Divaldo Franco: “A
fidelidade ao Espiritismo é para os espíritas um dever”
Na manhã do dia 24 de março, na bela cidade de Miami,
antecedendo a abertura da 8ª Conferência Anual da
Federação Espírita da Flórida, Divaldo Pereira Franco,
atendendo ao convite da federação espírita local, na
pessoa da irmã Andreia Marshall-Netto, esteve reunido
com os espíritas da Flórida e de vários outros estados
americanos, bem como do Canadá e de outros países
latinos, para uma conversa fraterna sobre o quotidiano
das instituições espíritas.
Foi uma oportunidade relevante para usufruir da larga
experiência do querido irmão e orador espírita,
angariada ao longo de mais de setenta anos dedicados à
causa do Cristo e da divulgação da Doutrina Espírita.
Divaldo chamou a atenção sobre vários aspectos, cuidados
que devemos ter no dia a dia das instituições espíritas,
evitando-se trazer para nossas casas espíritas terapias
alternativas, que transformem os centros espíritas em
policlínicas, trazendo apêndices para a doutrina, que
são totalmente dispensáveis, gerando propostas
perturbadoras. Nosso líder é Jesus, afirmou, não
necessitamos de mais nada.
Fez, em seguida, uma ampla e profunda análise sobre a
vida e obra do insigne mestre lionês Allan Kardec,
ressaltando a universalidade dos ensinos dos espíritos.
Afinal, a mensagem da Doutrina Espírita vem do alto e se
adapta às nossas condições. A proposta, sugeriu o
incansável palestrante, é reflexionarmos sobre a
fraternidade, sobre qual herança iremos deixar para as
próximas gerações.
Após breve intervalo, Divaldo respondeu às perguntas
formuladas pelos presentes, enriquecendo a todos com
suas experiências vividas ao longo dos anos.
Divaldo constitui-se em um grande exemplo para todos
aqueles que nos consideramos espíritas, especialmente
para os trabalhadores dos centros espíritas, pelo
cuidado, pelo zelo que tem com os conteúdos
doutrinários, enfatizando sempre a importância de
estudarmos as obras básicas da codificação, conhecermos
a vida e a obra de Allan Kardec, bem como o estudo
aprofundado das obras consideradas clássicas do
Espiritismo, como as de Alexandre Aksakof, Léon Denis,
Ernesto Bozzano, Camille Flammarion, e modernamente de
Joanna de Ângelis, Manoel Philomeno de Miranda, entre
outros.
Ao encerrar o encontro, num clima de fraternidade
verdadeira, Divaldo sugeriu aos presentes: “Não deixemos
que o Espiritismo se transforme num campo de divisões. A
fidelidade ao Espiritismo é para os espíritas um dever”.
Findos os trabalhos, todos saíram dali renovados de
bênçãos de paz e harmonia, preparados para o início da
Conferência, que começaria pouco depois.
A Doutrina Espírita é de uma beleza que nos preenche a
alma e nos plenifica. (Divaldo
Franco)
Na tarde do dia 24 de março teve início a 8ª Conferência
Anual da Flórida, que contou com a participação de
Divaldo Franco e dos palestrantes Haroldo Dutra Dias,
Sérgio Lopes e Alberto Almeida, que falaram a uma
plateia atenta constituída de 600 pessoas.
No final da tarde foi a vez de Divaldo Franco falar e
apresentar, também, a sua valorosa contribuição,
discorrendo sobre as leis que regem as vidas de todas as
criaturas e as leis morais. Utilizando-se da mitologia
grega, apresentou a figura de Narciso,
evidenciando a necessidade do mergulho em si mesmo, a
importância do autoencontro. Citando o importante
trabalho do psicólogo e filósofo russo Pedro
D. Ouspensky (1878-1947), asseverou que o
ser humano, na sua generalidade, não se conhece.
Na sequência, Divaldo abordou amplamente as Leis de
Destruição e de Conservação, esclarecendo que a Lei de
Destruição faz parte da própria Lei de Conservação, e
que acima de todas está a Lei de Amor, regendo todas as
demais Leis Morais.
O médico e escritor escocêsArchibald
Joseph Cronin (1896-1981), em começo de
carreira, foi chamado para atender uma menina vítima de
difteria, tornando-se célebre no século XX, após ter
perdoado a enfermeira que recebeu a alcunha de “o anjo
da noite”. Com essa belíssima narrativa, sensibilizando
os presentes, Divaldo Franco convidou a todos, a exemplo
de Cronin,
ao exercício do perdão, concedendo novas oportunidades,
uma necessidade de todos, pois que a pouca evolução do
homem exige sempre o recomeço, buscando o acerto.
Em citando Voltaire (1694-1778), escritor, ensaísta e
filósofo iluminista francês, Divaldo destacou a seguinte
afirmativa dele: “Eu não creio no Deus que os homens
criaram, creio no Deus que criou os homens”. Mergulhando
logo em seguida em O Livro dos Espíritos, ele
sublinhou o seu significado e a sua importância na vida
de todos os espíritas e simpatizantes, evidenciando ser
essa uma obra atual, mesmo diante do passar de várias
décadas.
“A Doutrina Espírita – afirmou ele – é de uma beleza que
nos preenche a alma e nos plenifica.” Tudo na vida se
renova, a humanidade está diante de uma mudança radical;
assim, nesta hora a criatura humana deve tornar-se
exemplo de mudança para melhor. Não tenhamos vergonha de
dizer-nos espíritas, posicionemo-nos, como propôs o
nobre Espírito Emmanuel:
- Seja o nome do teu nome espírita.
Após rápido intervalo, os palestrantes do evento
responderam com carinho e deferência às indagações do
público presente, encerrando desse modo o dia de júbilos
pelas oportunidades de esclarecimentos e convívio
fraternal.
Todos nós temos sede de amor e de paz. Acordemos
para a nossa realidade espiritual, ato contínuo, amemos
e amemo-nos, ninguém se arrependerá por amar e perdoar. (Divaldo
Franco)
Na tarde de domingo, 25 de março, após as exposições de
Haroldo Dutra Dias e Alberto Almeida, Divaldo Franco
discorreu sobre a evolução do pensamento humano e a
construção do homem ético e moral, encerrando, então,
mais uma edição da Conferência Espírita da Flórida.
O ilustre orador fez bela e instrutiva abordagem sobre a
ética e a estética, desde recuada época, passando por
Platão e Aristóteles, asseverando que ainda na
atualidade a estética tem um papel fundamental, porém
por si só ela não pode preencher a criatura humana. Para
abastecer a alma é necessário acrescentar mais um
elemento: a Ética, aquilo que pode ser uma diretriz para
o amor. A estética do pensamento de Jesus é a harmonia
que deflui das suas palavras; afinal, a ética
fundamental da vida é o AMOR. A ética do Espiritismo é
de natureza estética, ou seja, a CARIDADE.
Como de hábito, ilustrando suas abordagens para mais
fácil compreensão por parte do público, Divaldo
apresentou a bela história
de Axel
Martin Fredrik Munthe (1857-1949), médico,
psiquiatra e escritor sueco, que se caracterizou por sua
ética médica. Sua obra mais famosa é The Story of San
Michele (O Livro de San Michele), publicada
em 1929.
Como sempre faz em suas exposições doutrinárias, Divaldo
chamou muito a atenção para o papel dos pais na educação
dos filhos, destacando que, na atualidade, se está
perdendo o contato entre filhos e pais, em razão dos
meios eletrônicos. A criança, frisou, precisa brincar, é
o período lúdico, é necessário conviver para que ela se
desenvolva através da convivência, sendo criança com ela
e como ela mesma, convivendo sem a tecnologia, que, na
maioria das vezes, aprisiona e subtrai o período
infantil.
Através dos postulados espíritas podemos compreender a
pulcritude dos ensinamentos de Jesus, afinal o
Espiritismo é Jesus de volta. Ao encerrar a conferência,
o incansável seareiro do Cristo, tocando os corações,
sensibilizou a todos, afirmando que quase todos nós
temos sede de amor e de paz. Desejou que os dias possam
ser aureolados das bênçãos que vêm de dentro. Não
passemos pelo mundo, “coisificados”. Acordemos para a
nossa realidade espiritual, ato contínuo, amemos e
amemo-nos, ninguém se arrependerá por amar e perdoar –
tais foram as palavras finais do estimado orador.
Nota do Autor:
As fotos que ilustram esta reportagem são
de Mayra Cortés e Jaqueline Medeiros.