Entre os Dois
Mundos
(Parte 35)
Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do
livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria de
Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P.
Franco no ano de 2004.
Questões preliminares
A. De que modo Eduardo chegou ao lar do médium Izidro?
Eduardo, o obstinado e
soberbo perseguidor do médium, foi aceito ali como
cooperador, menino para recados, depois estudante
modesto, conseguindo um título universitário a duras
penas, em face dos seus limites mentais, transtornos
emocionais e psíquicos. Embora formado, não conseguia
exercer a profissão em razão de sua inabilidade, sendo
ajudado pelos amigos do médium que tentavam
minimizar-lhe a penúria econômica.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 22: O despertar coletivo de consciências.)
B. Por que Marcondes foi morar com o médium?
Ele foi morar com Izidro
porque, ao ser encontrado pelo médium, ele vivia em uma
situação lastimável: solidão, perturbação esquizofrênica
e conflitos sexuais profundos o atormentavam. Izidro
resolveu, então, distender-lhe mão fraterna e socorrista.
Após muitos trâmites com a família do amigo, que lhe
transferiu com facilidade a carga, ei-lo hospedado
no seu lar, ampliando a área de conflitos e tumultos com
Eduardo, o soberbo e obstinado perseguidor.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 22: O despertar coletivo de consciências.)
C. Como era o ambiente espiritual na Casa Espírita antes
de iniciar-se a reunião?
Normal no recinto da
reunião; confuso e caótico no lado externo da
instituição. Os comparsas desencarnados de Eduardo riam
às escâncaras, desfrutando da situação, enquanto
dirigiam doestos e acusações aos que se acercavam do
ambiente, cansados uns, enfermos outros, expectantes os
demais. Do lado de fora da Casa Espírita, uma multidão
de desordeiros desencarnados provocava crescente onda de
perturbação, às vezes alcançando visitantes
imprevidentes ou portadores de distúrbios de
comportamento, de obsessões, que se transformavam em
presas fáceis para as suas armadilhas.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 22: O despertar coletivo de consciências.)
Texto para leitura
315. O gentil
Mentor silenciou, concatenando as ideias e depois deu
continuidade à narração: “Não é importante detalhar como
Eduardo foi identificado e as circunstâncias através das
quais veio morar no seu lar... A verdade é que foi
aceito como cooperador, menino para recados, depois
estudante modesto, conseguindo um título universitário a
duras penas, em face dos seus limites mentais,
transtornos emocionais e psíquicos. Não tem podido
exercer a profissão em razão da inabilidade, sendo
ajudado pelos amigos do médium que tentam minimizar-lhe
a penúria econômica... Nesse comenos, nosso caro Izidro
reencontrou antigo afeto que se perdera nos labirintos
da reencarnação, agora no corpo físico, novamente em
situação lastimável: solidão, perturbação
esquizofrênica, conflitos sexuais profundos que o
atormentam. Resolveu-se, devotado, por distender-lhe mão
fraterna e socorrista. Após muitos trâmites com a
família do amigo, que lhe transferiu com facilidade a
carga, ei-lo hospedado no seu lar, ampliando a área de
conflitos e tumultos com Eduardo, o soberbo e obstinado
perseguidor”.
(Entre os dois mundos. Capítulo 22: O despertar coletivo
de consciências.)
316. Prosseguindo a
narrativa, o Mentor acrescentou: “Atualmente, enquanto
Marcondes, o amigo aflito e gentil, é vítima de
periódicas manifestações esquizofrênicas que o levam a
internamentos temporários, Eduardo banqueteia-se na
dominação da casa e nas atitudes grosseiras em relação
aos amigos do seu benfeitor, mudando de conduta somente
em relação àqueles que lhe compreendem a psicologia e o
remuneram generosamente. Essa é a situação lamentável,
para a qual recorremos ao amigo e aos seus
cooperadores”. Terminada a explicação, ele acrescentou,
penalizado: “Eduardo acaba de chegar”.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 22: O despertar coletivo de consciências.)
317. Manoel Philomeno e
seus companheiros saíram, acompanhando o instrutor
espiritual, que não necessitou indicar quem era o
adversário do bem. Colérico e atormentado, assinalado
por complexo de inferioridade que procurava disfarçar
com a presunção, Eduardo apresentava a fácies típica do
esquizoide. Automaticamente reclamou com os enfermos,
enfureceu-se com algumas crianças irrequietas,
adentrou-se pela cozinha e, com sorriso sarcástico,
dirigiu-se a algumas senhoras que ali laboravam,
espicaçando-as: “Conquistando o Reino dos Céus com os
miseráveis da Terra, não?” As servidoras, que o
conheciam, sorriram algo desconcertadas, enquanto uma
delas, também atormentada, rilhou entre dentes
semicerrados: “Chegou o satanás!” Todas se entreolharam,
sorriram e continuaram a faina, enquanto ele, inquieto e
hostil, saiu, fiscalizando o ambiente.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 22: O despertar coletivo de consciências.)
