Elucidações de Emmanuel

por Francisco Cândido Xavier

 
Pilatos


“Mas entregou Jesus à vontade deles.” (Lucas, 23:25.)


Pilatos hesitava. Seu coração era um pêndulo entre duas forças poderosas... De um lado, era a consciência transmitindo-lhe a vontade superior dos Planos Divinos, de outro, era a imposição da turba ameaçadora, encaminhando-lhe a vontade inferior das esferas baixas do mundo.

O infortúnio do juiz romano foi entregar o Senhor aos desígnios da multidão mesquinha.

Na qualidade de homem, Pôncio Pilatos era portador de defeitos naturais que nos caracterizam a quase todos na experiência em que o nobre patrício se encontrava, mas, como juiz naquele instante, seu imenso desejo era de acertar.

Queria ser justo e ser bom no processo do Messias Nazareno, entretanto fraquejou pela vontade enfermiça, cedendo à zona contrária ao bem.

Examinando o fenômeno, todavia, não nos move outro desejo senão de analisar nossa própria fragilidade.

Quantas vezes agimos até ontem, ao modo de Pilatos, nas estradas da vida?

Imaginemos o tribunal de Jerusalém transportado ao nosso foro íntimo.

Jesus não se punha contra o nosso exame, mas, esperando pela nossa decisão, aí permanece conosco a sua Ideia Divina e Salvadora.

Qual aconteceu ao juiz, nosso coração transforma-se em pêndulo, entre as exortações da consciência eterna e as requisições dos desejos inferiores.

Quase que invariavelmente, entregamos o pensamento de Jesus às zonas baixas, onde sofre a mesma crucificação do Mestre.

Vemos assim que Pilatos converteu-se em profundo símbolo para a caminhada humana.

 

Do livro Alma e Luz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita