Entre os Dois
Mundos
(Parte 33)
Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do
livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria de
Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P.
Franco no ano de 2004.
Questões preliminares
A. Quando a sede de uma casa espírita é demolida ou
transferida de local, que fato se dá com a edificação
espiritual ali existente?
O ideal, conforme é
ressaltado nesta obra, é que isso não ocorra. Mas, caso
ocorra, as construções espirituais conexas à parte
física da instituição podem ser transferidas sem maiores
problemas e a qualquer momento, como se dá com
frequência.
(Entre os dois mundos. Capítulo 21: O mensageiro de
Jesus.)
B. Somos livres realmente para tomarmos as decisões que
nos dizem respeito?
Sim. A liberdade de fazer
isso ou aquilo é uma realidade, mas nossos atos serão os
juízes que se nos apresentarão no tribunal de nossa
consciência mesmo antes da desencarnação e
particularmente depois dela. Trata-se de um princípio
que já nos fora ensinado pela Boa-Nova: a semeadura é
livre, mas a colheita é compulsória.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 21: O mensageiro de Jesus.)
C. A palestra do Missionário produziu algum efeito nas
autoridades municipais presentes, em espírito, no
encontro realizado?
Sim. Tanto o prefeito da
cidade quanto sua esposa lembraram-se, com nitidez, do
encontro realizado durante o sono corpóreo. Segundo seu
relato, o prefeito havia chegado à conclusão de que as
advertências feitas pelo palestrante no encontro deviam
ter relação com o projeto de desapropriação de uma área
que vinha sendo cobiçada por muitos companheiros que
anelavam construir ali um condomínio de luxo. Na área em
foco localizava-se a instituição espírita onde o
encontro se realizou na noite precedente. Dito isso, ele
se declarou disposto a interferir vigorosamente junto
ao presidente da Câmara Municipal, a fim de que o
projeto não fosse à frente.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 22: O despertar coletivo de consciências.)
Texto para leitura
298. Em sua fala, o
palestrante explicou os motivos que deram origem ao
plano de iniciativa espiritual a ser executado: “O que
nos move, neste momento, a expender nossos comentários,
é que, não somente se encontra em pauta o amor ao
crescimento citadino, mas a ambição desmedida que domina
alguns espíritos para tudo transformar em floresta de
cimento, tijolos e ferro, com ajardinamento para poucos
privilegiados, enquanto que o bosque a todos atende com
igualdade. Não existissem outros espaços que podem ser
utilizados para o benefício da cidade, que deve
estender-se para a região periférica, ampliando a sua
área urbana, alargando avenidas e construindo praças
formosas, melhorando o trânsito, ao invés de
congestioná-lo em alguns lugares centrais, quando se
poderia levá-lo a outros sítios, e seriam compreensíveis
a ambição e a luta pela desapropriação que vem sendo
discutida”. Acrescentou o Missionário: “É certo que as
construções espirituais, em campos específicos de
energia, podem ser transferidas sem maiores problemas e
a qualquer momento, como ocorre com frequência. A
questão, no entanto, cinge-se a razões sub-reptícias,
com heranças farisaicas, de desestimular e empurrar para
fora da zona urbana as atividades espíritas, que
detestam, por vincular-se, os seus opositores, a outras
denominações religiosas, o que é profundamente
lamentável”.
(Entre os dois mundos. Capítulo 21: O mensageiro de
Jesus.)
299. Lembrou o palestrante
que a sociedade conseguiu estabelecer leis de respeito
aos direitos humanos, de crenças, de raças, de minorias,
de opções comportamentais, desde que não atentem contra
a ética vigente, mas, apesar disso, remanescem o
fanatismo, o despeito e o ódio insensato, desejando
embaraçar os passos daqueles que também têm direito de
seguir Jesus conforme lhes apraz. Somos livres para as
decisões que nos dizem respeito, mas os nossos atos
serão os juízes que se nos apresentarão no tribunal da
consciência mesmo antes da desencarnação e
particularmente depois dela. Escamotear a verdade não
altera, de maneira alguma, seu conteúdo, porque ela
sempre ressuma do lixo em que se pretende sepultá-la,
dominando os horizontes das vidas. Feito breve silêncio,
Manoel Philomeno repassou os olhos pelo auditório
estático, no qual se ouviam as vibrações da respiração
pessoal, e ele pôde sentir quanto as palavras do
Mensageiro de Jesus penetravam o âmago das almas
presentes.
