Dificuldades e obstáculos
Observando a sequência das publicações das obras da
codificação espírita constatamos que a primeira
publicada foi O Livro dos Espíritos, a segunda, a
Revista Espírita, a terceira, O que é o
Espiritismo, a quarta, O Livro dos Médiuns.
Essa, na ordem das publicações, nos dá a entender que Kardec assim procedeu por entender que o conhecimento
deve preceder à prática do Espiritismo, pois O
Evangelho segundo o Espiritismo, em que ele tratou
da parte moral que nos concita às mudanças necessárias à
transformação dos sentimentos, só foi editado em quinto
lugar.
Para conhecer o Espiritismo, essa doutrina nova, “O
Consolador” prometido por Jesus, é necessário conhecê-la
por meio de um estudo sério, mas não é impossível sua
assimilação desde que haja boa vontade e esforço
continuado, com firme disposição de compreender seus
princípios renovadores.
Após sua assimilação, o interessado compreenderá que há
nos seus preceitos o convite para as mudanças
necessárias para efetuar sua reforma íntima, colocando
em prática os seus postulados, isto é, vivenciá-los nos
procedimentos e, para tanto, é preciso ter plena
consciência da necessidade de efetuar mudança em tudo o
que não se coaduna com os seus princípios. Portanto, só
quando descobrirmos que somos Espíritos imortais, que
carregamos muitas mazelas no nosso interior, causa dos
nossos sofrimentos, e que, para transformá-las em
virtudes ativas, existe uma lei divina, a reencarnação,
que nos concede múltiplas existências para nossa
evolução, realizando nelas, paulatinamente, as mudanças
necessárias para um futuro feliz.
Justificando o nosso pensamento a respeito, coloco o
seguinte fato: Certa ocasião, um amigo muito querido nos
fez a seguinte observação: “Se observarmos um espírita
portando consigo O Livro dos Espíritos pode-se deduzir
ser ele um estudioso da doutrina, e outro que porta O
Evangelho segundo o Espiritismo, poderemos afirmar ser
alguém que já o estudou e agora trabalha para colocar em
prática os seus postulados”.
Colocar em prática os princípios espíritas junto ao
nosso próximo, isto é, ajudá-lo material, moral e
espiritualmente nas suas necessidades, até que não é
muito difícil. O mais difícil é colocá-lo em prática
conosco mesmos, assumindo compromissos de trabalhar o
nosso íntimo, aprender a renúncia e o esforço abençoado
das mudanças que se fizerem necessárias em nossos
hábitos, desejos, pensamentos, vícios e em tudo mais que
nos prende à matéria, nos encarcerando no mundo físico.
Enfim, aprender a viver no mundo sem ser do mundo, como
enfatizou Cairbar Schutel.
Como vimos, o conhecimento intelectual é conseguido
através dos estudos das obras espíritas, básicas e
complementares, mas na reforma da própria natureza é
preciso inaudito esforço para corrigir os defeitos nos
quais ainda nos comprazemos, os quais para serem
substituídos por qualidades boas exigem muita
perseverança.
É comum que em lugar de admitirmos nossa culpa pelos
erros cometidos, com facilidade a transferimos para a
nossa natureza, para Deus ou outra vítima qualquer, por
nos faltar coragem em assumi-las. Enquanto não
assumirmos as responsabilidades por nossos erros não
estaremos propícios a trabalhar sua extinção em nós.
Isso acontece pelo orgulho e o egoísmo que existem em
nós. São mazelas que adquirimos livremente e hoje é
preciso nos conscientizarmos ser necessário domá-las,
pois agora estão nos fazendo muito mal e a consciência
manda que lutemos contra elas.
No entanto, se atentarmos para os ensinamentos de Kardec,
verificaremos ser necessário esforço contínuo para as
mudanças e se nos esforçarmos conseguiremos; pois a
evolução, que é lei divina, abrange todos os de boa
vontade. Mais cedo ou mais tarde, todos teremos que
tomar posição de transformação, pois tudo evolui, tudo
sonha na imortal ânsia risonha de mais subir, mais
galgar, segundo os versos sublimes de Castro Alves.
É natural a existência de dificuldades e obstáculos como
muito bem anotou Cairbar Schutel em seu livro: “O
Espírito do Cristianismo”, Editora O Clarim, pág. 132:
“De outro lado, Jesus nos assevera a impossibilidade de
não haver tropeços na Terra, porque sendo o nosso mundo
um dos mais atrasados do Sistema Solar, sem os
`tropeços´ os homens não fariam a sua evolução”.
“A evolução nasce da luta, do trabalho para a perfeição,
e, para que haja luta, há necessidade que haja `tropeço`
e, que para que haja trabalho, é indispensável que este
trabalho esteja por fazer.”
“Nos planos morais e espirituais da nossa esfera sucede
a mesma coisa que no plano material”. “(...) Todo esse
trabalho de destruição e edificação é uma luta contra
`tropeços` que empreendemos e na qual os `tropeços` são
vencidos. Todo o trabalho produz fadiga; toda a luta
causa dor; mas é da luta e do trabalho que vêm a
felicidade e a perfeição”.
“Espíritas! Prosseguir sem esmorecimento, sem cansaço e
sem desânimo. Fazer o que nos cabe para sermos felizes,
levando conosco os que estejam sintonizados com o ideal
de vida abundante e de paz insuplantável que adotamos
para alicerce da nossa existência”, conforme o Espírito
Hugo Reis, em mensagem psicografada pelo médium Raul
Teixeira, em 11/02/2008, Ponta Grossa – PR.
Caros amigos espíritas, vale avaliarmos as bênçãos que
recebemos da espiritualidade superior por ter deixado
chegar às nossas mãos as obras da codificação espírita,
elaboradas por Allan Kardec, que nos proporcionam, com
seu estudo, o conhecimento da nova doutrina, um
manancial de orientação para nossas vidas.
Por tudo isso, que representa abençoada oportunidade de
crescimento espiritual, vale nos dedicarmos com empenho
e boa vontade em conhecê-la, estudando-a com carinho e
dedicando todo esforço em vivenciá-la nos dias de nossa
vida.