318. As maneiras bruscas e
intempestivas de que dava mostras expressavam o
aturdimento emocional e a instabilidade mental de que
se encontrava possuído. Ele parecia comprazer-se em
inspirar animosidade, antipatia. Chamou, porém, a
atenção de Manoel Philomeno o acompanhamento espiritual
de baixo teor vibratório, constituído por verdadeira
chusma de irresponsáveis desencarnados e de perversos
obsessores, que se lhe utilizavam para a convivência da
insensatez.
(Entre os dois mundos. Capítulo 22: O despertar coletivo
de consciências.)
319. Àquele momento, quase
meio-dia, estavam chegando pessoas de outras cidades
que acorriam à Instituição, na esperança de um contato
com o médium generoso, a fim de beneficiar-se de algumas
instruções ou socorro espiritual, por meio de alguma
página de seres queridos que se encontravam na
erraticidade. Depois de censurar uns e repreender outros
visitantes, que se submetiam humildes às suas
extravagâncias emocionais, foi postar-se à porta de
entrada, assumindo a figura de vigilante insensível,
exclusivamente para maltratar os necessitados que se
encaminhavam ao núcleo de amor. Seus comparsas
desencarnados riam às escâncaras, desfrutando da
situação caótica, enquanto dirigiam doestos e acusações
aos que se acercavam do ambiente, cansados uns, enfermos
outros, expectantes os demais. Inspiravam piedade o seu
comportamento agressivo e a carantonha, que formavam um
conjunto próprio para inspirar receio.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 22: O despertar coletivo de consciências.)
320. Do lado externo da
Casa Espírita, uma multidão de desordeiros desencarnados
provocava crescente onda de perturbação, às vezes
alcançando visitantes imprevidentes ou portadores de
distúrbios de comportamento, de obsessões, que se
transformavam em presas fáceis para as suas armadilhas.
Inegavelmente, um grande número de entidades dedicadas
ao bem vigiava as instalações e tomava providências
saneadoras do mal e impeditivas de invasão do recinto
pela malta infeliz. Àquele momento, a sopa começou a ser
servida entre preces sinceras e tormentos dos
beneficiários.
(Entre os dois mundos. Capítulo 22: O despertar coletivo
de consciências.)
321. Duas horas após, e o
serviço de alimentação estava encerrado. As mesmas
pessoas laboriosas e gentis encarregaram-se da limpeza
da área, preparando-a para o ministério que teria lugar,
logo mais, à noite. Eduardo continuava no posto de
vigília, ocioso e explorador. Cercado por alguns
sequazes do mesmo nível moral, deliciava-se em contar
anedotas picantes, em cuja arte se esmerara, não
deixando de dirigir apontamentos cínicos em relação
àqueles que já se aglomeravam em volta da pequena sala
de sessões, anelando por paz e iluminação.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 22: O despertar coletivo de consciências.)
322. Às 19h chegaram o
médium Izidro, Marcondes e devotado amigo que os
trouxera de automóvel. Marcondes, embora se apresentasse
com aparência simpática, não ocultava os conflitos
pessoais nos quais se debatia. Acompanhava o amigo com
imensa ternura e sentimento profundo de gratidão.
Quando o pequeno grupo atravessou o portão lateral em
que Eduardo se instalara voluptuoso, a fim de impedir
que por ali se adentrassem pessoas que aguardavam o
médium, ironizou Marcondes, com habilidade, a fim de
desestabilizá-lo emocionalmente, o que não conseguiu,
porque Izidro desviou a flechada com refinada
jocosidade. Era visível o estado de deperecimento do
médium, que se apresentava pálido, enfraquecido,
necessitado de apoio vigoroso para caminhar, desanimado
e triste. Nada obstante, quando a multidão de amigos e
de simpatizantes o viu e o saudou, ele esforçou-se por
corresponder à expectativa, abrindo-se como um botão de
rosa ao cálido beijo do sol. Sorriu, jovial e amigo,
assimilou as energias de ternura e de afeto que lhe
eram dirigidas, renovando-se e, quando chegou à mesa,
ocupando o lugar que lhe era destinado, parecia
rejuvenescido, revigorado.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 22: O despertar coletivo de consciências.)
323. A reunião obedecia
aos padrões exarados pelo Espiritismo: a prece de
abertura, a leitura de O Evangelho segundo o
Espiritismo e de O Livro dos Médiuns, ambos
de Allan Kardec, a fim de servirem de temas para os
comentários da noite, e de imediato, a captação de
mensagens psicografadas por alguns poucos médiuns sob a
experiência do servidor abnegado. O Mentor espiritual
providenciara com antecedência quais os comunicantes
que poderiam vir atender às necessidades familiares e os
convidados especiais para as mensagens iluminativas de
maior responsabilidade, todos ali presentes aguardando o
programa estabelecido. Nada de improvisações, nem de
surpresas.
(Entre os dois mundos. Capítulo 22: O despertar coletivo
de consciências.)
324. Em sala contígua, uma
equipe de dedicados médiuns curadores entregava-se ao
mister do passe e da fluidificação da água, diminuindo
as aflições e os sofrimentos dos pacientes que os
buscavam. Enquanto isso, na parte externa da sala,
dentro mesmo dos muros da Instituição, Eduardo, sem o
menor respeito pelo que se desenvolvia no recinto,
prosseguia com a súcia, promovendo comentários
depreciativos e anedotário grosseiro, coroando as
expressões doentias com gargalhadas estrídulas.
Tratava-se, sem dúvida, toda aquela área de um campo de
batalha espiritual.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 22: O despertar coletivo de consciências.)
325. A mediunidade exuberante de Izidro, as intenções
enobrecidas dos membros da Instituição e de muitos
visitantes atraíam formosos mensageiros da luz,
despertando, também, muitas consciências ultrajadas, que
estorcegavam no
além-túmulo
entre
arrependidas e desejosas de reparação, ao tempo em que
provocavam a fúria de terríveis adversários da
Humanidade. Havia campos vibratórios específicos para o
trânsito de uns como de outros desencarnados, de modo
que as emissões mentais negativas não criassem
dificuldade ao ministério que deveria ser realizado com
segurança e disciplina. De acordo com as disposições
interiores, os visitantes que se adentravam no
ambiente, sintonizavam as faixas vibratórias que os
defendiam, conforme o cultivo dos pensamentos, os
hábitos, as palavras e as ações que lhes eram
peculiares, ou permaneciam expostos à própria sorte.
(Entre os dois mundos. Capítulo 22: O despertar coletivo
de consciências.)
326. Alguns obsidiados também rondavam as cercanias sob
o comando dos seus algozes. Outros eram conduzidos por
benfeitores do Mundo Maior que os traziam, a fim
de que se pudessem beneficiar. Em dado momento, adentrou
o recinto uma estranha figura humana, que misturava a
feiura à miséria econômica e social. Coberto de
andrajos, muito sujo e parecendo hebetado,
conseguiu
vencer as dificuldades que o separavam da mesa mediúnica
e foi-se chegando até ficar próximo do médium Izidro em
transe profundo. Em ali estando, enquanto produzia certo
mal-estar nas pessoas que lhe estavam perto, ele
começou a harmonizar-se, sintonizando o seu pensamento
no médium e reflexionando nos painéis da mente em
despertamento...
(Entre os dois mundos.
Capítulo 22: O despertar coletivo de consciências.)
327. Ei-lo chegado –
pensava triste – das extravagâncias suntuosas do poder e
do prazer, de que se utilizara desastradamente, para a
aprendizagem na penúria em que se encontrava. De
príncipe poderoso à ralé desprezível, rejeitado e
anatematizado por quase todos, recuperando-se na
vigorosa expiação. Ali experimentava paz e refazia-se, a
fim de suportar as refregas necessárias ao reequilíbrio.
Desde quando começaram os labores mediúnicos, Izidro,
portador de faculdade ostensiva e vigorosa, com muita
facilidade no trânsito do desdobramento, liberou-se
parcialmente do corpo e passou a cooperar com os
mentores na realização espiritual. Exteriorizava
peregrina luz e demonstrava grande elevação, que a
todos nos cativou. O Benfeitor do grupo de que Philomeno
fazia parte acercou-se-lhe, conduzido pelo seu Guia
espiritual e, após a apresentação fraternal, entreteceu
agradável conversação, de que todos fizeram parte.
(Entre os dois
mundos. Capítulo 22: O despertar coletivo de
consciências.)
(Continua no próximo número.)