(Entre os dois mundos. Capítulo 21: O mensageiro de
Jesus.)
300. Ato contínuo, dando ênfase mais especial e
enternecedora à voz, ele concluiu: “Amai, em qualquer
circunstância, irmãos queridos. No amor estão as
soluções para todos os questionamentos humanos. Com um
pouco do
sal
do amor poreis paladar
superior em todos os vossos atos, plenificando-vos
também. Quem ama possui o elixir de longa vida para a
felicidade sem jaça. Quando se ama, o sentido
existencial adquire objetivo libertador e significado
dignificante. Enquanto se ama, coisa alguma de fora
perturba a paz interior e a alegria de viver, que se
desdobra sublime como resposta da vida aos seus
servidores. O amor, por isso mesmo, é o hálito divino
que a tudo nutre e conduz. A vida sem amor é árida,
tornando-se, no ser humano, um fenômeno vegetativo,
destituído de idealismo e de nobreza. Quando as
criaturas humanas conscientizarem-se da excelência do
amor, as barreiras impostas pelo preconceito, os abismos
separatistas abertos pelo egoísmo, as muralhas
impeditivas de relacionamento cairão ruidosamente,
surgindo as pontes de entendimento, os acessos de
compreensão, os laços de lídima fraternidade unindo-as e
beneficiando-as”.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 21: O mensageiro de Jesus.)
301. Silenciando, o palestrante voltou a sentar-se,
enquanto crianças espirituais apareceram no proscênio e
cantaram um hino de sensibilizadora beleza, exaltando o
amor. Depois, comovedora oração foi enunciada pela
genitora do Apóstolo, que agradeceu ao Incomparável
Filho de Maria de Nazaré a incomum felicidade daquele
instante, suplicando-Lhe que continuasse velando pela
nau terrestre e conduzindo-a ao Seu porto de segurança.
De imediato, quando os visitantes desceram ao
auditório, Dr. Arquimedes e seus companheiros de
trabalho acercaram-se para saudá-lo, conforme fizeram
outros devotados trabalhadores da Seara da Luz. Logo
depois, lentamente a alva começou a erguer o seu manto
de claridade, facultando que o dia começasse a sua
trajetória no
carro do Sol.
José Petitinga, exultante, comentou que não podia
sopitar a curiosidade em torno das consequências do
evento especial, em referindo-se àqueles que dele haviam
participado em parcial desdobramento pelo sono físico.
Ângelo e Germano, confabulando, afirmavam que, sem
dúvida, realmente os mortos conduzem os vivos, conforme
assevera a cultura popular. De fato, vivemos, sim, em
contínuo intercâmbio, os espíritos e os seres humanos,
como é perfeitamente natural. Afinal, a vida é uma
experiência de evolução insuperável, em cujo curso
entra-se no corpo e dele se sai, permanecendo-se, porém,
indestrutível. Não fora esse processo extraordinário e a
existência orgânica não teria qualquer sentido, em face
da ausência de objetivo profundo.
(Entre os dois mundos. Capítulo 21: O mensageiro de
Jesus.)
302. O despertar coletivo de consciências –
De
acordo com o grau de lucidez de cada indivíduo que
participara da reunião espiritual, o seu amanhecer foi
característico e muito pessoal. Interessados em
acompanhar o despertar de algumas das consciências
daqueles que estiveram em nossa esfera, Dr. Arquimedes
convidou-nos a visitar o administrador da cidade.
