Chico se sentia sob vigilância permanente. Emmanuel,
Rômulo Joviano, os jornalistas acompanhavam seus passos
a cada instante. Os espíritas estavam
atentos a qualquer tropeço seu. Numa das visitas à
cunhada Geni Pena, no hospício em Belo Horizonte, ele
foi visto de braços dados com uma mulher. O boato se
espalhou. O autor do Parnaso de Além-Túmulo,
porta-voz de Humberto de Campos na Terra, estaria
perdendo tempo com um romance! Um médium chegou a
divulgar longa carta ditada a ele por um espírito
indignado com o namoro de Chico Xavier. O mineiro, então
com 32 anos, tinha uma missão, o Espiritismo, e deveria
se dedicar a ela por inteiro.
Uma comissão, formada por três amigos de Chico, foi a
Pedro Leopoldo levar conselhos e voltou com uma
explicação.
A tal mulher, motivo de tanta polêmica, era sua irmã
Zina Xavier Pena. Ele se amparava nela para andar com
mais segurança. Seu olho doía demais e ele enxergava
cada vez menos.
Naquele tempo, Chico já tinha colocado uma frase
atribuída a Emmanuel na cabeça: De que vale o perfume
preso em um frasco? Ou seja: de que valeria Chico Xavier
preso a uma mulher? Ele deveria se dedicar a multidões.
Devia estar à disposição de todos. Sua família era a
humanidade.
Do livro As Vidas de Chico Xavier, de Marcel
Souto Maior.
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