A Revue Spirite de
1862
Parte 9
Damos prosseguimento nesta
edição ao estudo da Revue Spiritecorrespondente
ao ano de 1862. O texto condensado do volume citado será
aqui apresentado em 16 partes, com base na tradução de
Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
Questões para debate
A. A homogeneidade, em termos de doutrina espírita, é um
fator importante?
B. Como o Espírito de Bernardin associou Espiritismo e
Cristianismo?
C. Que fatores mais concorrem para o suicídio?
Texto para leitura
91. David, por meio da Sra. Dozon, descreve o último
quadro de Ingres, que retrata o menino Jesus entre os
doutores do Templo. A obra, diz Lamennais, foi inspirada
pela espiritualidade ao artista encarnado. (PP. 173 a
176)
92. A Revue noticia a denúncia feita por um padre
a respeito dos milhões que Kardec havia amealhado
valendo-se do Espiritismo. O Codificador rebate a
acusação e conta que a primeira edição de O Livro dos
Espíritos correu por sua conta e risco, porque
nenhum editor quis dela encarregar-se. A obra rendeu-lhe
cerca de 500 francos. (PP. 176 a 180)
93. Kardec diz que a Sociedade Espírita de Viena, que
acabava de entrar em seu terceiro ano, nomeou-o seu
presidente de honra. Os planos de divulgação do
Espiritismo por meio de jornal em alemão são mencionados
na Revue. (PP. 180 e 181)
94. Comentando o assunto, Kardec aplaude o rumo adotado
pelos confrades de Viena e diz ter aceitado a honra que
lhe foi feita, na qual via não uma homenagem à sua
pessoa, mas aos princípios regeneradores do Espiritismo.
(P. 182)
95. E. Collignon escreve a Kardec protestando contra as
palavras usadas em abril/1862 pelo Espírito de Gérard de
Codemberg, que se referiu aos irmãos que se afastam do
Espiritismo chamando-os de ovelhas sarnentas. (P. 183)
96. Kardec reconheceu que Gérard expressou-se, talvez,
um pouco cruamente, mas o fundo de seu pensamento é
correto, porque a homogeneidade é o princípio vital de
toda sociedade ou reunião espírita. (PP. 183 a 185)
97. A Revue publica então, em seguida, mensagem
do Espírito de Bernardin, recebida por E. Collignon (a
mesma que protestara contra as palavras de Gérard de
Codemberg), na qual o comunicante pede sejam excluídos
dos trabalhos espíritas os falsos irmãos, os curiosos,
os incrédulos, visando exatamente à homogeneidade
necessária aos grupos espíritas. Bernardin, nessa
mensagem, diz ainda: I - O Espiritismo não é uma
religião nova, mas a consagração dessa religião
universal cujas bases foram lançadas pelo Cristo. II - É
preciso deixar os caminhos tenebrosos, cheios de
precipícios, para entrar no caminho que leva à
felicidade. III - Nossa sorte futura está em nossas
mãos: a duração de nossas provas depende inteiramente de
nós. IV - Para ser mártir não é preciso ser pasto das
feras: sejamos mártires de nós mesmos, destruindo todos
os instintos carnais, estudando as nossas inclinações,
gostos e ideias, desconfiando de tudo o que a
consciência reprova. V - O Espiritismo, sob o ponto de
vista religioso, é apenas a confirmação do Cristianismo.
(PP. 186 a 188)
98. Abrindo o número de julho de 1862, Kardec mostra
como tudo na vida muda de aspecto quando, pelo
pensamento, o homem sai do vale estreito da existência
terrena e se eleva na radiosa, esplêndida e
incomensurável vida de além-túmulo. Assim fazendo,
ver-se-á a vida terrena como uma estação passageira e
mais suportáveis se tornarão as tribulações que ela nos
oferece. Tal é o resultado da diferença do ponto de
vista sob o qual se encara a vida: um nos dá balbúrdia e
ansiedade; o outro, a calma e a serenidade. (PP. 191 a
195)
99. Kardec, analisando notícia sobre o aumento de
suicídios na França, diz que é simples atribuir todos
eles à monomania, que segundo o Sr. Gastineau parece
ter-se apoderado da espécie humana. Se há suicídios por
monomania, ocorrem também, diz Kardec, suicídios
voluntários, realizados com premeditação e pleno
conhecimento de causa. (PP. 196 a 198)
100. Na falta de uma estatística oficial, Kardec diz que
é justo pensar que os casos mais numerosos sejam
determinados pelos reveses da fortuna, as decepções e os
pesares de vária natureza. Nestes casos, o suicídio não
é um ato de loucura, mas de desespero, e a publicidade
deles concorre para o seu aumento. (PP. 198 e 199)
101. Concluindo seu pensamento, Kardec diz que são,
porém, a incredulidade, a dúvida quanto ao futuro e as
ideias materialistas os maiores excitantes do suicídio,
porque dão a covardia moral que leva a pessoa a
matar-se. (PP. 199 a 202) (Continua
no próximo número.)
Respostas às questões
A. A homogeneidade, em termos de doutrina espírita, é um
fator importante?
Sim. A homogeneidade é, segundo Kardec, o princípio
vital de toda sociedade ou reunião espírita. (Revue
Spirite de 1862, pp. 183 a 185.)
B. Como o Espírito de Bernardin associou Espiritismo e
Cristianismo?
Em mensagem transcrita pela Revue, Bernardin diz que o
Espiritismo não é uma religião nova, mas a consagração
dessa religião universal cujas bases foram lançadas pelo
Cristo. E, sob o ponto de vista religioso, é tão somente
a confirmação do Cristianismo. (Obra citada, pp. 186 a
188.)
C. Que fatores mais concorrem para o suicídio?
Na falta de uma estatística oficial, Kardec diz que é
justo pensar que os casos mais numerosos sejam
determinados pelos reveses da fortuna, as decepções e os
pesares de vária natureza. Mas, indiscutivelmente, a
incredulidade, a dúvida quanto ao futuro e as ideias
materialistas são os maiores excitantes do suicídio,
porque dão a covardia moral que leva a pessoa a
matar-se. (Obra citada, pp. 198 a 202.)