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por Édo Mariani

 

Dificuldades e obstáculos


Observando a sequência das publicações das obras da codificação espírita constatamos que a primeira publicada foi O Livro dos Espíritos, a segunda, a Revista Espírita, a terceira, O que é o Espiritismo, a quarta, O Livro dos Médiuns. Essa, na ordem das publicações, nos dá a entender que Kardec assim procedeu por entender que o conhecimento deve preceder à prática do Espiritismo, pois O Evangelho segundo o Espiritismo, em que ele tratou da parte moral que nos concita às mudanças necessárias à transformação dos sentimentos, só foi editado em quinto lugar. 

Para conhecer o Espiritismo, essa doutrina nova, “O Consolador” prometido por Jesus, é necessário conhecê-la por meio de um estudo sério, mas não é impossível sua assimilação desde que haja boa vontade e esforço continuado, com firme disposição de compreender seus princípios renovadores.

Após sua assimilação, o interessado compreenderá que há nos seus preceitos o convite para as mudanças necessárias para efetuar sua reforma íntima, colocando em prática os seus postulados, isto é, vivenciá-los nos procedimentos e, para tanto, é preciso ter plena consciência da necessidade de efetuar mudança em tudo o que não se coaduna com os seus princípios. Portanto, só quando descobrirmos que somos Espíritos imortais, que carregamos muitas mazelas no nosso interior, causa dos nossos sofrimentos, e que, para transformá-las em virtudes ativas, existe uma lei divina, a reencarnação, que nos concede múltiplas existências para nossa evolução, realizando nelas, paulatinamente, as mudanças necessárias para um futuro feliz.

Justificando o nosso pensamento a respeito, coloco o seguinte fato: Certa ocasião, um amigo muito querido nos fez a seguinte observação: “Se observarmos um espírita portando consigo O Livro dos Espíritos pode-se deduzir ser ele um estudioso da doutrina, e outro que porta O Evangelho segundo o Espiritismo, poderemos afirmar ser alguém que já o estudou e agora trabalha para colocar em prática os seus postulados”.

Colocar em prática os princípios espíritas junto ao nosso próximo, isto é, ajudá-lo material, moral e espiritualmente nas suas necessidades, até que não é muito difícil. O mais difícil é colocá-lo em prática conosco mesmos, assumindo compromissos de trabalhar o nosso íntimo, aprender a renúncia e o esforço abençoado das mudanças que se fizerem necessárias em nossos hábitos, desejos, pensamentos, vícios e em tudo mais que nos prende à matéria, nos encarcerando no mundo físico. Enfim, aprender a viver no mundo sem ser do mundo, como enfatizou Cairbar Schutel.

Como vimos, o conhecimento intelectual é conseguido através dos estudos das obras espíritas, básicas e complementares, mas na reforma da própria natureza é preciso inaudito esforço para corrigir os defeitos nos quais ainda nos comprazemos, os quais para serem substituídos por qualidades boas exigem muita perseverança.

É comum que em lugar de admitirmos nossa culpa pelos erros cometidos, com facilidade a transferimos para a nossa natureza, para Deus ou outra vítima qualquer, por nos faltar coragem em assumi-las. Enquanto não assumirmos as responsabilidades por nossos erros não estaremos propícios a trabalhar sua extinção em nós.   

Isso acontece pelo orgulho e o egoísmo que existem em nós. São mazelas que adquirimos livremente e hoje é preciso nos conscientizarmos ser necessário domá-las, pois agora estão nos fazendo muito mal e a consciência manda que lutemos contra elas.

No entanto, se atentarmos para os ensinamentos de Kardec, verificaremos ser necessário esforço contínuo para as mudanças e se nos esforçarmos conseguiremos; pois a evolução, que é lei divina, abrange todos os de boa vontade. Mais cedo ou mais tarde, todos teremos que tomar posição de transformação, pois tudo evolui, tudo sonha na imortal ânsia risonha de mais subir, mais galgar, segundo os versos sublimes de Castro Alves.

É natural a existência de dificuldades e obstáculos como muito bem anotou Cairbar Schutel em seu livro: “O Espírito do Cristianismo”, Editora O Clarim, pág. 132: “De outro lado, Jesus nos assevera a impossibilidade de não haver tropeços na Terra, porque sendo o nosso mundo um dos mais atrasados do Sistema Solar, sem os `tropeços´ os homens não fariam a sua evolução”.

“A evolução nasce da luta, do trabalho para a perfeição, e, para que haja luta, há necessidade que haja `tropeço` e, que para que haja trabalho, é indispensável que este trabalho esteja por fazer.”

“Nos planos morais e espirituais da nossa esfera sucede a mesma coisa que no plano material”. “(...) Todo esse trabalho de destruição e edificação é uma luta contra `tropeços` que empreendemos e na qual os `tropeços` são vencidos. Todo o trabalho produz fadiga; toda a luta causa dor; mas é da luta e do trabalho que vêm a felicidade e a perfeição”.

“Espíritas! Prosseguir sem esmorecimento, sem cansaço e sem desânimo. Fazer o que nos cabe para sermos felizes, levando conosco os que estejam sintonizados com o ideal de vida abundante e de paz insuplantável que adotamos para alicerce da nossa existência”, conforme o Espírito Hugo Reis, em mensagem psicografada pelo médium Raul Teixeira, em 11/02/2008, Ponta Grossa – PR.

Caros amigos espíritas, vale avaliarmos as bênçãos que recebemos da espiritualidade superior por ter deixado chegar às nossas mãos as obras da codificação espírita, elaboradas por Allan Kardec, que nos proporcionam, com seu estudo, o conhecimento da nova doutrina, um manancial de orientação para nossas vidas.

Por tudo isso, que representa abençoada oportunidade de crescimento espiritual, vale nos dedicarmos com empenho e boa vontade em conhecê-la, estudando-a com carinho e dedicando todo esforço em vivenciá-la nos dias de nossa vida.   


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita