Motivar a gratidão
A inteligência da criança observa amando e não com
indiferença – isso é o que faz ver o invisível.
Maria Montessori
Responsável pela coesão social, porque enseja a
reciprocidade nas relações humanas, a gratidão estimula
respostas das pessoas às ações altruístas.
À medida que a vida são alegrias e também deveres,
repito aos pais e a qualquer um que se ocupe de cuidar
de uma criança: é importante motivar já na infância a
atitude da gratidão.
Por considerar a gratidão um aspecto expressivo
na própria constituição da moralidade, a verdade é que,
para os nossos filhos, independente das nossas ações
(boas ou más), para realizar a autoeducação, eles se
orientam pelo o que nós fazemos, dificilmente
pelo o que nós dizemos. Logo, aquela
conhecidíssima questão: é possível ensinar a gratidão?
Com relação à gratidão no desenvolvimento infantil,
podemos sim, e com boa vontade, incentivar nosso filho a
agradecer pelo dia que começa, pelos momentos felizes
que enriquecem e alegram a nossa existência: um sábado
de sol para brincar livre, a sombra de uma majestosa
árvore no pátio da escola, jogar bola no parque durante
a tarde no domingo, quarta-feira – e um pedaço de bolo
caseiro na lancheira! O exercício frequente da gratidão
ajuda a criança assimilar que o mundo é um lugar bom
para viver e, dessa forma, ela tem mais chance de
integrar a gratidão ao seu comportamento cotidiano,
crescendo menos sujeita ao hábito de julgar, maldizer,
condenar…
Ninguém obriga ninguém a ser grato, mas se pontuamos
diante de nossos filhos o que nos faz viver e conviver
mais equilibrados, mais saudáveis, reconhecendo o valor
das pessoas e do mundo que nos cerca, revelamos a eles,
desde pequenos, a força positiva da gratidão.
Crianças que experimentam regularmente a gratidão,
crescem mais satisfeitas, mais resilientes, mais
felizes. Por isso, para a saúde do seu filho, insista,
por exemplo, no uso da expressão mágica “muito
obrigado”, incentivando-o a dizer “muito obrigado, mãe,
por fazer o meu jantar”; “muito obrigada, pai, por
descascar minha laranja”, “muito obrigado, pai e mãe,
por me levarem para passear no parque” etc. São atitudes
aparentemente simples, mas que gradativamente se
incorporarão ao comportamento da criança, promovendo
reciprocidade, gentileza, senso de cooperação.
Quando eu era criança, gostava muito de visitar os meus
avós. Eles moravam numa fazendinha – ali reses pastando
tranquilas, pessegueiros e lentamente um pinheiro a
querer furar o céu.
Encantava-me passar o dia a brincar livre, nadar no
riozinho, recolher os ovos das galinhas, comer pão com
geleia caseiros, ouvir minha avó desfiando histórias à
beira do fogão, o chimarrão na mesa – enchendo-nos de
susto, beleza e amor. E esse dia era sempre tão especial
que simplesmente me fazia correr em direção aos meus
avós para abraçá-los agradecida, uma dificuldade o
instante da despedida. Essa convivência rica, permeada
por doces visões, impregnava o meu ser e me ajudava
experimentar uma semana na qual eu me sentia
simplesmente mais alegre, mais corajosa, mais feliz.
Bem sei que no decorrer da vida é essencial gratidão e
entusiasmo à manutenção do bem-estar, da vitalidade. Por
isso, a gente deve buscar viver nutrido diariamente por
um sentimento de gratidão por tudo o que nos cerca, os
sapatos, o pão, pessoas amáveis, hortênsias festivas, a
face de Nosso Senhor.
Atenção, estamos no século XXI. No mundo da infância, o
aprendizado da gratidão continua vital à formação do ser
humano e do cidadão responsável, solidário e feliz...
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