Brasil
por Djair de Souza Ribeiro

Ano 11 - N° 557 - 4 de Março de 2018


 

Divaldo Franco: “O amor é força poderosa que transforma tudo e todos”


O Centro de Convenções de Uberlândia, Minas Gerais, acolheu no dia 16 de fevereiro em suas amplas e confortáveis instalações as cerca de 3.500 pessoas que ali comparecerem para ouvirem Divaldo Franco.

Dando início à conferência, Divaldo citou dados envolvendo as mortes não naturais ocorridas em 2017 no Brasil e que ceifou 115.000 vidas, vitimadas pelos acidentes viários (provocados pela embriaguez, imprudência, negligência ou imperícia) e assassinatos. Falou-nos ainda dos milhões de pessoas que morrem por causa da fome enquanto há tanto desperdício de alimentos nas sociedades ditas desenvolvidas.

Em seguida, lançou diversas perguntas para meditação de todos:

- Qual a razão de tanta agressividade que vem acompanhando a humanidade desde seu início?

- Diante do Universo infinito como pode o ser humano viver preso à sua pequenez?

- Como pode a humanidade, que vem descobrindo as maravilhas do Universo, deixar que prepondere a agressividade em seu comportamento?

Divaldo abordou em sua fala as conquistas da Ciência que permitem ao ser humano deslumbrar-se com as luzes do conhecimento e dos segredos da vida, da matéria e do Universo, enquanto nos perdemos nas sombras da ignorância e da agressividade.

A Ciência vem logrando obter explicações sobre as questões que há muito nos fazíamos: Que é o Universo, qual a sua origem e como tudo isso foi construído?

Com uma habilidade primada pela simplicidade, ilustrando profundo conhecimento, ele teceu considerações em torno da evolução antropossociopsicológica da humanidade, lembrando que alimentar-se, abrigar-se e reproduzir-se compunham os instintos básicos que moviam as ações humanas. Surgiu, então, a primeira emoção: o Medo, que, por sua vez, gera a suspeita, a desconfiança, a ansiedade e a timidez. Logo em seguida adveio a segunda emoção: a Ira, a desdobrar-se em raiva, ódio, desejo de vingança. Mais um pouco e despontou a terceira emoção: o Amor, sentimento do qual Jesus é o grande expoente por divulgá-lo e principalmente vivenciá-lo.

“O amor é força poderosa que transforma tudo e a todos que se deixam ser por ele tocados”, afirmou o orador.  “Nem mesmo a ingratidão tem capacidade de diminuir-lhe o poder.”

Para emoldurar tais conceitos, Divaldo compartilhou com o público a comovedora narrativa de Francisca, humilde moradora dos Alagados, na cidade de Salvador, BA, frequentadora da Mansão do Caminho.

Certa ocasião Divaldo fora chamado com urgência para atender Francisca, que estava à beira da desencarnação. Lá chegando sentou-se ao lado de Francisca que, reunindo suas últimas forças, contou-lhe detalhes de sua vida pessoal.

Narrou que era mãe solteira, pois fora abandonada pelo venal companheiro ao tomar conhecimento da gravidez e expulsa do lar pelos pais. Essas injunções não tiveram o poder de diminuir seu amor pelo filho, e, para assisti-lo, extenuava-se no trabalho de lavadeira e de vendedora de acarajé, o que lhe permitiu custear todos os estudos e necessidades do filho que, graças à dedicação materna, logrou ser aprovado no vestibular da Faculdade de Medicina. Sua dedicação era tanta que logrou obter – junto a um médico e habitual freguês de seu acarajé – emprego para seu filho, sem identificar, contudo, que era sua mãe.

Chegara, finalmente, a data de formatura e Francisca preparara-se com esmero para aquela ocasião, pela qual tanto lutara e se sacrificara. Sentia que atingira o objetivo maior de sua vida. Antecipava no coração a alegria que proporcionaria ao filho ao lhe dar – na cerimônia de colação de grau – o anel de formatura.

Horas antes de seguir para o local da cerimônia, seu filho a procurou no barraco e pediu à mãe que não comparecesse ao evento. Aproveitaria a ocasião para marcar o casamento com a noiva – filha única do diretor e proprietário da Clínica onde ele trabalhava – a qual desconhecia a existência de Francisca, informação propositadamente omitida pelo filho à futura esposa. Francisca dissimulou o impacto emocional da ingratidão do filho e, entregando-lhe o estojo luxuoso com o anel de formatura, beijou-lhe a face, dele se despedindo.

Francisca - respirando com extrema dificuldade pela iminência da desencarnação - reuniu suas derradeiras forças e, segurando as mãos de Divaldo, fez-lhe o derradeiro pedido. Caso o filho viesse procurá-lo, Divaldo devia dizer-lhe que ela não tinha por ele nenhuma mágoa ou ressentimento, pelo simples fato de o amar incondicionalmente. Feito o pedido, desencarnou.

Semanas mais tarde - como previra Francisca – o filho buscou informações sobre a mãe e foi aconselhado a falar com Divaldo Franco, que acompanhara as derradeiras palavras da mãe. Com o coração em frangalhos destroçado pela culpa, o filho recebeu a notícia que veio arrefecer-lhe a angústia: A mãezinha não lhe guardava mágoa e naquele momento – nimbada de mirífica luz - apresentava-se à visão psíquica de Divaldo, acariciando seu menino a quem amava tanto.

Em pranto copioso e sentido de catarse, o filho de Francisca pediu uma oportunidade para assistir os irmãos desvalidos, passando a trabalhar na Mansão do Caminho como médico voluntário. Tornou-se – afirma Divaldo concluindo a narrativa de Francisca, a vendedora de acarajés, que a todos emocionou – modelo de dedicação e amor ao próximo atendendo a pobreza e os desvalidos do bairro onde a mãezinha vivera.

A psicosfera ambiente estava dominada de sentimentos superiores que a todos envolviam. Divaldo chamou nesse momento a atenção de todos para o amor incomensurável de Jesus pela humanidade que lhe pagou com a ingratidão os benefícios recebidos, adulterando e distorcendo Seus ensinamentos  e o sublime sacrifício de nos trazer o caminho para a verdadeira felicidade.

Em que pese nossa renitente ingratidão, Jesus nos enviou, séculos depois, o Consolador prometido: o Espiritismo, doutrina abençoada e libertadora que vem enfatizar a necessidade de amar, de tal forma que deixemos pegadas pelos caminhos para que aqueles que vierem depois possam dizer: — Por aqui passou um anjo que deixou setas luminosas apontando o porto de segurança.

“Busquemos, com todas as forças do nosso ser, alcançar a plenitude através do BEM, nunca pela força, pelo amor e não pelo ódio”, finalizou o orador, que encerrou a conferência sob a ovação da imensa plateia.

Enquanto suas considerações repercutiam nas mentes luarizadas com suas palavras, os exemplos da nobre Francisca – invisível vendedora de acarajé – e o Poema da Gratidão fincavam profundamente suas raízes nos corações de todos.

 

Nota:


As fotos que ilustram esta reportagem são de autoria de Sandra Patrocínio.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita