Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Motivar a gratidão


A inteligência da criança observa amando e não com indiferença – isso é o que faz ver o invisível
. Maria Montessori


Responsável pela coesão social, porque enseja a reciprocidade nas relações humanas, a gratidão estimula respostas das pessoas às ações altruístas. 

À medida que a vida são alegrias e também deveres, repito aos pais e a qualquer um que se ocupe de cuidar de uma criança: é importante motivar já na infância a atitude da gratidão.

Por considerar a gratidão um aspecto expressivo na própria constituição da moralidade, a verdade é que, para os nossos filhos, independente das nossas ações (boas ou más), para realizar a autoeducação, eles se orientam pelo o que nós fazemos, dificilmente pelo o que nós dizemos. Logo, aquela conhecidíssima questão: é possível ensinar a gratidão?

Com relação à gratidão no desenvolvimento infantil, podemos sim, e com boa vontade, incentivar nosso filho a agradecer pelo dia que começa, pelos momentos felizes que enriquecem e alegram a nossa existência: um sábado de sol para brincar livre, a sombra de uma majestosa árvore no pátio da escola, jogar bola no parque durante a tarde no domingo, quarta-feira – e um pedaço de bolo caseiro na lancheira! O exercício frequente da gratidão ajuda a criança assimilar que o mundo é um lugar bom para viver e, dessa forma, ela tem mais chance de integrar a gratidão ao seu comportamento cotidiano, crescendo menos sujeita ao hábito de julgar, maldizer, condenar…

Ninguém obriga ninguém a ser grato, mas se pontuamos diante de nossos filhos o que nos faz viver e conviver mais equilibrados, mais saudáveis, reconhecendo o valor das pessoas e do mundo que nos cerca, revelamos a eles, desde pequenos, a força positiva da gratidão.

Crianças que experimentam regularmente a gratidão, crescem mais satisfeitas, mais resilientes, mais felizes. Por isso, para a saúde do seu filho, insista, por exemplo, no uso da expressão mágica “muito obrigado”, incentivando-o a dizer “muito obrigado, mãe, por fazer o meu jantar”; “muito obrigada, pai, por descascar minha laranja”, “muito obrigado, pai e mãe, por me levarem para passear no parque” etc. São atitudes aparentemente simples, mas que gradativamente se incorporarão ao comportamento da criança, promovendo reciprocidade, gentileza, senso de cooperação.

Quando eu era criança, gostava muito de visitar os meus avós. Eles moravam numa fazendinha – ali reses pastando tranquilas, pessegueiros e lentamente um pinheiro a querer furar o céu.

Encantava-me passar o dia a brincar livre, nadar no riozinho, recolher os ovos das galinhas, comer pão com geleia caseiros, ouvir minha avó desfiando histórias à beira do fogão, o chimarrão na mesa – enchendo-nos de susto, beleza e amor. E esse dia era sempre tão especial que simplesmente me fazia correr em direção aos meus avós para abraçá-los agradecida, uma dificuldade o instante da despedida. Essa convivência rica, permeada por doces visões, impregnava o meu ser e me ajudava experimentar uma semana na qual eu me sentia simplesmente mais alegre, mais corajosa, mais feliz.

Bem sei que no decorrer da vida é essencial gratidão e entusiasmo à manutenção do bem-estar, da vitalidade. Por isso, a gente deve buscar viver nutrido diariamente por um sentimento de gratidão por tudo o que nos cerca, os sapatos, o pão, pessoas amáveis, hortênsias festivas, a face de Nosso Senhor.

Atenção, estamos no século XXI. No mundo da infância, o aprendizado da gratidão continua vital à formação do ser humano e do cidadão responsável, solidário e feliz...

 

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita