade Espírita de Paris, em abril de 1862, Kardec
lembra as vicissitudes enfrentadas, anos antes, pela
Sociedade e confessa ter um dia pensado seriamente em
retirar-se. Quatro anos depois de fundada, a Entidade
possuía 87 membros ativos, sem contar os sócios
honorários e correspondentes, e os princípios por ela
adotados serviam, então, à imensa maioria dos espíritas.
(PP. 159 a 161)
88. No discurso, Kardec aplaude a feliz ideia de vários
membros de organizar reuniões particulares em seus
lares, as quais têm a vantagem de estabelecer relações
mais íntimas e, além disso, são centros para uma porção
de pessoas que não podem ir à Sociedade. Concluindo, o
Codificador fala sobre a nova sede da instituição e seus
custos. (PP. 165 a 168)
89. A Revue publica a segunda comunicação do Sr.
Sanson, na qual ele fala sobre as sensações
experimentadas no momento da morte e diz que, ao
recuperar suas faculdades, se viu cercado por numerosos
e fiéis amigos. Afirmando que a felicidade, como a
entendemos, é uma ficção, Sanson aconselha: “Vivei
sabiamente, santamente, no espírito de caridade e de
amor, e sereis preparados para as impressões que os
vossos maiores poetas não poderiam descrever”. (PP. 168
a 170)
90. Uma semana depois, Sanson comunicou-se pela terceira
vez, informando que: I - Os Espíritos se apresentam no
outro mundo sob a forma humana, mas há muita diferença
entre o corpo carnal e a maravilhosa fluidez do corpo
espiritual. II - Neste não existe feiura, porque os
traços perderam a dureza de expressão, a linguagem tem
entonações intraduzíveis para nós e o olhar tem a
profundeza das estrelas. III - O corpo espiritual é
dotado de cabeça, tronco, braços e pernas. IV - A visão
dos Espíritos nenhuma relação tem com a visão humana.
Além disso, o Espírito pode adivinhar os nossos
pensamentos.
V - Os Espíritos não se reproduzem, porque não têm sexo.
VI - No recinto da sessão, ele viu São Luís (presidente
espiritual da Sociedade), o Espírito de Verdade, Santo
Agostinho, Lamennais, Sonnet, São Paulo e outros. (PP.
171 a 173)
(Continua no próximo
número.)
Respostas às questões
A. Que revelações fez Voltaire na Sociedade Espírita de
Paris?
Ele disse que seu cinismo havia desaparecido diante da
revelação das grandes coisas que só ficou conhecendo no
além-túmulo. “Sofro, mas expio a resistência que opus a
Deus”, contou Voltaire. “Tinha a missão de instruir e
esclarecer. A princípio o fiz, mas o meu facho se
extinguiu nas minhas mãos na hora marcada para a
luz!...” (Revue Spirite de 1862, pp. 156 a 158.)
B. A sabedoria tem algo a ver com amor e caridade?
Tem tudo a ver. Segundo Santo Agostinho, não existe
sabedoria sem amor nem caridade. Amor e caridade, diz
ele, são as duas virtudes supremas, que unem a criatura
ao Criador. (Obra citada, p. 158.)
C. Além de ter visto o Espírito de Verdade, que mais
contou Sanson em sua terceira comunicação?
Sanson disse que os Espíritos se apresentam no mundo
espiritual sob a forma humana, mas há muita diferença
entre o corpo carnal e o corpo espiritual, que é dotado
igualmente de cabeça, tronco, braços e pernas. Sanson
também afirmou que os Espíritos não se reproduzem,
porque não têm sexo. (Obra citada, pp. 171 a 173.)