Entrevista

por Orson Peter Carrara  

A Internet como ferramenta de divulgação espírita

Tony dos Santos, natural de Limeira (SP), espírita desde os 27 anos, é professor e engenheiro, tendo sido mantenedor de colégios e faculdades por 33 anos. Atualmente é diretor-presidente da Nuvem Mestra, empresa parceira Premier do Google For Education no Brasil e na América Latina. Exerce cargos em várias entidades associativas e filantrópicas no Brasil. Entrevistamo-lo motivado por sua apresentação no Congresso Estadual da USE SP, no qual abordou o uso da Internet e suas ferramentas.

O advento da Internet muito facilitou a divulgação espírita. Considera que a temos usado adequadamente. Por quê?

Temos ainda muito a realizar em termos de divulgação da Doutrina Espírita. Felizmente grandes nomes do Espiritismo como Divaldo Franco, Haroldo Dutra Dias, Rossandro Klinjey, entre outros, têm-se utilizado das mídias sociais com material valioso de instrução e divulgação. Não há como negar que a expansão da Internet transformou de modo irreversível a forma como as relações humanas se desenvolvem. Neste contexto, a divulgação da Doutrina Espírita pode ser realizada pelos Centros Espíritas como incentivo ao estudo e esclarecimento da população. Temos que utilizar as ferramentas tecnológicas a nosso favor. A meu ver os trabalhadores mais jovens podem ser muito bem aproveitados para alavancar essa divulgação até pela maneira fácil como utilizam as mídias sociais no seu dia a dia.

Que podemos esperar para futuro breve ou remoto?

Um incremento por parte das pessoas por pesquisas e buscas por informações sobre conteúdos doutrinários. Estamos cada vez mais carentes de conhecimento e a reforma íntima que tanto almejamos passa por essa busca por conteúdo de qualidade que somente Centros Espíritas sérios e profissionais respeitados podem compartilhar conosco. 97% da informação do planeta já está na Internet. Diariamente são feitas 3.538.453.522 buscas no Google. Sendo assim, todo conteúdo doutrinário espírita deve estar digitalizado em breve. É uma realidade que impressiona.

Como foi seu foco de abordagem no recente Congresso Estadual da USE em Atibaia?

Tivemos uma conversa sobre as mudanças que estão acontecendo no mundo das empresas, famílias, trabalho, na área de ensino e que os Centros Espíritas sendo centros educacionais terão que fazer essa transição de cultura analógica para a cultura digital mais cedo ou mais tarde. Isso será preciso para acompanhar os interesses da população com a nova maneira de se buscar informação e estudo. Vou dar um exemplo: O Centro Espírita é uma escola de evangelização. Nessa escola estudam crianças, jovens, adultos, pessoas que trabalham em diferentes atividades. Profissionais muitas vezes precisam viajar a trabalho. Se você tem como único critério a presença física nas aulas (claro, sabemos da importância e compromisso assumidos com a espiritualidade), muitas vezes um bom trabalhador ou aluno acaba sendo reprovado em algum curso mesmo tendo a necessidade de faltar por motivos justificados. Ultrapassa o limite de faltas e é reprovado. Caso as ferramentas disponíveis atualmente, como o aplicativo Hangout, possa também ser utilizadas (aplicativo de videoconferência onde o aluno interage, responde perguntas, compartilha fotos, documentos, faz provas), o aluno pode contribuir mais e valer como uma “atenuante” para a sua necessidade de faltas. Pode ainda colaborar e compartilhar com seu grupo de estudo um resumo de livros, divulgar seus trabalhos sociais, escrever um texto ou mesmo um livro com a colaboração dos colegas e monitores. Tudo isso utilizando as ferramentas tecnológicas do Google, por exemplo.

No portal Google, imensamente conhecido e utilizado, há ferramentas que já podemos utilizar nessa direção? Como?

As ferramentas são muitas e vou citar alguns exemplos. O ensino a distância (EAD) é uma forma atual, sem fronteiras, abrangente e de fácil acesso. Poderiam ser criados vários cursos com tutores (monitores) de uma maneira híbrida, ou seja, algumas aulas em tempo real, ao vivo, e outras a distância.Também existem e-books (livros digitalizados) que crescem em utilização, atualmente. Existem ferramentas para leitura de livros com Hiperlinks (ao acessá-los somos direcionados a páginas explicando o conteúdo). Uma outra sugestão é o uso de um aplicativo da Google chamado Formulário onde vários autores podem escrever livros, textos, compartilhando o mesmo documento em qualquer lugar e ao mesmo tempo, sem a necessidade de estarem no mesmo ambiente físico. Além disso, cada Centro Espírita poderia criar canais de Youtube com temas e palestras espíritas.

Em sua visão e experiência profissional na área, o que já podemos fazer especialmente para sensibilizar trabalhadores espíritas na utilização dos recursos já disponíveis?

Atualmente no Brasil há cerca de 207.000.000 de habitantes e mais de 208.000.000 de celulares. Cerca de 50% da população mundial incluindo países de baixa renda possuem celulares e acredita-se que até 2020 será de 80%. 73% das relações sociais acontecem pela rede, sendo que 87% são feitas pelo smartphones. Trazendo essa realidade para os Centros Espíritas, podemos dizer que, se quisermos estar presentes nesta transformação das relações humanas, teremos que adaptar as maneiras do ensinar. Que tal fazermos uma grande mobilização em cada Centro, verificar os trabalhadores, alunos e voluntários que gostariam de participar do Departamento de Divulgação e juntos traçarem estratégias para a divulgação do conteúdo doutrinário?

Algo mais que gostaria de acrescentar?

A Internet e suas ferramentas tecnológicas devem ser usadas ponderadamente. É preciso bom senso e discernimento. Antes de qualquer manifestação escrita ou oral, devemos refletir:

- As informações estão de acordo com as informações que Kardec nos passou?

- O conteúdo faria parte da Revista Espírita?

- Faço referência aos princípios de ética e caridade cristã?

Suas palavras finais.

Se soubermos utilizar essas ferramentas como um meio de inserção social, levaremos informação, compartilharemos histórias de amor e caridade a qualquer lugar do planeta. Estaremos incluindo as mais remotas comunidades assim como nossos irmãos com algum tipo de deficiência e que hoje encontram na Internet uma fonte inesgotável de conhecimento.

 
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita