A Revue
Spirite de
1862
Parte 15
Damos prosseguimento
nesta edição ao estudo da Revue Spirite
correspondente ao ano de 1862. O texto condensado do
volume citado será aqui apresentado em 16 partes, com
base na tradução de Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
Questões para debate
A. É possível a comunicação mediúnica de uma pessoa
encarnada?
B. O duelo pode ser considerado um crime aos olhos do
Criador?
C. Que importância tem a fraternidade, segundo a
Doutrina Espírita?
Texto para leitura
157. Na Revue, Kardec refere-se à evocação da
esposa de Guillaume Remone, que se encontrava encarnada.
São João Batista, o guia da sociedade, esclareceu que
naquele momento seu corpo físico dormia e, por isso, ela
poderia vir. A primeira pergunta feita produziu-lhe,
contudo, muita perturbação e ela mesma pediu, com apoio
do guia espiritual, que cessassem as perguntas. São João
explicou que se tratava de uma criança na vida corrente
e a fadiga do Espírito poderia ter uma penosa reação
sobre seu corpo. (P. 329)
158. São João prestou, então, as seguintes informações
relativamente ao caso: I - Remone e a esposa não se
haviam, ainda, perdoado. II - Se eles se encontrassem na
Terra como encarnados teriam mútua antipatia. III - A
esposa conservava na atual existência o sexo feminino e
estava no momento com onze anos. IV - Filha de um rico
negociante, residia nas Antilhas, especificamente em
Havana. V - Suas provas na atual existência serão a
perda da fortuna, um amor ilegítimo e sem esperança,
acrescido da miséria e de duros trabalhos. (PP. 329 a
331)
159. A fim de completar o estudo em curso, o grupo
resolveu, com permissão do guia espiritual, evocar o
cúmplice da Sra. Remone, um Espírito ainda muito
atrasado, que era, na época, um simples chefe de
portaria no tribunal, de nome Jacques Noulin. (PP. 331 a
335)
160. A Revue traz a receita de uma pomada que foi
ditada, por seu protetor espiritual, à senhorita Ermance
Dufaux (a médium que escreveu mediunicamente a história
de Joana d’ Arc), de eficácia comprovada em toda sorte
de chagas ou feridas. Um de seus tios a trouxe da
América, mas a receita se perdeu. Padecendo de um mal na
perna, muito grave e muito antigo, e que havia resistido
a todo tratamento, ela perguntou a seu protetor se para
ela não haveria cura possível. Ele ditou-lhe então a
receita perdida. Em pouco tempo, a perna da senhorita
Dufaux estava cicatrizada e, como ela, sua lavadeira e
um operário conhecido também foram curados. Aplicada
sobre furúnculos, abcessos, panarícios, a pomada
consegue em pouco tempo rebentar e cicatrizar. (PP. 336
a 338. Ver também nota constante da pág. 386)
161. “Meu Testamento”, recebido pela Sra. E. Collignon,
e “O Monólogo do Burrico”, pelo Sr. J. Joubert, de
Carcassone, são as poesias espíritas da edição de
novembro. (PP. 338 a 341)
162. A Revue publica, ainda, uma carta dirigida
pelo Sr. J. Joubert, Vice-Presidente do Tribunal Civil
de Carcassone, ao Sr. Sabô, de Bordeaux. Kardec comenta,
a propósito, que o Espiritismo contava já, naquela
época, com numerosos adeptos nas fileiras da
magistratura e da advocacia, bem como entre funcionários
públicos, embora nem todos ousassem enfrentar a opinião
pública, ao contrário do que se dava com o missivista
Joubert. (PP. 342 e 343)
163. Comunicação recebida em Bordeaux pelo Sr. Guipon,
em novembro de 1861, tece várias considerações sobre o
duelo, apresentando as consequências espirituais e
humanas dessa prática. Como se sabe, duas vezes
criminosos aos olhos de Deus são os duelistas e, por
isso, duas vezes terrível será a sua punição, porque
nenhuma escusa será admitida, visto que por eles tudo
foi friamente calculado e premeditado. (PP. 343 a 347)
164. Felizmente, lembra Kardec, os duelos tornavam-se
cada vez mais raros, ao menos na França, o que indicava
o abrandamento dos costumes. Hoje, ao contrário de
outras épocas, a morte de um homem é um acontecimento
que comove as criaturas, enquanto no passado não se
ligava a isso grande atenção. (P. 347)
165. Léon de Muriane transmitiu em Lyon importante
comunicação em que fala dos fundamentos da ordem social
e assevera que a fraternidade é a base de todas as
instituições morais e o único meio de elevar um estado
social que possa subsistir e produzir efeitos dignos.
(P. 347)
166. O mesmo Espírito explicou, na referida reunião, por
que inspirara ao médium Émile V... a frase: “Aqui jazem
18 séculos de luzes”, que servia de título a um quadro
alegórico no qual ele pintara um féretro. Seu pensamento
era que dezoito séculos se haviam passado desde que
Jesus nos legou o Evangelho, colocando sua mensagem ao
alcance de todos. Mas que lhe aconteceu? “As paixões
terrestres se apoderaram dela; esta foi metida num
caixão, de onde acaba de tirá-la o Espiritismo. Eis a
alegoria”, explicou Léon de Muriane. (PP. 348 e 349)
167. Sanson, antigo membro da Sociedade Espírita de
Paris, escreve sobre o papel da Instituição dirigida por
Kardec, asseverando que ela faz jorrar seu pensamento no
mundo todo. “Sua força – diz Sanson – não está no
círculo onde se realizam suas sessões, mas em todos os
países onde são seguidas as suas dissertações, em toda
parte onde ela faz lei, à vista de seus ensinos
inteligentes.” (PP. 350 e 351)
(Continua no próximo
número.)
Respostas às questões
A. É possível a comunicação mediúnica de uma pessoa
encarnada?
Sim. O caso da ex-esposa de Guillaume Remone, que já
havia reencarnado, comprova esse fato. Na época da
comunicação ela estava com onze anos, mas, ao se
manifestar, falou como uma pessoa adulta e assumiu a
personalidade daquela que fora casada com o Sr. Remone.
(Revue Spirite de 1862, pp. 329 a 331.)
B. O duelo pode ser considerado um crime aos olhos do
Criador?
Sim. Duas vezes criminosos aos olhos de Deus são os
duelistas e, por isso, duas vezes terrível será sua
punição, porque nenhuma escusa será admitida, visto que
por eles tudo foi friamente calculado e premeditado.
(Obra citada, pp. 343 a 347.)
C. Que importância tem a fraternidade, segundo a
Doutrina Espírita?
Base da civilização do futuro, a fraternidade foi objeto
de importante mensagem assinada por Léon de Muriane, em
Lyon, na qual aquele Espírito fala dos fundamentos da
ordem social e assevera que a fraternidade é a base de
todas as instituições morais e o único meio de elevar um
estado social que possa subsistir e produzir efeitos
dignos. (Obra citada, p. 347.)