Facebook não é para crianças
O desenvolvimento infantil acontece através do
movimento, não do desenvolvimento intelectual.
Maria Montessori
Muitas pessoas entendem o Facebook uma ferramenta de
comunicação obrigatória. Mas o Facebook é também uma
rede sem controle sobre o conteúdo exibido nos “feeds de
notícias” e, por isso, postagens e vídeos ofensivos,
inadequados ou violentos são replicados por inúmeros
usuários no mundo e a todo instante.
Infelizmente, cada vez mais crianças entre 6 a 12 anos
têm acesso ao Facebook por descuido ou conivência dos
pais, que não querem enxergar o risco de o filho usar a
rede social.
Educadores alertam e se preocupam também com a
quantidade de informação manipulada, falsa ou
depreciativa que pode orientar informações equivocadas
na cabeça criança, prejudicando seu raciocínio crítico
futuro. Os perigos são inúmeros e, por isso, é
fundamental para o bem-estar das crianças mantê-las
longe do Facebook
Sem desprezar o período destinado à escolarização, a
infância está largamente implicada com a proposta de dar
à criança o máximo de tempo para brincar e, se possível,
inventar/reinventar brincadeiras ao ar livre:
divertir-se no parquinho, pular amarelinha, andar de
bicicleta, correr com o cachorro, subir na árvore, jogar
bola com os amigos, fazer piquenique na praça, tomar
sol, fazer jardinagem, plantar horta, cultivar com os
pais uma bela roseira, conhecer, com medo e sem medo, as
coisinhas do chão, o vento, uma chuva fininha no rosto
no início do entardecer...
Há tempo para tudo. E, sobre os filhos, Maria Montessori
alerta: os pais das crianças não são os responsáveis
por fazer tudo por eles, mas por serem seus guardiões.
Notinha
Na teoria, só pode fazer um perfil no Facebook quem
tenha 13 anos ou mais (segundo os termos de uso do
site). Na prática, entretanto, pesquisas mostram que
mais de 60% das crianças brasileiras com 7 a 12 anos se
expõem em serviços como Facebook e WhatsApp.
Os próprios responsáveis frequentemente expõem demais os
filhos nas redes sociais. Não veem problema em publicar
imagens de crianças tomando banho, usando pijamas ou
usando roupa de praia. Pais deslumbrados com a
tecnologia andam para lá e para cá com o pescoço
abaixado, olhando o smartphone, esquecendo que
tão natural quanto garantir a saúde e a educação dos
filhos é o respeito pelo direito à imagem e à reserva da
vida privada.
Só para recordar: em 2011, o vice-presidente de
tecnologia do eBay matriculou seus filhos em uma
pequena escola de Los Altos (Califórnia), cujas
principais ferramentas de ensino nada têm de
tecnológico, ou seja, nenhum computador à vista, nenhuma
tela. Funcionários de gigantes do Vale do Silício com o
Google, Apple, Yahoo! e Hewlett-Packard
fizeram o mesmo. Pois o epicentro da economia
tecnológica difunde o ponto de vista, defendido por pais
e educadores, que computadores e ensino não são uma boa
mistura na infância.
Tim Cook, CEO da Apple, durante uma recente entrevista a
Reno (Nevada), afirmou: “Eu não tenho filhos, mas tenho
um sobrinho [de 12 anos] a quem coloco alguns limites.
Por exemplo, não quero vê-lo nas redes sociais” (Fonte:
El País – 23/01/2018).
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