A Revue
Spirite de
1862
Parte 10
Damos prosseguimento
nesta edição ao estudo da Revue Spirite
correspondente ao ano de 1862. O texto condensado do
volume citado será aqui apresentado em 16 partes, com
base na tradução de Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
Questões para debate
A. A que se devem as semelhanças de gostos e aptidões
nos membros de uma mesma família?
B. Que ocorre aos suicidas?
C. É bom estar preparado para a grande viagem?
Texto para leitura
102. Respondendo a um assinante de Wiesbaden, Kardec
analisa a questão das faculdades hereditárias. (P. 202)
103. Para ilustrar seu artigo, o Codificador transcreve
duas comunicações escritas por Erasto e São Luís, das
quais extraímos os seguintes ensinamentos: I - As
semelhanças corpóreas existentes numa família devem-se a
uma questão fisiológica, independente da ação
espiritual. II - As aptidões e gostos semelhantes
resultam do fato de que os Espíritos semelhantes se
atraem; daí as famílias de heróis ou as raças de
guerreiros. III - Muitas vezes nascem em famílias dignas
indivíduos viciosos e maus, que aí são enviados para
servirem de pedra de toque daquelas, ou para se
aperfeiçoarem sob a influência de um meio virtuoso. IV -
O mesmo se dá com Espíritos adiantados moralmente que se
reencarnam entre Espíritos atrasados, para mostrar-lhes
o caminho do progresso. (PP. 204 e 205)
104. Em qualquer caso, diz São Luís, a conjunção
simpática ou a antipatia já existiam anteriormente ao
nascimento e são desenvolvidas nas relações familiares,
pela imitação e pelo hábito. (P. 205)
105. De Bordeaux, a Revue publica o poema “A
criança e a visão”, em que a menina Gabriela diz à sua
mãe que o papai, então falecido, estava junto ao seu
leito e sorria para ambas. (PP. 206 e 207)
106. O caso Palmira, que se suicidou com o amante, por
lealdade ao marido, visto que não conseguiriam reprimir
o seu amor um pelo outro, é narrado pela Revue.
(N.R.: Kardec o incluiu depois em O Céu e o Inferno,
cap. V.) (P.207)
107. Santo Agostinho, ciente de que Palmira fora, por
interesse dos pais, compelida a casar-se com um moço,
embora gostasse de outro, diz que suicídios como esses
só deixarão de existir quando as batidas do coração não
forem mais comprimidas pelos cálculos frios dos
interesses materiais. E disse que, como consequência do
seu ato, os amantes não se veriam por um longo tempo,
sofrendo – conforme explica Georges – o duplo suplício
do pressentimento e do desejo. (P. 210)
108. Evocada oito dias depois, Palmira deu as seguintes
informações: I - Ela nada via, nem mesmo os Espíritos
que com ela vagavam no lugar onde estava. II - Ao
despertar da morte, tinha frio e, no entanto, queimava.
O gelo corria-lhe nas veias e o fogo estava em seu
rosto. III - Ali, na reunião, ela via apenas um crepe
negro sobre o qual se desenhava, em certas horas, uma
cabeça que chorava: era a imagem de um homem que sofria
e cuja existência moral na Terra ela matara para muito
tempo. Kardec comenta, na sequência, a comunicação de
Palmira. (PP. 210 a 212)
109. Em mensagem dada em Bordeaux, um Espírito diz que
Deus permite aos que se amam sinceramente, e souberam
sofrer com resignação, reunir-se no mundo dos Espíritos,
onde progredirão juntos, a fim de obterem reencarnações
em mundos mais elevados, nos quais poderão unir-se pelos
laços que mais convierem aos seus corações. (PP. 213 a
215)
110. O Espírito de Verdade, lembrando que todos os dias
estamos expostos a empreender a mais importante de todas
as viagens, recomenda-nos que estejamos preparados para
esse momento e ensina que o mapa que nos permitirá
conhecer o país para onde iremos é a iniciação nos
mistérios da vida futura. (PP. 215 e 216)
111. Quanto aos amigos que lá encontraremos, esses são
velhos conhecidos. É dos maus sentimentos que deveremos
desembaraçar-nos, pois infeliz é aquele a quem a morte
surpreende com ódio no coração. Os negócios que devemos
pôr em ordem é o perdão aos que nos ofenderam, são os
erros cometidos para com o próximo e que urge reparar.
(PP. 216 e 217)
(Continua no próximo
número.)
Respostas às questões
A. A que se devem as semelhanças de gostos e aptidões
nos membros de uma mesma família?
Em comunicações obtidas na Sociedade Espírita de Paris,
Erasto e São Luís trataram do assunto. Eis o que
disseram a respeito desse e de outros assuntos
relacionados com a família: 1) As semelhanças corpóreas
existentes numa família devem-se a uma questão
fisiológica, independente da ação espiritual. 2) As
aptidões e gostos semelhantes resultam do fato de que os
Espíritos semelhantes se atraem; daí as famílias de
heróis ou as raças de guerreiros. 3) Muitas vezes nascem
em famílias dignas indivíduos viciosos e maus, que aí
são enviados para servirem de pedra de toque daquelas,
ou para se aperfeiçoarem sob a influência de um meio
virtuoso. 4) O mesmo se dá com Espíritos adiantados
moralmente que se reencarnam entre Espíritos atrasados,
para mostrar-lhes o caminho do progresso. (Revue
Spirite de 1862, pp. 204 e 205.)
B. Que ocorre aos suicidas?
Não existe uma regra que se aplique a todos os casos. No
caso de Palmira que, embora estando casada, se matou por
amor a outro homem, a Revue registrou as
seguintes informações que ela mesma transmitiu: 1)
Palmira nada via, nem mesmo os Espíritos que com ela
vagavam no lugar onde estava. 2) Ao despertar da morte,
tinha frio e, no entanto, queimava. O gelo corria-lhe
nas veias e o fogo estava em seu rosto. 3) Ali, na
reunião, ela via apenas um crepe negro sobre o qual se
desenhava, em certas horas, uma cabeça que chorava: era
a imagem de um homem que sofria e cuja existência moral
na Terra ela matara. (Obra citada, pp. 210 a 212.)
C. É bom estar preparado para a grande viagem?
Sim. O Espírito de Verdade, lembrando que todos os dias
estamos expostos a empreender a mais importante de todas
as viagens, recomenda-nos que estejamos preparados para
esse momento e ensina que o mapa que nos permitirá
conhecer o país para onde iremos é a iniciação nos
mistérios da vida futura. Quanto aos amigos que lá
encontraremos, esses são velhos conhecidos. É dos maus
sentimentos que deveremos desembaraçar-nos, pois infeliz
é aquele a quem a morte surpreende com ódio no coração.
Os negócios que devemos pôr em ordem é o perdão aos que
nos ofenderam, são os erros cometidos para com o próximo
e que urge reparar. (Obra citada, pp. 215 a 217.)