Um minuto
com Chico Xavier

por Regina Stella Spagnuolo

 

Em 1967, Chico lutava para atingir o centésimo livro e encerrar a maratona literária. Estava exausto. Logo após o afastamento de Waldo Vieira, colocou no papel o livro Encontro Marcado, assinado por Emmanuel. Uma coletânea de conselhos bastante úteis para quem, como ele, sofria com mais um desencontro na vida. Uma das frases era consoladora: "A pedra que acidentalmente nos fira será provavelmente a peça que sustentará a segurança da construção".

O autor de 92 livros, muitos deles já traduzidos para o espanhol, esperanto e inglês, nem teve tempo para se lamentar. Aquele era o ano do quadragésimo aniversário de sua mediunidade. E os espíritas estavam em festa. Os fãs mais exaltados faziam Chico recorrer à ironia ao chamá-lo de papa do Espiritismo:

“Só se for a papa do angu na panela”. Até o padre Sinfrônio, de Pedro Leopoldo, fez as pazes com o conterrâneo. Ele hasteou a bandeira branca e convidou o "rival" a participar de um encontro de educadores promovido pela Escola da Imaculada Conceição. Naquele ano, Chico recebeu o título de cidadania da cidade natal e, com lágrimas nos olhos, agradeceu a todos por tudo, logo após afirmar não merecer tamanha honraria.

Era o primeiro de uma série quase interminável de títulos. No ano seguinte, seria a vez de Uberaba dar o título a seu morador mais ilustre. Os donos de hotéis apoiaram com fervor...

Chico agradecia as homenagens, atribuía todo o crédito aos espíritos e a Emmanuel e gerava ensaios científico-espirituais. Um deles, assinado pelo professor Herculano Pires, definia o quase sessentão como um "ser interexistente", alguém capaz de existir no "aqui e no agora" como homem no mundo e, no além, como "homem fora do mundo". Alguém capaz de experimentar, ao mesmo tempo, duas vidas: a de vigília e a hipnótica. Um "médium humilde desprezado e depreciado pela inteligência brasileira".

Os matemáticos calculavam: nos quarenta anos de mediunidade, Chico teria ficado o correspondente a oito anos em transe.

 
Do livro As Vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita