Estudando as obras
de Manoel Philomeno
de Miranda

por Thiago Bernardes

 

Entre os Dois Mundos

(Parte 30)

 

Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria de  Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco no ano de 2004.


Questões preliminares


A. Quando uma instituição cristã quase centenária vê demolir-se sua estrutura física, o fato tem repercussões no campo extrafísico?

Sim. Uma edificação dessa natureza constitui-se de campos vibratórios especiais, que vale a pena manter, visto que, em caso de destruição dos conjuntos físicos, a remoção das estruturas fluídicas e mag­néticas impõe alguns desafios muito complexos, embora não seja impossível realizá-la.  (Entre os dois mundos. Capítulo 20: A glória e a honra de servir.) 

B. Que pensar da instalação de cultos personalistas em homenagem a determinados vultos espíritas?

Sobre o assunto, José Petitinga é categórico: devemos evitar que se instalem cultos personalistas em homenagem a vultos da Doutrina Espírita, em face do perigo de se repetirem­ os erros lamentáveis de outrora, trocando-se os santos tradicionais pelos novos guias espirituais. O sentimento de gratidão e de amor por esses luminares da bondade e da re­núncia, da caridade e da misericórdia, é muito louvável, des­de que não se transforme em adoração e os lugares em que repousam os seus despojos mortais não se transformem em reduto de peregrinação com as consequências lamentáveis de acontecimentos miraculosos.  (Entre os dois mundos. Capítulo 20: A glória e a honra de servir.) 

C. Como devemos encarar as aflições que nos acometem ao longo da vida?

As aflições são as mãos da vida plasmando a beleza e a per­feição nas estruturas grotescas do ser em desenvolvimento. Esse, o pensamento emitido na reunião de que Manoel Philomeno participou. Graças a elas, o revel faz-se pacífico, o impiedoso torna-se compassivo, o perseguidor abranda a sanha da fúria, o demônio santifica-se... As aflições não somente ajudam a reparar crimes e abusos, como também a arrancar do reduto em que se refugia o santo que dorme nas suas entranhas.  (Entre os dois mundos. Capítulo 20: A glória e a honra de servir.) 


Texto para leitura


274. A psicosfera ambiente naquela instituição era saudável e rica de benes­ses, espraiando-se por toda a cidade e região, ali se trans­formando em verdadeiro santuário espiritual, para onde acorriam multidões de desencarnados esfaimados de luz e de pessoas outras necessitadas de paz. Diariamente, pela manhã, reuniam-se com unção esses cristãos sinceros, e re­petiam, sem dar-se conta, os inolvidáveis encontros realiza­dos nas catacumbas antigas de Roma, quando exaltavam o Senhor e entoavam-Lhe hinos de gratidão e de amor. (Entre os dois mundos. Capítulo 20: A glória e a honra de servir.) 

275. Simples e modestos, sem as auréolas da fama ou da inteligência excepcional, desdobravam os sentimentos enobre­cidos e confraternizavam com os luminares da espiritualidade que os visitavam, transmitindo-lhes energias especiais, a fim de que as dificuldades fossem amenizadas, as provações mais bem suportadas, contribuindo, mediante vibrações de ter­nura e de compaixão, em favor da paz no mundo. Despretensiosamente construíram barreiras contra o mal e toda a área onde se encontram esses confiantes lidado­res do bem é protegida por edificações magnéticas vigiadas por devotados cooperadores desencarnados.  (Entre os dois mundos. Capítulo 20: A glória e a honra de servir.) 

276. Há algum tempo, interesses imobiliários e necessi­dades de desenvolvimento da urbe, que vem atendendo às exigências do progresso, ameaçavam o domínio onde estão instaladas essas realizações, com grave risco de extinção de uma obra que está prestes a completar um século.  (Entre os dois mundos. Capítulo 20: A glória e a honra de servir.) 

277. Segundo o Mentor, no programa de trabalho, deveria a equipe socorrista interferir, sem violentar o livre-arbítrio das pessoas, para que seja pre­servado esse patrimônio da Humanidade, conforme vem ocorrendo com edificações grandiosas do passado, que vêm sendo patrocinadas por organismos internacionais como a Unesco, a fim de que permaneçam intactas, as­sim engrandecendo e mantendo a memória dos tempos. Foi com esse objetivo que a equipe rumou para lá.  (Entre os dois mundos. Capítulo 20: A glória e a honra de servir.) 

278. Manoel Philomeno confessa que não podia asserenar a curiosidade em torno de questão fascinante como essa. Afinal, os mortos prosseguem orientando os vivos, mesmo que esses não se deem conta. É óbvio que ele conhecia a interferência espiritu­al em todos os quadros da vida humana, no entanto esse recurso afigurava-se-lhe especial pelas suas características inusuais.  (Entre os dois mundos. Capítulo 20: A glória e a honra de servir.) 

279. Dialogando com Petitinga, ele o interrogou: “Felizmente, as construções mentais e espirituais do bem vão podendo fincar raízes no mundo físico, a tal ponto que antigas ameaças vão sendo afastadas. É de imaginar-se que, a pouco e pouco, se implantem na Terra os programas procedentes de nossa esfera de ação, não é verdade?” Petitinga respondeu: “Certamente; basta consideremos ser a matéria uma condensação da energia que se aglutina em moléculas e sucessivamente até a constituição de todas as formas existentes. Neste caso, porém, estamos diante de edificação mais significativa, por­que constituída de campos vibratórios muito especiais, que vale a pena manter, porquanto, em caso de destruição dos conjuntos físicos, a remoção das estruturas fluídicas e mag­néticas imporia alguns desafios muito complexos, embora não sendo impossível de realizá-la. Os benefícios que têm advindo para a cidade – dádiva de gratidão e amor do seu apóstolo desencarnado – não teriam as mesmas condições de prosseguir, conforme vem sucedendo”.  (Entre os dois mundos. Capítulo 20: A glória e a honra de servir.) 

