Evangelho
e Espiritismo
Todos aqueles que negam a feição religiosa do
Espiritismo, recusando-lhe a posição de Cristianismo
Restaurado, decerto ainda não abarcaram, em
considerações mais amplas, a essência evangélica em que
se lhe estruturam os princípios, nos mais íntimos
fundamentos.
Examinemos, pela rama, alguns dos pontos mais
importantes de formação do Testamento Kardequiano:
- "O Livro dos Espíritos", que se popularizou com mil e
dezenove questões, sabiamente explanadas, não obstante
os primores filosóficos de que se compõe, é um código
de responsabilidade moral, iniciado com duas
proposições, acerca de Deus e do Infinito, e rematado
com outras duas, que se reportam ao reino do Cristo nos
corações e ao reinado do bem, no caminho dos homens.
- "O Livro dos Médiuns", volume de metodologia para o
intercâmbio entre encarnados e desencarnados, apresenta,
de entrada, valiosa argumentação, alusiva à existência
do Mundo Espiritual, e reúne, no encerramento, diversas
comunicações de individualidades desencarnadas, ao mesmo
tempo que nos convida a exame sério e imparcial de todas
as mensagens recolhidas do Além, por via mediúnica,
salientando-se que a primeira página da seleção exposta
começa com significativa advertência de Agostinho:
"Confiai na bondade de Deus e sede bastante
clarividentes para perceberdes os preparativos da vida
nova que ele vos destina".
- “O Evangelho segundo o "Espiritismo" abre as próprias
elucidações com judiciosos apontamentos, em torno de
Moisés e da Lei Antiga, compendiando, em seguida, os
ensinos de Jesus, em todo o texto, para concluir
alinhando comovedores poemas de exaltação à prece.
- "O Céu e o Inferno", tomo de cogitações francamente
religiosas, segundo a definição do título, começa
analisando o porvir humano, do ponto de vista
espiritual, e termina com o ditado de José, o cego,
espírito de evolução mediana que encarece a necessidade
do sofrimento no serviço expiatório da consciência
culpada e destaca a excelência da reencarnação, na
Justiça Divina.
- "A Gênese", o livro final da Codificação e que enfeixa
arrojadas teses de ciência e filosofia, enfileira
dezoito capítulos, com mais de cem artigos, dos quais a
terça parte se refere exclusivamente a passagens e
lições do Divino Mestre, acrescendo notar que a obra
principia aceitando o Espiritismo em sua missão de
Consolador Prometido, com a função de explicar e
desenvolver as instruções do Cristo, e despede-se com
admiráveis reflexões sobre a geração nova e a
regeneração da Humanidade.
Cremos de boa fé que todos os companheiros,
propositadamente distanciados da tarefa religiosa do
Espiritismo, assim procedem, diligenciando imunizar-nos
contra a superstição e o fanatismo, que a plataforma
libertadora da própria Doutrina Espírita nos obriga a
remover, mas, sinceramente, não entendemos a Nova
Revelação sem o Cristianismo, a espinha dorsal em que se
apoia.
Isso acontece porque, se após dezenove séculos de
teologia arbitrária, não chegaríamos a compreender
agora, no mundo, o Evangelho e Jesus Cristo, sem Allan
Kardec, manda a lógica se proclame que o Espiritismo e
Allan Kardec se baseiam em Jesus Cristo, de ponta a
ponta.
Do livro Opinião Espírita, obra
mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido
Xavier.
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