Questões vernáculas

por Astolfo O. de Oliveira Filho

Da lista de erros frequentes no uso do idioma português, eis mais alguns exemplos:

1. É bem intenso o ritmo na cidade grande, onde diz-se que tempo é dinheiro.

O correto: “É bem intenso o ritmo na cidade grande, onde se diz que tempo é dinheiro.”

Explicação: O vocábulo onde atrai o pronome oblíquo “se”, determinando a próclise.

2. O que significa isso, meu amigo?

O correto: “Que significa isso, meu amigo?”

Explicação: O vocábulo “o” empregado na frase não tem função sintática nenhuma e, portanto, seu uso não se justifica.

Se a oração for afirmativa (O que é o Espiritismo; o que é evangelização; o que é ética), o vocábulo “o” não apenas é cabível, mas necessário. Trata-se de um pronome demonstrativo, não um artigo definido.

3. Caro colega, embora tenha prometido-lhe ir, informo que não posso.

O correto: “Caro colega, embora lhe tenha prometido ir, informo que não posso.”

Explicação: A conjunção subordinativa “embora” atrai o pronome “lhe”, determinando a próclise. Além disso, muitos gramáticos entendem que não cabe ênclise em se tratando de particípio.

4. Não sei se o vestido serve, porquê é bem curto.

O correto: “Não sei se o vestido serve, porque é bem curto.”

Explicação: Quando na função de conjunção, o vocábulo porque não leva acento gráfico. O acento só cabe quando a função é de substantivo: “Não sei o porquê disso”.

5. Porque você jamais me escreve?

O correto: “Por que você jamais me escreve?”

Explicação: Na oração interrogativa usa-se “por que”, que equivale à expressão “por que motivo”. O vocábulo “porque” é uma conjunção e estaria bem aplicado se, em resposta à pergunta transcrita neste exemplo, a pessoa escrevesse: “Jamais lhe escrevi porque não tinha seu endereço”.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita