Divaldo Franco: “O amor é força poderosa que transforma
tudo e todos”
O Centro de
Convenções de Uberlândia, Minas Gerais, acolheu no dia
16 de fevereiro em suas amplas e confortáveis
instalações as cerca de 3.500 pessoas que ali
comparecerem para ouvirem Divaldo Franco.
Dando início à
conferência, Divaldo citou dados envolvendo as mortes
não naturais ocorridas em 2017 no Brasil e que ceifou
115.000 vidas, vitimadas pelos acidentes viários
(provocados pela embriaguez, imprudência, negligência ou
imperícia) e assassinatos. Falou-nos ainda dos milhões
de pessoas que morrem por causa da fome enquanto há
tanto desperdício de alimentos nas sociedades ditas
desenvolvidas.
Em seguida, lançou
diversas perguntas para meditação de todos:
- Qual a razão de tanta
agressividade que vem acompanhando a humanidade desde
seu início?
- Diante do Universo
infinito como pode o ser humano viver preso à sua
pequenez?
- Como pode a humanidade,
que vem descobrindo as maravilhas do Universo, deixar
que prepondere a agressividade em seu comportamento?
Divaldo abordou em sua
fala as conquistas da Ciência que permitem ao ser humano
deslumbrar-se com as luzes do conhecimento e dos
segredos da vida, da matéria e do Universo, enquanto nos
perdemos nas sombras da ignorância e da agressividade.
A Ciência vem logrando
obter explicações sobre as questões que há muito nos
fazíamos: Que é o Universo, qual a sua origem e como
tudo isso foi construído?
Com uma habilidade primada
pela simplicidade, ilustrando profundo conhecimento, ele
teceu considerações em torno da evolução
antropossociopsicológica da humanidade, lembrando que
alimentar-se, abrigar-se e reproduzir-se compunham os
instintos básicos que moviam as ações humanas. Surgiu,
então, a primeira emoção: o Medo, que, por sua vez, gera
a suspeita, a desconfiança, a ansiedade e a timidez.
Logo em seguida adveio a segunda emoção: a Ira, a
desdobrar-se em raiva, ódio, desejo de vingança. Mais um
pouco e despontou a terceira emoção: o Amor, sentimento
do qual Jesus é o grande expoente por divulgá-lo e
principalmente vivenciá-lo.
“O amor é força poderosa
que transforma tudo e a todos que se deixam ser por ele
tocados”, afirmou o orador. “Nem mesmo a ingratidão tem
capacidade de diminuir-lhe o poder.”
Para emoldurar tais
conceitos, Divaldo compartilhou com o público a
comovedora narrativa de Francisca, humilde moradora dos
Alagados, na cidade de Salvador, BA, frequentadora da
Mansão do Caminho.
Certa ocasião Divaldo fora
chamado com urgência para atender Francisca, que estava
à beira da desencarnação. Lá chegando sentou-se ao lado
de Francisca que, reunindo suas últimas forças,
contou-lhe detalhes de sua vida pessoal.
Narrou que era mãe
solteira, pois fora abandonada pelo venal companheiro ao
tomar conhecimento da gravidez e expulsa do lar pelos
pais. Essas injunções não tiveram o poder de diminuir
seu amor pelo filho, e, para assisti-lo, extenuava-se no
trabalho de lavadeira e de vendedora de acarajé, o que
lhe permitiu custear todos os estudos e necessidades do
filho que, graças à dedicação materna, logrou ser
aprovado no vestibular da Faculdade de Medicina. Sua
dedicação era tanta que logrou obter – junto a um médico
e habitual freguês de seu acarajé – emprego para seu
filho, sem identificar, contudo, que era sua mãe.
Chegara, finalmente, a
data de formatura e Francisca preparara-se com esmero
para aquela ocasião, pela qual tanto lutara e se
sacrificara. Sentia que atingira o objetivo maior de sua
vida. Antecipava no coração a alegria que proporcionaria
ao filho ao lhe dar – na cerimônia de colação de grau –
o anel de formatura.
Horas antes de seguir para
o local da cerimônia, seu filho a procurou no barraco e
pediu à mãe que não comparecesse ao evento. Aproveitaria
a ocasião para marcar o casamento com a noiva – filha
única do diretor e proprietário da Clínica onde ele
trabalhava – a qual desconhecia a existência de
Francisca, informação propositadamente omitida pelo
filho à futura esposa. Francisca dissimulou o impacto
emocional da ingratidão do filho e, entregando-lhe o
estojo luxuoso com o anel de formatura, beijou-lhe a
face, dele se despedindo.
Francisca - respirando com
extrema dificuldade pela iminência da desencarnação -
reuniu suas derradeiras forças e, segurando as mãos de
Divaldo, fez-lhe o derradeiro pedido. Caso o filho
viesse procurá-lo, Divaldo devia dizer-lhe que ela não
tinha por ele nenhuma mágoa ou ressentimento, pelo
simples fato de o amar incondicionalmente. Feito o
pedido, desencarnou.
Semanas mais tarde - como
previra Francisca – o filho buscou informações sobre a
mãe e foi aconselhado a falar com Divaldo Franco, que
acompanhara as derradeiras palavras da mãe. Com o
coração em frangalhos destroçado pela culpa, o filho
recebeu a notícia que veio arrefecer-lhe a angústia: A
mãezinha não lhe guardava mágoa e naquele momento –
nimbada de mirífica luz - apresentava-se à visão
psíquica de Divaldo, acariciando seu menino a quem amava
tanto.
Em pranto copioso e
sentido de catarse, o filho de Francisca pediu uma
oportunidade para assistir os irmãos desvalidos,
passando a trabalhar na Mansão do Caminho como médico
voluntário. Tornou-se – afirma Divaldo concluindo a
narrativa de Francisca, a vendedora de acarajés, que a
todos emocionou – modelo de dedicação e amor ao próximo
atendendo a pobreza e os desvalidos do bairro onde a
mãezinha vivera.
A psicosfera ambiente
estava dominada de sentimentos superiores que a todos
envolviam. Divaldo chamou nesse momento a atenção de
todos para o amor incomensurável de Jesus pela
humanidade que lhe pagou com a ingratidão os benefícios
recebidos, adulterando e distorcendo Seus ensinamentos
e o sublime sacrifício de nos trazer o caminho para a
verdadeira felicidade.
Em que pese nossa
renitente ingratidão, Jesus nos enviou, séculos depois,
o Consolador prometido: o Espiritismo, doutrina
abençoada e libertadora que vem enfatizar a necessidade
de amar, de tal forma que deixemos pegadas pelos
caminhos para que aqueles que vierem depois possam
dizer: — Por aqui passou um anjo que deixou setas
luminosas apontando o porto de segurança.
“Busquemos, com todas as
forças do nosso ser, alcançar a plenitude através do
BEM, nunca pela força, pelo amor e não pelo ódio”,
finalizou o orador, que encerrou a conferência sob a
ovação da imensa plateia.
Enquanto suas
considerações repercutiam nas mentes luarizadas com suas
palavras, os exemplos da nobre Francisca – invisível
vendedora de acarajé – e o Poema da Gratidão fincavam
profundamente suas raízes nos corações de todos.
Nota:
As fotos que ilustram esta reportagem
são de autoria de
Sandra Patrocínio.