Por que devemos perdoar?
Eis a questão: por que devemos perdoar? E se acharmos
que o ofensor não mereça o nosso perdão, devemos mesmo
assim perdoá-lo? Ou não?
Vejamos, de início, algumas considerações úteis para as
nossas reflexões:
1) o verbo "perdoar" tem a sua origem no latim (per:
completo; donare: doar), sendo o seu significado prático
"doar-se por completo", isto é, doar a compreensão e os
bons sentimentos, mostrando a face da benevolência e da
pacificação, colocando-se no lugar do ofensor, tentando
compreendê-lo e entregando a túnica e doando a capa do
desprendimento;
2) o perdão é o mais alto grau da caridade, sendo o
resultado do treinamento da benevolência para com todos
e da indulgência para as imperfeições dos outros (vide
questão 886 de O Livro dos Espíritos);
3) o perdão é medida preventiva de enfermidades, e não
mais simplesmente uma questão religiosa;
4) o perdão é também uma ação pessoal, unilateral, não
depende de terceiros, é uma liberdade de escolha, é
assumir o controle sobre si mesmo.
Então, caro leitor, na atualidade o entendimento é de
que devemos perdoar não mais por uma questão religiosa,
mas por uma questão de saúde física, social, moral e
espiritual, para que possamos despertar de dentro de nós
a felicidade e promovermos uma melhor qualidade de vida.
Mas, se o ofensor não merecer o nosso perdão?
Não tem problema. Devemos perdoá-lo mesmo assim. Não
talvez por que ele mereça, mas pelo motivo de que nós
merecemos ser felizes.
Logo, os benefícios do perdão são, em primeiro lugar,
para quem perdoa. O ofensor, talvez, nem se lembre mais
da ofensa e do ofendido. Ele pode estar em outras
vibrações.
Então, o que estamos esperando? Vamos perdoar, vamos ser
felizes, ter saúde e melhor qualidade de vida, orar
pelos que nos perseguem e nos caluniam, mostrando a
outra face, que é a face da pacificação.
É fácil perdoar? Claro que não.
Escrever e falar, com certeza, é uma facilidade coroada
de elegância poética.
Mas, na prática, é preciso treinar a cada instante,
mesmo que seja aos pouquinhos, ao modo conta-gotas, até
que um dia esse treinamento se torne o nosso modo de
viver.
* * *
P.S.:
Não nos
esqueçamos da necessidade do autoperdão, do entender e
compreender a si mesmo, do colocar no lugar de si mesmo,
do reconhecimento das próprias fraquezas e da
compreensão de que podemos nos levantar e seguir em
frente, fazendo o melhor ao nosso alcance.
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