A Revue
Spirite de
1862
Parte 16 e final
Concluímos nesta data o estudo da Revue Spirite
correspondente ao ano de 1862. O texto condensado do
volume foi aqui apresentado em 16 partes, com base na
tradução de Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
Questões para debate
A. No tratamento da obsessão, que fatores são realmente
essenciais?
B. Que é que Charles Fourier escreveu a respeito da
reencarnação?
C. As preces são úteis aos Espíritos sofredores?
Texto para leitura
168. Fechando a edição de novembro, Erasto disserta
sobre a origem da linguagem. Eis algumas informações
contidas nessa comunicação: I - A Humanidade já
atravessou três grandes períodos: a fase bárbara, a fase
hebraica e pagã e a fase cristã: a esta última sucederá
a fase espírita. II - Entre os grupos étnicos brutos,
onde as sensações grosseiras dominavam, começaram a
aparecer alguns seres superiores, com a tarefa de
conduzi-los a uma fase melhor. III - A linguagem
propriamente dita, como a vida social, não começou a ter
um caráter certo senão a partir da fase hebraica e pagã.
IV - A língua primitiva foi uniforme, mas, à medida que
crescia o número de pastores, estes constituíam novas
famílias e daí novas tribos, diferenciando-se
gradativamente a língua então usada. Desse modo foi que
surgiram os diferentes idiomas. V - A Humanidade marcha
agora para uma língua única, como consequência forçada
de uma comunidade de ideias em moral, em política e,
sobretudo, em religião.
(N.R.: O Esperanto, a língua criada pelo médico
polonês L. Zamenhof, foi idealizado em 1887, vinte e
cinco anos depois da mensagem de Erasto.)
(PP. 351 a 354)
169. Fato curioso: a Revue, em sua edição de
novembro de 1862, informa a um leitor de La Calle,
Argélia, que “O Livro dos Espíritos” e “O Livro dos
Médiuns” não tinham sido ainda traduzidos para o
italiano. (P. 354)
170. Um artigo de Kardec sobre causas da obsessão e
meios de combatê-la é a principal matéria do número de
dezembro de 1862, da qual extraímos os seguintes
ensinamentos: I - Se um Espírito quiser agir sobre uma
pessoa, dela se aproxima, envolve-a com o seu
perispírito, como num manto; os fluidos se penetram, os
pensamentos e as vontades se confundem e, então, pode o
Espírito servir-se daquele corpo como se fora o seu.
Assim se dá na mediunidade. II - Se o Espírito for bom,
sua ação será suave e benéfica; se for mau, fará
maldades. Se for perverso e mau, ele a constrange, até
paralisar a vontade e a razão. III - Tal é a causa da
obsessão, da fascinação e da subjugação, que se mostram
em diversos graus de intensidade. O paroxismo da
subjugação é geralmente chamado possessão. IV - No
tratamento das obsessões é preciso esforçar-se por
adquirir a maior soma possível de superioridade pela
vontade, pela energia e pelas qualidades morais. V -
Antes, porém, de pretender dominar o mau Espírito, é
preciso dominar-se a si mesmo. De todos os meios para
adquirir a força de o conseguir, o mais eficaz é a
vontade, secundada pela prece. É necessário pedir ao
anjo da guarda e aos bons Espíritos que nos assistam na
luta. Mas não é suficiente pedir que expulsem o mau
Espírito. Lembrando a máxima: Ajuda-te, e o céu te
ajudará, devemos pedir-lhes, sobretudo, a força que nos
falta para vencer as nossas más inclinações, porque são
elas que atraem os maus Espíritos, como a carniça atrai
as aves de rapina. (PP. 355 a 363)
171. O Codificador recomenda também que oremos pelo
Espírito obsessor. Com perseverança acaba-se, na maioria
dos casos, por conduzi-lo a melhores sentimentos,
transformando-o de obsessor em um indivíduo reconhecido.
(P. 363)
172. Em resumo – diz Kardec – a prece fervorosa e os
esforços sérios por se melhorar são os únicos meios de
afastar os maus Espíritos, que reconhecem como senhores
aqueles que praticam o bem, mas riem ante as fórmulas.
(P. 364)
173. Kardec relata alguns fatos relacionados com sua
passagem por Rochefort, onde teve ele a satisfação de
passar duas noites reunido com os espíritas sinceros e
dedicados do lugar. E menciona também reportagem
desfavorável ao Espiritismo assinada com o pseudônimo de
Tony, no semanário Spectateur, de 12/10/1862, na
qual o jornalista faz inúmeras objeções às práticas e à
doutrina espírita. A resposta de Kardec se lê em
seguida. (PP. 365 a 372)
174. Extraído do jornal Écho de Sétif, de
18/9/1862, a Revue publica trechos de um artigo
científico, de autoria de Jalabert, intitulado “Mens
agitat molem”, no qual o autor demonstra de modo
racional a possibilidade das comunicações entre os
Espíritos livres e os encarnados. (PP. 373 a 376)
175. Kardec inseriu na edição de dezembro uma carta
enviada por um amigo de Charles Fourier, em que ele cita
passagens que comprovam que Fourier era também
reencarnacionista, ou melhor, a reencarnação era uma das
pedras angulares de sua teoria. Comentando o fato, o
Codificador lembra que o Sr. Louis Jourdan, redator do
Siècle, admitiu explicitamente a doutrina da
reencarnação em seu livro Prières de Ludovic,
publicado pela primeira vez em 1849, consequentemente
antes de se cogitar do Espiritismo. (PP. 376 e 377)
176. Entre a correspondência de Kardec, buscou ele uma
carta datada de 29/7/1860, que trata exatamente do tema
focalizado no artigo sobre Charles Fourier: a
reencarnação. Como foi lembrado anteriormente, Fourier
dizia que diariamente veem-se pessoas vindo pedir
caridade à porta dos castelos, dos quais foram donos em
vida anterior. (PP. 379 a 381)
177. Em sua caserna, em Paris, onde conta vários
camaradas adeptos da doutrina espírita, o Sr. Perché
recebeu uma comunicação de sua irmã Marguerite, que tece
considerações em torno do dia de comemoração dos mortos.
Na mensagem, a comunicante confirma a tese espírita de
que as preces são sempre úteis aos Espíritos sofredores
e mostra a felicidade que muitos deles sentem pela
lembrança e o carinho de seus familiares. (PP. 381 a
385)
178. A Revue noticia a fundação pelo Sr. Canelle,
velho conhecido de Kardec, de um dispensário em Paris em
que o tratamento é dirigido por ele e vários médicos
magnetizadores. Além dos tratamentos pagos, o
estabelecimento consagra sessões especiais às
magnetizações gratuitas. (P. 386)
Respostas às questões
A. No tratamento da obsessão, que fatores são realmente
essenciais?
São dois: a prece fervorosa e os esforços sérios por se
melhorar. Esses são, segundo Kardec, os únicos meios de
afastar os maus Espíritos, que reconhecem como senhores
aqueles que praticam o bem mas riem ante as fórmulas. (Revue
Spirite de 1862, pp. 363 e 364.)
B. Que é que Charles Fourier escreveu a respeito da
reencarnação?
Além de admiti-la claramente, Fourier dizia que
diariamente veem-se pessoas vindo pedir caridade à porta
dos castelos dos quais foram donos em vida anterior.
(Obra citada, pp. 379 a 381.)
C. As preces são úteis aos Espíritos sofredores?
Sim. As preces são sempre úteis aos Espíritos sofredores
e muitos deles ficam felizes pela lembrança e o carinho
que seus familiares demonstram por eles. (Obra citada,
pp. 381 a 385.)