A leitora Tania Mara Costa Chiferi, em mensagem enviada
a esta revista, publicada na seção de Cartas desta
edição, pergunta-nos:
Qual a diferença entre Radiação e Irradiação (fluídica)?
Por favor, dê alguns exemplos.
Acerca dos termos citados, colhemos nas obras espíritas
as definições seguintes:
Radiação [do latim radiatione]: Ato ou efeito de
radiar. Qualquer dos processos físicos de emissão e
propagação de energia.
Radiar [do latim radiare]: Emitir ondas e energia
calorífica, luminosa ou, de modo geral, eletromagnética.
Transmitir ondas mentais ou fluidos terapêuticos a um
paciente distante. Fazer brilhar, irradiar.
Irradiação [do latim irradiare]: Transmissão de
fluidos espirituais a distância ou passe a distância.
É de notar, desde logo, que os termos radiação e
irradiação têm significados semelhantes e é, certamente,
por isso que os autores espíritas os utilizam, ora um,
ora outro, para referir-se ao mesmo fato. Ligeira
consulta às diferentes obras confirma o que dizemos.
Em Obras Póstumas, Allan Kardec ensina que "cada
ser tem seu fluido próprio que o envolve, como a
atmosfera envolve cada planeta". A atmosfera fluídica do
ser humano é plasmada por seus atos, pensamentos e
sentimentos.
Os fluidos são formas energéticas da substância
elementar que o organismo perispiritual absorve do meio
ambiente, transforma segundo o padrão vibratório em que
se encontra e irradia em derredor de si. Neutros em si
mesmos, os fluidos adquirem as qualidades do meio em que
são elaborados, do mesmo modo que a água se modifica
conforme o leito onde caminhe.
Assim, do ponto de vista moral, os fluidos trazem a
impressão dos sentimentos de ódio, inveja, ciúme,
orgulho, egoísmo, violência, bondade, benevolência,
doçura etc. Do ponto de vista físico, os fluidos são
excitantes, calmantes, penetrantes, adstringentes,
irritantes, dulcificantes, soporíferos, narcóticos,
tóxicos, reparadores etc.
Os fluidos serão mais harmônicos, agradáveis, luminosos
e saudáveis, quanto mais elevados são os pensamentos e
os sentimentos da pessoa que os emite. O fluido bom
possui vibração elevada e pura que reconforta, estimula
e cura as perturbações físicas e morais. Já os fluidos
pesados, mórbidos e desagradáveis, que são irradiados
por Espíritos inferiores, maléficos ou enfermos, causam
distúrbios e doenças.
Ensina Léon Denis, em sua obra O Além e a
Sobrevivência do Ser, que todos os corpos vibram,
todos se mantêm num perpétuo estado de radiação; apenas
a do rádio é mais forte do que as outras. Quanto ao ser
humano, existe nele um foco de energia, donde
constantemente emanam eflúvios magnéticos e forças que
se ativam, que se estendem sob a influência da vontade,
chegando a impressionar placas fotográficas.
Conforme os ensinamentos espíritas, as radiações são um
poderoso agente de tratamento, tanto material como
espiritual. São tão eficientes como qualquer tratamento
feito na presença do indivíduo, como ocorre nos passes
magnéticos. A distância não representa impedimento
algum. As radiações significam passes a distância. Tanto
num caso como no outro, a ação da mente, a força do
pensamento, o impulso amoroso e a vibração fraterna
constituem a mola propulsora do fenômeno.
Eis dois exemplos que mostram de forma bastante clara o
efeito da irradiação fluídica sobre as pessoas:
1º – Vamos a um encontro com amigos nossos para
realizarmos o chamado culto do Evangelho no lar. É lida
uma página do Novo Testamento, a qual é, a seguir,
comentada por alguns dos presentes. No final, oramos por
alguém do grupo que se encontra enfermo. Finda a
reunião, saímos dali edificados.
2º – Participamos de mais uma reunião convocada pelo
síndico do prédio onde moramos. Discussões acaloradas
ocorrem. Dois condôminos, por não concordarem com
determinada deliberação, discutem asperamente e quase
chegam a vias de fato. Findo o encontro, saímos dali
desarmonizados e alguns até bastante irritados.
No cap. XIV do livro A Gênese, de Allan Kardec,
encontramos a explicação dos fatos descritos, que as
pessoas sabem que ocorrem mas geralmente não
compreendem.
Uma reunião de pessoas é um foco de irradiação de
pensamentos diversos, em que cada indivíduo emite
eflúvios fluídicos próprios. Resulta disso uma
multiplicidade de correntes e de eflúvios fluídicos cuja
impressão cada um recebe pelo sentido espiritual, como
num coro musical cada um recebe a impressão dos sons
pelo sentido da audição.
Ora, do mesmo modo que há radiações sonoras, harmoniosas
ou dissonantes, também há pensamentos harmônicos ou
discordantes. Se o conjunto é harmonioso, agradável será
a impressão; se for discordante, a impressão poderá ser
penosa. Para isso, não é preciso que o pensamento se
exteriorize por palavras. Quer ele se externe, quer não,
a irradiação existe sempre.
Essa é, em síntese, a causa da satisfação que se
experimenta numa reunião simpática, animada de
pensamentos bons e benévolos. Envolve-a uma atmosfera
moral muito agradável e salutar, onde se respira à
vontade, e saímos dali reconfortados, porque impregnados
de eflúvios fluídicos salutares. Basta, contudo, que se
lhe misturem alguns pensamentos maus, para produzir-se o
efeito de uma corrente de ar gelado num meio tépido, ou
o de uma nota desafinada na apresentação de uma
orquestra.
É isso que explica a ansiedade, o indefinível mal-estar
que se experimenta numa reunião antipática, na qual
pensamentos malévolos provocam correntes de fluido de
igual natureza.
Esperamos que as explicações acima satisfaçam à
expectativa de nossa leitora.