280. Silenciando, por alguns segundos, logo prosseguiu: “Quando o Cristianismo encontrou apoio gover­namental e passou a fazer parte do Império Romano, a partir do século IV, muitos templos dedicados aos deuses do passado foram lentamente transformados em igrejas, substituindo-se as estátuas colossais, que os representavam, por outras que homenageavam os mártires e os heróis do Evangelho. Consta mesmo que a estátua de Pedro, que se encontra na atual Basílica, esculpida em sua homenagem, no Vaticano, teria sido fundida com o bronze daquela que pertencera anteriormente a Júpiter Capitolino... Dessa forma, devemos evitar que se instalem novos cultos personalistas em homenagem a venerandos vultos da Doutrina Espírita, derrapando-se no perigo de repetirem­-se os erros lamentáveis de outrora, trocando-se os santos tradicionais pelos novos guias espirituais. O sentimento de gratidão e de amor por esses luminares da bondade e da re­núncia, da caridade e da misericórdia, é muito louvável, des­de que não se transforme em adoração, e os lugares em que repousam os seus despojos mortais não se transformem em reduto de peregrinação com as consequências lamentáveis de acontecimentos miraculosos”.  (Entre os dois mundos. Capítulo 20: A glória e a honra de servir.) 

281. Naquele momento, a equipe socorrista chegou ao formoso reduto, onde já se encontravam pessoas no afã de preparar o recinto para as atividades evangélicas que logo teriam início. Tudo transpirava simplicidade. As construções mo­destas entre árvores frondosas ofereciam recantos pito­rescos onde se respirava o oxigênio balsâmico da Nature­za em festa de flores e de vegetação luxuriante. À hora convencional, em clima de júbilos, reuniram­-se na sala de estudos e de orações as pessoas que comparti­lhavam os compromissos doutrinários. Não somente da cidade, mas também de outros bur­gos, algumas apresentavam sintomas de obsessão, trazidas por familiares devotados, outras demonstravam transtornos emocionais e as demais aparentavam relativa saúde orgâni­ca, todas, porém, imbuídas de fervor e de necessidade de paz. Nesse comenos, chegaram os responsáveis pelo cometi­mento afetuoso. Duas descendentes do clã original, herdeiras e preservadoras da tradição evangélica, exteriorizavam a bele­za interior, desde o brilho do olhar aos sentimentos de amor que evolavam em sucessivas ondas de energia benéfica. Os limites orgânicos que a existência impusera a uma delas, de maneira alguma constituíram-lhe obstáculo para a realização dos seus ideais cristãos, aos quais se entregara totalmente.  (Entre os dois mundos. Capítulo 20: A glória e a honra de servir.) 

282. Iniciada a reunião, mediante a oração espontânea, sem a preocupação do verbalismo exibicionista, mais enun­ciada com a emoção do que através de palavras, foi aberto O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, e lida a página intitulada “Justiça das aflições”, inserta no Capítulo V, “Bem-aventurados os aflitos”. Com segurança e naturalidade foram comentados o sentido e o significado das aflições humanas decorrentes dos atos infelizes de que cada pessoa se fez responsável, ao mes­mo tempo, instrumento de elevação moral e de reflexão em torno da transitoriedade da vida física e de tudo quanto diz respeito ao jornadear terreno. “As aflições – esclareceu a responsável pelos comen­tários – são as mãos da vida plasmando a beleza e a per­feição nas estruturas grotescas do ser em desenvolvimento. Graças a elas, o revel faz-se pacífico, o impiedoso torna-se compassivo, o perseguidor abranda a sanha da fúria, o demônio santifica-se... São essas missionárias que trabalham a pedra bruta do humano sentimento frio para torná-lo angé­lico. Não somente ajudam a reparar crimes e abusos, como também a arrancar do reduto em que se refugia o santo que dorme nas suas entranhas.”  (Entre os dois mundos. Capítulo 20: A glória e a honra de servir.) 

283. Logo que concluiu a exposição, singela e rica de en­sinamentos, devotados médiuns de cura acercaram-se dos pacientes e puseram-se a aplicar-lhes passes, enquanto, con­centrados, todos buscavam permanecer receptivos. Espíritos dedicados, que ali se encontravam para o mister, ajudavam os companheiros encarnados, realizando nobilitante serviço de recuperação de forças e de saúde em favor dos enfermos. Suave melodia espiritual enriquecia o ambiente de musicalidade superior, quando, subitamente, um facho de mirífica luz desceu do Alto envolvendo a todos em harmonias incomuns, enquanto delica­dos flocos evanescentes caíam sobre os presentes. Ao terminar, foi proferida a prece de encerramento, e as pessoas, após ligeiros comentários a respeito da excelência da reunião, regressaram aos seus lares, ficando no local somente os residentes.  (Entre os dois mundos. Capítulo 20: A glória e a honra de servir.)  (Continua no próximo número.)

 

 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita