Amparo dos céus!
Nobre amigo pediu-me que redigisse algo para confortar
família ligada ao seu e aos corações de sua casa. Seus
amigos experimentam dor em longo calvário vivido com
filhos prematuros. E isso os comove, eis que,
solidários, participam dos dias dessa dolorosa provação!
Seguem, pois, breves reflexões que servirão, quem sabe,
para confortar outras famílias a vivenciar dores
semelhantes.
Com a gentil lembrança, ofereceu-me oportunidade de
tecer ligeiras considerações sobre a experiência que
também ele e sua família viveram: drama pungente junto a
filhos muito amados, submetidos também a prolongados
sofrimentos!
Tiveram a grandeza de alma de ampará-los de variadas
formas, no sentido de minimizar suas dores! Afastaram-se
das atividades profissionais para dedicar-se, dia e
noite, a essas almas muito queridas.
Com extremas renúncias, desenvolveram a capacidade de
amar, amadureceram e assimilaram, em pouco tempo, lições
preciosas que levamos séculos para compreender.
Confiaram em Deus e em nosso Mestre Jesus, recorrendo à
Ciência médica, sem descurar de preces constantes, que
os confortaram nesses longos dias!
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Certamente ao ler estas palavras, com humildade dirão
que não fizeram nada demais, que apenas cumpriram o
dever. Ah! Se todos cumprissem com tal zelo os próprios
deveres!
Aprendemos a admirá-los e a respeitá-los, não só pela
dedicação a esses filhos tão frágeis, mas pela confiança
na Providência de nosso Pai, que nos conduz a caminhos
que nos libertam de erros do passado, nas inúmeras
vivências que tivemos.
Ampliaram, pois, sua capacidade de amar e podem, assim,
confortar aqueles que sofrem, porque compreendem que o
amparo do Alto não nos falta, quando, mesmo em nossa
fragilidade, nos dispomos a amenizar dores!
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Filhos gravemente enfermos necessitam de muito amor!
E Deus só os confiam a pais que sabem amar. Essas
sublimes missões lhes ampliarão a compreensão desse
nobre sentimento e da vida mesma!
Indispensável não só amá-los, mas expressar esse amor de
viva voz, infinitas vezes, associados a gestos de
ternura. Isto é para eles alimento psíquico, que os
fortalece na prova a que não podem e não têm como fugir!
E o amor tem o dom de enriquecer não só os corações dos
que são amados, mas também os daqueles que amam!
Digam-lhes: Coragem! Deus está com todos nós e a prova
de que Ele os ama é que lhes deu pais para, em nome
Dele, amá-los e protegê-los!
Confiemos no Pai de Amor Infinito! Ele dará coragem e
forças a todos os que amenizam dores, para amparar
sempre filhos em provas, a nós confiados!
Jesus nos disse que o Pai não põe fardos pesados em
ombros frágeis.
Se nos deu a bela tarefa de revelar amor, é porque nos
conhece e confia em nós, sabendo-nos capazes de bem
cumpri-la!
O amor de Deus criou e sustenta o Universo!
Quando doamos de nós mesmos, mergulhamos nesse mar de
Amor que flui da Fonte da Vida e permeia o espaço
infinito! E somos os primeiros beneficiados.
E nossos corações se reconfortam para, de ânimo
renovado, confiantes na Divina Providência, nos
submetermos humildemente aos desígnios celestes.
A partir daí, nunca mais seremos os mesmos: aprenderemos
a valorizar cada minuto e a sermos gratos pelo
aprendizado de todos os instantes!
Que o Pai de Amor e Jesus – nosso Mestre – nos amparem e
fortaleçam, para essas sagradas tarefas! Saibamos que o
Amor redime e triunfa sempre, eis que a vida a Ele nos
conduz!
NOTA: Para encorajar sobretudo mães que passam
por dores semelhantes – e às vezes com filhos adotivos!
–, colhemos na Internet belíssimo poema escrito por
Dom Ramon Angel Jara
(02.08.1852 – 09.03.1917), Bispo de La Serena, Chile, em
homenagem ao “Dia das Mães”, num álbum de alguém
que o acolheu:
“Retrato de mãe
Uma simples mulher existe que, pela imensidão de seu
amor, tem um pouco de Deus.
Pela constância de sua dedicação, tem muito de anjo.
Que, sendo moça, pensa como uma anciã e, sendo velha,
age com as forças todas da juventude.
Quando ignorante, melhor que qualquer sábio desvenda os
segredos da vida.
Quando sábia, assume a simplicidade das crianças.
Pobre, sabe enriquecer-se com a felicidade dos que ama.
Rica, sabe empobrecer-se para que seu coração não sangre
ferido pelos ingratos.
Forte, estremece ao choro de uma criancinha.
Fraca, se revela com a bravura dos leões.
Viva, não lhe sabemos dar valor porque, à sua sombra,
todas as dores se apagam.
Morta, tudo o que somos e tudo o que temos daríamos para
vê-la de novo, e dela receber um aperto de seus braços,
uma palavra de seus lábios.
Não exijam de mim que diga o nome dessa mulher, se não
quiserem que ensope de lágrimas este álbum.
Porque eu a vi passar no meu caminho.
Quando crescerem seus filhos, leiam para eles esta
página.
Eles lhes cobrirão de beijos a fronte.
Digam-lhes que um pobre viandante, em troca da suntuosa
hospedagem recebida, aqui deixou para todos o retrato de
sua própria mãe”.
(Tradução de Guilherme de Almeida)
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