Chegamos ao seu lar, quando a família se encontrava à
mesa para o desjejum. O Sr. prefeito da cidade não podia
disfarçar a preocupação que o assinalava, embora o
bulício dos dois filhos pequenos. Interrogado pela
esposa a esse respeito, respondeu com reflexões
oportunas: “Durante a noite, experimentei curiosos
fenômenos espirituais. Tenho certeza de que fui
arrebatado do corpo e conduzido a uma região muito
feliz, onde não havia a densidade física e tudo
transcorria em um clima especial de felicidade. O lugar
faz-me recordar uma dessas descrições a respeito do
Reino dos Céus, que estão muito em voga. Eu me
encontrava ali, convidado para participar de um encontro
inabitual. Podia distinguir pessoas da nossa comunidade
e outras totalmente desconhecidas, que pareciam
habitantes desse mundo especial. No ambiente esfuziante
de luzes e envolto em vibrações musicais muito belas,
desfilaram verdadeiros anjos do Senhor, que assomaram a
um cenário deslumbrante, embora a singeleza da
ornamentação, onde teve lugar uma conferência
monumental. Recordo-me vagamente do espírito que a
proferiu, embora, no momento, não o possa identificar.
Posso afirmar que já o conheço de algum lugar, apesar
de apresentar, naquele momento, um aspecto algo
diferenciado”.
(Entre os dois mundos. Capítulo 22: O despertar coletivo
de consciências.)
303. O prefeito da cidade
continuou seu relato: “Utilizando-se de palavras que me
penetravam a alma, tal a musicalidade de que se
revestiam, ele referia-se a Jesus e ao Seu ministério no
mundo, abordando a gravidade do momento que vivemos,
especialmente em nossa urbe. Sereno e grave
convidava-nos ao exame de nossas responsabilidades sobre
a vida, nossos atos, nossos deveres políticos e sociais.
Mediante considerações profundas, pontuadas de
gravidade, ele concitava-nos ao cumprimento dos deveres
assumidos perante Deus, a serviço do próximo,
preservando a Natureza e as obras que o bem vem
realizando em favor de todos nós. Havia tal magnitude em
tudo a que se referia, que me senti profundamente
integrado no seu programa de ação proposto para o
futuro. Ao terminar, senti-me transportado ao paraíso,
como nunca dantes me ocorrera com tal intensidade.
Despertei feliz, mas preocupado, como se receando
comprometer-me com algo infeliz, que se me apresente
disfarçado de honorável. Pensando maduramente, desde o
momento que despertei e não mais pude conciliar o sono,
cheguei à conclusão que se deve tratar do projeto de
desapropriação de uma área que vem sendo cobiçada por
muitos companheiros que anelam ali construir um
condomínio de luxo. Recordei-me das solicitações que nos
foram dirigidas por pessoas honradas e dedicadas ao bem,
solicitando-nos a preservação daquele patrimônio que
dignifica a nossa cidade. Como consequência, estou
disposto a interferir vigorosamente junto ao presidente
da Câmara Municipal, a fim de que não nos deixemos
fascinar pelo canto das sereias da ilusão,
comprometendo-nos desastradamente”.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 22: O despertar coletivo de consciências.)
304. Aproveitando a pausa natural que se fez, a senhora,
demonstrando visível emoção, asseverou: “É muito
estranha essa narração que me faz, porque coincide com
o sonho de que fui acometida durante a madrugada. Não me
lembro dos detalhes, qual ocorre com você, no entanto,
tenho nítidas algumas imagens que se harmonizam com o
que você acaba de informar. Recordo-me, por exemplo, do
coral de crianças alegres e angelicais, da multidão que
se levantou antes e depois da conferência para saudar o
Espírito de luz, e vagamente das suas palavras que me
provocaram muitas emoções, quando ele se referiu a
Jesus. Não há dúvida, estamos num momento muito sério de
nossa existência e devemos agir com equilíbrio e
justiça. Tenha, portanto, muito cuidado!” Após ouvir
semelhantes relatos, Manoel Philomeno e seus
companheiros, deixando o casal em conversação
edificante, foram visitar outros convidados presentes no
encontro, e a tônica dos comentários era a mesma:
o sonho agradável da véspera.
(Entre os dois mundos. Capítulo 22: O despertar coletivo
de consciências.) (Continua no próximo número.)